segunda-feira, 14 de novembro de 2011

CHEVROLET CRUZE LTZ – PRIMEIRAS IMPRESSÕES




Só a Chevrolet não via, mas o consumidor brasileiro não é o mesmo de 10 ou 20 anos atrás. Enquanto isso, ela teimava em oferecer uma linha de modelos ultrapassada e pouco atraente para um público cada vez mais exigente. Até o Agile, que tinha como principal objetivo mostrar uma revolução dentro da marca quando foi lançado, acabou se tornando pivô de discussões acaloradas em comunidades e fóruns na Internet por causa de seu design controverso – e a tentativa de reerguer a moral da marca no Brasil acabou um pouco frustrada.



Com o Chevrolet Cruze a história tem tudo para ser diferente. O primeiro modelo lançado dentro da estratégia de renovação total da linha GM nacional rompe com a mesmice dos últimos anos, se colocando em pé de igualdade com outros lançamentos recentes do mercado. A começar pelo design, que se não é revolucionário, pelo menos é bastante correto, proporcional e fluente. O Cruze é maior do que aparenta ser nas fotos – o que é bom – e a opção de rodas de 17 polegadas em ambas as versões contribui para a coesão do design. Sim, ele é bonito.


Com a chave no bolso da camisa, me aproximo do Cruze e as portas são destravadas ao simples toque de meu polegar na maçaneta. Dentro, um novo mundo: o excelente acabamento, o layout moderno e a ótima ergonomia em nada lembram o Vectra. Ajusto banco e volante, e meu metro e noventa encontra espaço mais que suficiente. Todos os comandos estão à mão. Para dar a partida, aperto o botão Start/Stop no painel: outra vez a chave é desnecessária. Pouco ruído invade a cabine, só o suficiente para eu saber que o motor Ecotec6 acordou. O dia está quente; o ar condicionado digital resfria a cabine rapidamente. Câmbio em D, parto para o test-drive.


A eficiência do sensor crepuscular do Cruze é logo comprovada quando passo por um trecho coberto na saída da concessionária: ao menor sinal de queda da luminosidade os faróis acendem prontamente. Saio do pátio e piso de leve no acelerador. O ruído continua baixo, graças às poucas rotações do motor – o câmbio trata de mantê-las baixas para garantir economia no trânsito, efetuando trocas rapidamente e de modo imperceptível. Neste aspecto ele lembra bastante o Volkswagen Jetta, também com um excelente câmbio automático sequencial de 6 marchas. A suspensão é suave e filtra bem as imperfeições do asfalto, sem ruídos ou trancos apesar dos pneus 225/50. Os ótimos bancos forrados em couro (de cor clara, no carro avaliado) complementam o trabalho da suspensão e proporcionam conforto e segurança dentro do esperado para o segmento.


Aproveito uma reta e acelero o Cruze. A Chevrolet acertou em cheio ao equipa-lo com a transmissão automática de 6 marchas importada do México (o câmbio manual é austríaco); o trabalho do câmbio é perfeito e as marchas são trocadas sem dramas. Desta vez, o barulho metálico do motor Ecotec6 é menos discreto; concorrentes como Corolla, Civic, Fluence e 408 são mais eficientes quanto ao revestimento acústico. O sedã ganha velocidade com disposição, mostrando que os 18,9 kgfm de torque a 3.800 rpm são mais que suficientes para o porte do carro – ainda que o tempo de aceleração divulgado pela GM pareça maior na prática.


A velocidade aumenta e a impressão de solidez se mantém, bem como o conforto de rodagem. Uma curva, duas curvas. Três, e desta vez é mais fechada. Não alivio o pé; o Cruze se mantém aristocraticamente firme, sem rolagem. Não espero desempenho esportivo; apenas a sensação de segurança de um pai de família, à qual ele corresponde bem. O Cruze lembra mais, neste aspecto, um carro japonês ou – como ele é em parte - coreano. Seu design foi responsabilidade da Daewoo e lá ele foi lançado como Lacetti, antes mesmo de se tornar um Chevrolet. Mas ele não deve decepcionar os admiradores da linha Vectra, muito pelo contrário. Sua plataforma é uma variação da plataforma do Astra europeu, que por sua vez é uma evolução da plataforma usada pelo Vectra e Zafira. O resultado agrada.


Enquanto isso, aproveito para avaliar a qualidade do sistema de áudio. O tempo limitado do test-drive não permite aferir todas as features do sistema - inclusive o GPS integrado -, mas o resultado sonoro é bom e de fácil equalização. Some a isso os demais equipamentos de série, o conforto de rodagem e o bom desempenho do Cruze, e a comodidade para todos os ocupantes – caso tenham estatura mediana – estará garantida. Sim, porque apesar da distância entre-eixos de 2,68 metros não haverá espaço suficiente para as pernas no banco traseiro se os dianteiros estiverem totalmente recuados, o que pode ser corriqueiro para condutores de estatura mais alta. Além disso, para um sedã com proposta familiar, a capacidade de 450 litros no porta-malas, ainda que se assemelhe à do Corolla e supere a do Sentra, Elantra e Civic, é bem inferior à de Focus Sedan, Fluence, Jetta, 408 e Pallas.


Ainda assim, são poucos os defeitos. O percurso não foi grande, mas no retorno para a concessionária concluo que trata-se realmente de um excelente produto, de qualidade mundial e com grande potencial de briga num segmento que tem se renovado constantemente e é um dos mais concorridos do mercado nacional. Bem-vindo, Cruze.

4 comentários:

  1. Beleza! Peguei meu no dia sabado em preto com ECO trim.

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  2. Comprei o meu ontem LTZ, 23/11/2011, fiz uma pequena viagem e o carro superou minhas expectativas. Um verdadeiro carrão, muito bom mesmo. Fiz teste drive em Corolla, Civic, elantra, Focus, entre outros e o Cruze foi o melhor custo beneficio que encontrei.

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    1. Olá, amigo. Estou na dúvida entre 3 sedans, Cruze, Jetta e Lancer. Vi pela internet muita gente metendo o pau no Cruze, dizendo que é barulhento, motor fraco e beberrão. Particularmente achei o Cruze mais bonito e também o mais barato. Diga-me, por favor: O que você achou do consumo e do barulho? Um abraço.

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  3. Olá! Bem, sugiro a leitura do post com link abaixo:

    http://www.racionauto.blogspot.com.br/2012/01/renault-fluence-e-quatro-rodas.html

    Lá, ao final do post, você encontrará uma grande tabela com notas para os mais diversos itens avaliados no teste de Quatro Rodas com os principais sedãs médios de nosso mercado. De todas as formas, esclarecendo sua dúvida sobre consumo (o Lancer não foi avaliado e a Mitsubishi continua com a postura de não emprestar carros para teste), no teste de QR foi constatado um custo por km rodado de R$ 0,209 para o Cruze e de R$ 0,20 para o Jetta. Quanto ao nível de ruído, o Jetta também foi superior, com média de 60,45 dB em vários regimes de velocidade, enquanto o Cruze registrou média de 61 dB nas mesmas condições. É bom lembrar, no entanto, que o motor do Jetta é um 2.0 8v Flex bem antiquado, que gera somente 116/120 cv de potência (relação peso x potência de 11,4 kg/cv), enquanto o motor do Cruze é um avançado 1.8 16v Flex que gera 140/144 cv (relação peso x potência de 10,35 kg/cv). Boa compra!

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