ALTA RODA - Fernando Calmon
Buick Encore |
Dodge Dart |
Ford Fusion |
O Salão do Automóvel de Detroit (14 a 22 de janeiro) ainda não recuperou todo o espaço ocupado anteriormente nos tempos de opulência em razão da desistência de algumas marcas europeias e japonesas. No entanto, marcou tendências interessantes e consolidou o avanço em direção de automóveis um pouco menores e motores mais econômicos.
Exemplo vem do novo Fusion. Além de se unificar com o Mondeo europeu, a Ford fez a troca definitiva do motor V-6 de aspiração normal por um 4-cilindros turbo de 2 litros, com potência semelhante, maior torque e mais autonomia em km/litro. Esse médio-grande terá comercialização nos EUA e no Brasil quase simultânea, mas aqui também será oferecido um motor flex de 4 cilindros e 2,5 litros.
A Chrysler respondeu com o sedã Dart – nada a ver com o modelo que foi fabricado no Brasil –, aproveitando a mesma arquitetura do Alfa Romeo Giulietta/Fiat Bravo e motores de origem Fiat e Chrysler. Na realidade, é o sucessor natural do Neon, de tração dianteira, vendido também aqui. Como será produzido nos EUA não tem preço competitivo para ser importado.
Surpresa bem escondida pela GM foi o Buick Encore. Trata-se de um SUV compacto, com futura versão mais em conta da Chevrolet (menor que o Captiva) para brigar nos EUA com o Ford Escape. Sua arquitetura é a mesma do veículo pequeno global que deu origem ao Cobalt e, portanto, deve ser feito no Brasil para focar o novo EcoSport e o Renault Duster.
Em termos de estilo, parece que a moda dos faróis de grandes dimensões e formatos exóticos começa a perder força, resgatando a sua tradicional função de bem iluminar os caminhos. No Lincoln MKZ, no próprio Fusion e em outros, continuam como importantes elementos estéticos, porém sem exageros.
Dois carros-conceito da Chevrolet chamaram atenção. O Code 130 R, de tração traseira, compartilha a arquitetura do ATS, modelo com o qual a Cadillac decidiu dar combate aos Audi A4, BMW Série 3 e Mercedes Classe C. Já o Tru 140S é um exercício de desenho do que poderia ser o Cruze cupê.
Jornalistas brasileiros puderam testar os Sonics hatch e sedã. Na prática, isso confirma sua importação no segundo semestre, quando começará a fabricação no México. Como acontece com modelos argentinos, estará livre dos ônus de importados de outras origens, embora a GM continue a falar em “estudos”. O Sonic virá nas versões completas, mirando o novo Fiesta (em torno dos R$ 50 mil). Tem a seu favor bom espaço interno, quadro de instrumentos criativo, estilo atual (sem arrebatar) e dirigibilidade agradável. Unidade avaliada possuía motor de 1,8 litro, igual ao do Cruze, com 6 cv a menos, mas é provável que a fábrica opte por um de 1,6 litro.
A Mercedes-Benz fez o lançamento mundial do novo conversível SL, 140 kg mais leve que o anterior. De olho nos endinheirados da Califórnia, o carro tem presença marcante, apesar de pragmáticos desejarem algo mais. A Hyundai agora dispõe de um motor turbo para o cupê de três portas Veloster (1,6 l/201 cv) que lhe garante desempenho compatível ao seu estilo audacioso.
A Volkswagen, por sua vez, lançou o Jetta híbrido que se destaca como referência em consumo frente ao Prius, pioneiro de mercado e, até agora, pouco incomodado.
RODA VIVA
TOYOTA faz suas apostas no Prius c, apresentado em Detroit. Esse híbrido tem porte menor (ainda mais econômico no consumo de gasolina) e preço acessível. A marca japonesa pretende atrair a faixa de entrada do mercado americano, abaixo dos US$ 20 mil (R$ 36 mil). Reúne condições de chegar ao Brasil a preço mais atraente do que o Prius convencional.
NOVO Ka, em desenvolvimento em Camaçari (BA), não ficará igual ao que será fabricado na Europa. J. Mays, vice-presidente mundial de Design da Ford, admitiu, durante conversa em Detroit: “Mercados de entrada são bastante diferentes entre países emergentes e europeus”. Ou seja, desenho único em todos os mercados da Ford pode ter uma exceção...
CHRYSLER sabe que precisa construir fábrica no Mercosul para conseguir preços competitivos nos produtos importados do México pelo acordo bilateral de comércio. Brasil seria candidato natural e favorito. Mas, os argentinos também estão no páreo e apontam a marca Jeep como escolhida no lado de lá da fronteira. Decisão não deve demorar muito.
SPORTAGE, agora com motor flex de 2 litros e até 178 cv (etanol), confirma que os sul-coreanos estão sendo mais audazes do que outras marcas instalados há décadas no Brasil e com experiência acumulada no combustível vegetal. O Kia tem potência 7,3% superior em comparação à gasolina (mais 12 cv). Há motores flex no Brasil com diferença de apenas 1 cv.
FENÔMENO incômodo acontece quando o para-brisa embaça pelo lado de fora. O limpador ajuda a remover a condensação observada. Melhor maneira, entretanto, é ligar o ar quente, direcionando-o para a base do para-brisa. Causa algum desconforto no habitáculo pelo aumento da temperatura. Vale a pena, pois o embaçamento demora a retornar.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e
apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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