No release sobre o Kia Cerato, um dos comentários que fiz afirmava ser o Honda City, seu concorrente mais direto, um dos carros mais desonestos vendidos no Brasil. Mas mesmo com todas as informações que recebi, especialmente depois da cotação de preços, e crendo com veemência que o comentário fez total sentido, fiquei com a pulga atrás da orelha. E se ele não fosse tão ruim assim? E se eu estivesse sendo injusto?
Resolvi testar. Para equiparar os preços, escolhi a versão LX mecânica (R$ 56.210,00), já que a automática faria este valor subir R$ 4.000,00 (nota: as fotos são da versão EX-L). A princípio, posso destacar positivamente o atendimento da concessionária Daitan, na Av. Jabaquara. O consultor foi muito paciente, educado e prestativo, além de demonstrar ter sido muito bem treinado para vender o City. O problema é que nem o melhor treinamento consegue vender um produto que não vale quanto pesa – e não há melhor descrição para ele.
Não existe argumento racional que convença um consumidor consciente de comprar o City. Não é que ele não seja bom; ele é. Analisando friamente, é um carro muito bem construído, bem acabado e que anda bem. Seu portamalas, por exemplo, faz o Civic passar vergonha: são 506 litros de capacidade (dado de fábrica), com um vão largo de entrada e abertura interna. Mas, por esse preço, você espera, no mínimo, articulações pantográficas e um acabamento decente. O assoalho, por exemplo, é forrado por um carpete fino, solto por cima de um pedaço de compensado de madeira recortado no formato do portamalas, que recobre o estepe com roda de aço em vez de alumínio.
Como itens de série, o comprador leva ar condicionado, direção eletrohidráulica, vidros elétricos nas 4 portas (com one-touch somente para o motorista), travas e retrovisores elétricos, alarme, CD player com MP3, airbag duplo, computador de bordo e rodas de alumínio aro 15. ABS, porém, somente na versão EX, que custa R$ 61.650,00 com câmbio manual. Seu acabamento, como já foi dito, não é ruim, mas os plásticos são inferiores aos do Civic e o layout interno é absolutamente impessoal. Quando se acostuma com o painel do Civic, qualquer coisa com preço semelhante e que não tenha o mesmo arrojo e a mesma qualidade de materiais fica parecendo desleixo. A seção central, por exemplo, que abriga o CD player (imenso) e os controles do ar condicionado, parece uma aparelhagem de som de Taiwan, que não deixa de ser bonita, mas se for retirada do painel ninguém vai saber dizer a qual carro pertence.
Seu desempenho foi satisfatório na cidade. O rodar do City não lembrou nem tanto a suavidade do Fit nem a esportividade do Civic; neste aspecto, a Honda conseguiu dar ao City certa personalidade, própria para o seu biotipo. Sua suspensão é boa e filtra bem as imperfeições do asfalto, mas aproveitando uma rua mais longa e sem movimento para dar uma acelerada maior, percebi certa aspereza acima de 3.500 rotações, com mais ruído interno do que o razoável para um carro de sua categoria e tendo ainda esperado um pouco mais de “puxada” de um motor tão moderno. Fora isso, senti falta do marcador de temperatura do motor, substituído por uma luz-espia de cor azul que fica acesa até o motor atingir a temperatura ideal de funcionamento – disse o consultor. A Honda confia tanto na qualidade de seus motores que acredita que eles nunca vão superaquecer. Que bom.
A Honda diz querer estabelecer um novo padrão para o segmento de sedãs pequenos premium no Brasil. Ninguém duvida que isso seja possível, mas há 2 condições: ou ela abaixa o preço do City – e aí sim, ele vai valer o quanto pesa e vai ser uma boa opção – ou as revendas passam a oferecer aos compradores saquê em vez de café ou água. Porque do jeito que está, com esse preço e comparado a sedãs maiores, mais equipados, com mais desempenho e mais personalidade, o City parece somente... Hm... Miojo. O sujeito pode até gostar, mas só até colocarem um prato de massa preparado em uma verdadeira trattoria italiana na frente dele.
Tamo aí na fita. Essa semana estou recebendo uma parcela do seguro desemprego e vou até a concessionária honda mais próxima comprar um honda city e botar prá lá.
ResponderExcluirEu achei o City lindo. O pecado do City é realmente o acabamento interno. O painel poderia ser mais luxuoso. Ano que vem quero comprá-lo.
ResponderExcluirgostaria que me ajudasse a escolher um bom carro para taxi, city ou focus ou qualquer outro.
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