sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

MODERNIDADE EM FOCO





Depois de 17 anos apenas com mudanças cosméticas, a S10 mudou para valer. Prevista para ser lançada no início do ano passado (o atraso se deu pelas dificuldades da matriz em 2008/09), a picape média, que lidera o segmento desde março de 1995, amplia sua pegada de mercado. Sem abandonar o enfoque no trabalho rural e no uso por frotistas, nem da oferta do motor flex bem mais barato que o a diesel, deu um passo adiante na versão de topo. Os preços vão de R$ 58.860 (cabine simples) a R$ 135.250 (cabine dupla com todos os opcionais).



Toda nova por dentro e por fora, a S10 herdou um chassi mais moderno, da Isuzu, marca japonesa em que a GM já teve participação societária. Dimensões externas continuam bem próximas ao modelo anterior, mas o desenho da cabine e o rearranjo interno mostram clara evolução. O diâmetro de giro de 12,7 m, que facilita as manobras, teve pequeno ganho, sempre bem-vindo em um veículo, como a cabine-dupla, de 5,35 m de comprimento. Não há mais barras de torção dianteiras, substituídas por molas helicoidais. Isso ajudou no conforto de marcha, apesar dos 1.300 kg de capacidade de carga (versão 4x2).


O motor diesel (origem MWM/International) agora entrega potência de 180 cv e se destaca pelo que mais importa, torque de 47,9 kgf•m, só suportado pela caixa automática de seis marchas. Com câmbio manual, também modernizado, o torque é limitado a 44,9 kgf•m. Outras picapes do segmento ficarão com inveja, embora possam ostentar maior potência, no caso desse tipo de veículo menos relevante. Falta apenas a nova Ranger apresentar suas “armas”, em maio próximo.


Outro produto da modernidade é o Peugeot 308. O hatch médio-compacto argentino recebeu as mesmas modificações de estilo do modelo francês, de maio do ano passado. Portanto, estar alinhado ao que é vendido hoje na Europa sempre ajuda. Na realidade, há pequenas modificações como alguns apliques cromados e o logotipo do leão estilizado sobre o capô, além de detalhes do interior. As luzes diurnas de LED estão em todos os 308 europeus, mas aqui apenas no topo de linha, que é o Felline automático (R$ 70.990), e inclui o teto solar fixo de grandes dimensões. A versão básica, Active1.6, parte de R$ 53.990, sem sofrer nenhum reajuste em relação ao 307.


O motor flex 1,6 l/16 v ganhou alguns aperfeiçoamentos, como comando de válvulas variável (só na admissão), balanceiros sobre roletes e maior taxa de compressão, o que elevou a potência a 122 cv (etanol). É o primeiro a dispensar o reservatório auxiliar de partida a frio com gasolina entre carros de produção em série. O sistema da Bosch usa aquecimento elétrico para os dias mais frios do ano, a exemplo do Polo BlueMotion, apenas uma série especial sob encomenda.


Câmbio automático de 4 marchas do 308 está disponível apenas com motor de 2 litros flex (151 cv), que continua com o sistema de partida convencional. Em viagem entre Belo Horizonte e Ouro Preto, de 140 quilômetros, o carro confirmou ótimas qualidades dinâmicas. Usando gasolina e câmbio automático, o motor de 2 litros é seguido de perto, sem esforço, pelo de 1,6 litro (câmbio manual), com etanol.


O 308 tem várias qualidades, mas a Peugeot não precisava encher o porta-malas com água e afirmar ser o maior da categoria. Volume do porta-malas, sob o padrão mais aceito (VDA, de blocos retangulares), é de 348 litros, contra 365 l do Focus e 400 l do Bravo.


RODA VIVA


CÂMBIOS automáticos convencionais não são o ponto forte de fabricantes franceses, até por falta de interesse de compradores, que preferem câmbio manual, em especial na França. Houve alguma melhora, porém o Peugeot 308 perde muito de sua vivacidade em desempenho, mesmo com motor de 2 litros. As trocas de marcha são hesitantes e lentas, abaixo do padrão.


FIESTA da nova geração, hoje importado do México apenas em versão completa, é bom exemplo de compacto moderno. Oferece dirigibilidade estimulante, ótimo desempenho (motor de 1,6 l/115 cv) e sistema de áudio bem projetado. Sem transferir sensação de aperto entre motorista e acompanhante, comum em carros menores. A Ford exagerou no preço e, recentemente, resolveu baixá-lo em R$ 3.000.


FABRICANTES europeus colocam em dúvida as potências altas declaradas por marcas sul-coreanas, em motores de especificações comparáveis. A desconfiança se dá em relação à medição em dinamômetro. Há sempre pequenas variações na potência máxima indicada. Em geral, vale a leitura média. Engenheiros “espertos” preferem declarar apenas os picos...


ENTRE as coisas estranhas que, às vezes, se leem nos manuais de proprietários está uma curiosa recomendação da Toyota. No Corolla flex, a cada 10.000 km, o proprietário deveria se lembrar de abastecer com um tanque de gasolina, caso utilize sempre etanol. É flex ou não é? Que seria dos motores puramente a etanol, dos anos 1980, se só podiam utilizar um combustível? Se alguém esquecer da recomendação do manual, não há problema, segundo a fábrica. Ah, bom!


Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e
apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV. 


Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação. 

fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon

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