Fernando Calmon
Alguns
componentes dos automóveis mantêm sua forma e função por mais de um século. Um
deles, o volante de direção. Os dois primeiros carros patenteados há 125 anos,
de Karl Benz e Gottlieb Daimler, usavam apenas uma espécie de timão ou alavanca
ligada à caixa de direção rudimentar. Não há certeza de qual modelo utilizou
pela primeira vez a peça circular hoje onipresente nos carros. Sabe-se que, em
1894, Alfred Vacheron participou da primeira corrida organizada no mundo, a
Paris–Rouen, e seu Panhard estava equipado com o volante na forma atual.
Durante
décadas se integrou ao habitáculo, cresceu e diminuiu de diâmetro, evoluiu de várias
formas. De elemento puramente direcional, se transformou em produto tecnológico,
por vezes complexo, que além do conforto, pôde agregar funções e aumentar a
segurança. Os primeiros airbags foram embutidos no cubo do volante. Os aros passaram
a incluir vários comandos, antes espalhados por painel e consoles. Isso ajuda
na concentração do motorista e limita possibilidades de distração que provocam
acidentes.
Entre as
recentes aplicações está a de substituir até a alavanca de câmbio. Hastes ou
borboletas acopladas ao volante, em modelos equipados com câmbios automáticos
ou robotizados, dão flexibilidade e comodidade. Essa foi a opção da Ferrari ao
suprimir a tradicional alavanca e sua manopla esférica, no 458 Itália. No caso,
de forma definitiva e não opcional.
Automóveis
mais caros recebem volantes personalizados revestidos em couro sem emendas,
diferentes materiais em segmentos do aro e também aquecimento elétrico, algo
bastante agradável em manhãs muito frias, depois de o veículo permanecer uma
noite ao relento.
Volantes de base
achatada facilitam entrada e saída do motorista e, ao mesmo tempo, tornaram-se
símbolos de esportividade, embora o recurso venha sendo utilizado sem critério por
alguns fabricantes.
O futuro, no
entanto, reserva formas bem diferentes. Um dos estudos, da TRW, aponta o
formato de manche, herdado dos aviões e já presente nos veículos de competição.
A empresa propõe duas manoplas retráteis, que se afastam do cubo quando em uso.
Ao desligar o motor, as manoplas se recolhem e, juntas com a coluna de direção,
se deslocam em direção ao painel a fim de proporcionar o máximo de comodidade
ao sair do carro. Ao entrar, o motorista aciona o comando que traz todo o
conjunto para a posição previamente memorizada.
O
crescimento das grandes cidades traz a necessidade de veículos cada vez menores
e práticos. Eles, em especial, serão beneficiados pelo acesso ao interior mais rápido
e cômodo, proporcionado por esse conjunto de volante e coluna que pode ficar
embutido no painel.
Outra
vantagem do sistema: facilitar a vida de motoristas idosos que, apontam estudos
demográficos, representarão parcela crescente da população mundial nos próximos
anos e não abrirão mão da liberdade de se locomover. Nesse caso, sua conveniência
se estenderá a veículos médios e grandes, que também dificultam entrada e saída
das pessoas sem a mesma agilidade e flexibilidade dos tempos de juventude.
A previsão é
de que em cinco anos estará disponível aos fabricantes.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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