ALTA RODA, Fernando Calmon
Uma notícia
que assustou os brasileiros era mais do que esperada por quem acompanha o
mercado de combustíveis no Brasil. A nossa gloriosa Petrobrás anunciou prejuízo
de R$ 1,346 bi no segundo trimestre do ano, o primeiro desde 1999 quando o real
sofreu forte desvalorização frente ao dólar.
Atribui-se a
John Davison Rockefeller (1839-1937), magnata, filantropo e fundador da Standard
Oil (ExxonMobil, hoje), a frase famosa: “O melhor negócio do mundo é empresa
petrolífera bem administrada; segundo melhor é empresa de petróleo mal administrada.” Se isso for
verdadeiro, não precisa exagerar.
O prejuízo
da paraestatal tem várias causas e a principal, com certeza, são as interferências
políticas do maior acionista, o Governo Federal. Ações da companhia desabaram
mais de 40% desde a sua capitalização recorde de setembro de 2010. Investidores
não gostaram do aumento dos custos, do número de poços secos e da baixa
confirmação de produção comercial do subsolo marítimo, na região de enorme
potencial conhecida como pré-sal.
O maior
problema, no entanto, foi o governo cair na tentação de segurar artificialmente
o preço dos combustíveis para “controlar” a inflação desde 2005. Congelar o
preço da gasolina nas bombas (na realidade o preço real caiu, considerada a
inflação) funcionou até zerar a Cide, imposto para compensar a Petrobrás pelas
variações de preço no exterior. O País é autossuficiente na produção de
petróleo, porém não de combustíveis de origem fóssil.
Distorções
dessa política levaram à perda de competitividade de preço do etanol e à
necessidade crescente de importar gasolina e o próprio etanol. Somado ao
diesel, essa conta está atualmente em R$ 1,5 bi por trimestre. Perturba também
a distribuição pela falta de tanques nos portos e bases no interior do país. A
diferença de preço entre o combustível importado e o que a Petrobrás recebe por
ele é superior a 20%, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura.
Ninguém
preconiza, obviamente, aumento de derivados dessa magnitude, pois há outras
variáveis na equação. No entanto, se tivesse ocorrido correção do preço nas
bombas, de 2% a 3% ao ano, geraria recursos de que a Petrobrás precisa bastante.
Há investimentos em curso em novas
refinarias (já atrasadas e a custos extrapolados), além do ambicioso e
caríssimo plano de exploração e produção em alto-mar.
Efeito colateral
desse erro primário foi estagnação e recuo da produção de etanol. Investimentos
pararam porque não dá para manter a competitividade de 70% do preço da gasolina
nos postos. Afinal, esta é oferecida a preço congelado e custos agrícolas e
industriais do combustível alternativo continuam a subir. Apesar de etanol de
cana ser considerado praticamente neutro em CO2, no seu ciclo de
vida. Para a plateia interna e externa o governo faz discurso ecológico, mas na
realidade sua política é contrária, ao menos na gestão atual.
Para a
Petrobrás, maior empresa brasileira, doses de humildade também serviriam. Considerada
pela Forbes como quarta maior petrolífera do mundo, não respondeu aos questionamentos
da coluna sobre critérios da revista. Naquele ranking estão de fora grandes estatais
do Oriente Médio e da Opep, de capital fechado. Também não se pronunciou sobre reservas
provadas de petróleo frente às congêneres.
RODA VIVA
RUMORES confirmam o que a coluna
antecipou. Nova fábrica Fiat em Goiana (PE) aproveitará flexibilidade para produzir
também produtos Chrysler. Estariam confirmados, além de SUV compacto de combate
ao EcoSport, picape média (anti-S10), Dodge Dart/Fiat Viaggio (fim do Linea) e
sucessor do Punto. Subcompacto para o lugar do Mille, se sair, fica em Betim
(MG).
RENAULT dispõe agora de verdadeiro
motor flex para Sandero e Logan 2013. Trata-se do 1,6 l, de cabeçote
convencional (8 válvulas) e maior taxa de compressão (12:1). Resultou em mais 10%
de potência: 106 cv/etanol. Consumo diminuiu 10% em ciclo urbano e 5%, estrada
(4%, média ponderada). Fábrica afirma que obterá nota máxima (A) na etiquetagem
2013 do Inmetro.
PRESIDENTE da Renault brasileira,
Olivier Murguet, garante que eventual defasagem da linha Sandero/Logan, em
relação à Europa, vai encolher bastante. Entre seis e nove meses, todos estarão
alinhados. A começar já em 2013.
APOIO à Honda por oferecer também
câmbio manual de 6 marchas, de ótimo manuseio, no CR-V, mesmo representando
menos de 10% das vendas. Mantém o silêncio a bordo: 120 km/h, motor a 3.000 rpm
(no automático, 5 marchas, 2.400 rpm). SUV baseado no Civic é espaçoso, tem
acabamento honesto e inclui sistema muito prático de rebatimento total do banco
traseiro.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
Enquanto isso diversas empresas brasileiras sugando o dinheiro da petrobras com licitação.. Aì querem resolver aumentando o valor do combustível..
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