NOVO KIA CERATO

Muitas vezes a relação entre homem e carro pode ser comparada às suas relações com as mulheres. Algumas são lindas, quase enlouquecem o sujeito, mas não são para casar – porque não são nada além de lindas. Outras não atraem à primeira vista, mas numa convivência de perto se mostram muito inteligentes, ótimas companheiras, amantes surpreendentes e amigas divertidíssimas. Podem não atrair os olhos, mas seguram o coração.


E quando se tira a sorte grande e se consegue encontrar uma mulher linda, charmosa, ótima companheira e amante fenomenal? Ok, nenhuma mulher é perfeita; ela tem seus defeitinhos, uns trejeitos esquisitos enquanto fala, um dedo do pé maior que o normal, a mãe dela é chata de doer... Mas você não se importa; vale à pena investir.

Pois é. Se mulher fosse carro, eu poderia dizer que o Kia Cerato cabe nesta descrição. Primeiro, porque é lindo. Se a Kia não o transformou numa referência em design, ao menos aproveitou muito bem o trabalho de Peter Schreyer (ex-projetista da Audi). Depois, porque tem uma presença inegável, se mostrando bem maior e mais imponente do que parece nas fotos. Como se não bastasse, é bem construído, bem acabado (há muito plástico na cabine, mas é de boa qualidade, sempre agradável ao toque e ótima aparência) e vem absolutamente completo: a lista de equipamentos da versão mais cara inclui tudo aquilo que já se está acostumado a ver em sedãs médios (ar, direção, trio elétrico, CD player, etc.), mais freios a disco nas 4 rodas (de 16 polegadas ou opcionais de 17) com ABS e EBD, airbag duplo, computador de bordo e câmbio automático. Ah, o ar condicionado é digital. Tudo isso por preço de sedã médio de entrada, R$ 57.900,00, e com 5 anos de garantia.

Numa comparação rápida e direta com alguns modelos temos o Vectra, que é mais barato mas não oferece airbag, ABS, CD player ou computador de bordo; o Sentra, que traz ABS e airbag, mas tem ar condicionado analógico e rodas com calotas; e o que chega mais perto na lista de equipamentos de série, o Focus Sedan – também com ar analógico, mas desta vez com o motor mais potente dentre todos os citados aqui. Em tempo: nenhum sedã médio oferece câmbio automático por menos de 60 mil reais.

Alguém pode dizer que o Kia Cerato, por ter motor 1.6 e somente à gasolina, não pode ser tão bom assim. Afinal, comprador de sedã médio espera desempenho superior e, hoje em dia, montadora sem versão flex em seu portfólio, em qualquer segmento, pode esperar vendas menores. Bem, o Focus também não é Flex, mas é mais potente. Mesmo assim, o Cerato tem o motor 1.6 mais potente à disposição em nosso mercado: são 126 cv e 15,9 mkgf de torque, mais que suficientes para se manter uma velocidade de cruzeiro sem precisar “esgoelar” o motor, e que ainda é bastante econômico (15,4 km/l de gasolina na estrada, versão automática, dados de fábrica). Em consumo, o Cerato é igual ou superior à concorrência quando esta roda somente com gasolina. Quem, no entanto, prefere mais potência pode abrir mão de algum item de conforto e da maior garantia do Cerato em favor dos 140 cv do Vectra, dos 143 cv do Sentra ou dos 145 cv.

E quanto ao Honda City, declaradamente o principal concorrente do Cerato? Bem, poucas vezes vi um carro tão desonesto: em sua versão de entrada ele oferece o trivial ar-direção-trio, sendo que o ar é analógico, o ABS não está presente e quem quiser uma versão automática vai ter que partir para a versão superior, com preço equivalente ao do meio-irmão Civic – este, sim, verdadeiro concorrente do Cerato em porte e proposta. Por isso, em relação ao City, faço como a personagem Copélia, do seriado “Toma Lá Dá Cá”, da Rede Globo: “PREFIRO NÃO COMENTAR”.

Vectra Expression 2.0 8v – a partir de R$ 54.942,00
Honda City – a partir de R$ 56.210,00
Nissan Sentra 2.0 – a partir de R$ 56.290,00
Ford Focus Sedan – a partir de R$ 57.855,00
Kia Cerato Automático – preço máximo de R$ 57.900,00