ALTA RODA, Fernando Calmon
Já se sabe,
há muito, que distrações ao volante são causas de acidentes, algumas vezes
fatais. As estatísticas no Brasil, pouco confiáveis, não chegam a captar
corretamente esse problema. Mas, no exterior, em especial nos EUA, os estudos
se aprofundam.
A
Administração Nacional de Segurança de Tráfego em Rodovias (NHTSA, em inglês)
informou que mais de 900.000 colisões envolvendo distração dos motoristas foram
reportadas pelos policiais em 2011. Destas, 26.000 ocorreram em razão de ajuste
em dispositivos portáteis ou controles nos veículos. Mais de 5.000 pessoas
morreram por falta de atenção, em torno de 15% das fatalidades totais.
Distrações
têm várias origens e causas: cansaço, sonolência, conversa com ocupantes,
estresse, doenças, idade, entre outras. Mais recentemente, o uso de
equipamentos instalados a bordo ou embarcados – celulares, tabletes, tocadores
de áudio e vídeo, navegadores, telefones inteligentes (e sua frenética troca de
textos) – passaram a ser fontes de preocupação.
No passado,
motoristas se limitavam a mudar estação de rádio ou faixa musical, ajustar temperatura
do ar-condicionado, ligar faróis ou limpadores. Agora, a corrida tecnológica
envolve produtores de automóveis e compradores, principalmente os jovens, e
exige conectividade total.
Aperfeiçoar
a interface homem-máquina pode ser uma saída para gerenciar esses riscos ao
unir segurança e conveniência. A tendência é programar os dispositivos para
utilização em condições favoráveis, como baixas velocidades no trânsito e
paradas em semáforos ou congestionamentos. Condições meteorológicas,
visibilidade (à noite, em particular) e até traçado do percurso (via GPS)
levariam a restrições voluntárias, adotadas pelos próprios fabricantes.
Pesquisas
apontam outras soluções, além das tradicionais teclas no volante: ativação
direta por voz em vários idiomas, botões que indiquem sensação tátil para não
deixar o motorista em dúvida e tela de toque com sensibilidade adequada e fácil
entendimento.
A empresa
Seeing Machines propõe tecnologia de reconhecimento do rosto ou de movimentos
dos olhos. Sua câmera avisa ao motorista quando ele não está suficientemente
atento ao dirigir e pode ativar alarmes luminosos e sonoros ou restringir a
conectividade.
O tempo para
dar uma espiada no painel ou no sistema de áudio não deve passar de dois
segundos. Mudar o tipo e o tamanho da fonte das letras permite ganho de 11% na
leitura. Essa pequena diferença, em velocidade típica de rodovias, abrevia em
cerca de 20 metros a distância percorrida em que o motorista deixou de fixar o
olhar no caminho à frente.
Os
produtores de celulares ajudariam se mudassem a tipologia de mensagens e
comandos, pois alguns modelos de carros de maior preço permitem replicá-los na
tela multimídia do veículo. Outra forma, mais difundida, é aperfeiçoar sistemas
de conversão de texto para voz e vice-versa. Para os viciados em troca de
mensagens e torpedos seria uma ajuda ao reduzir possibilidades de distração.
Embora a
NHTSA não tenha chegado ao ponto de se preocupar com a tipologia nas telas,
incentiva qualquer inovação que permita diminuir o intervalo de tempo em que os
motoristas tiram os olhos da estrada.
RODA VIVA
FÁBRICA em construção da Fiat, em
Goiana (PE), produzirá mais de um modelo, com certeza, além do SUV compacto com
base no 500 X italiano. Há algum exagero nas especulações. Já apontaram cinco produtos,
inclusive da Chrysler, como “certos”. Empresa avançará com cuidado, pois exigências
de capital são grandes. Substituto do Mille ficará em Betim (MG).
CHERY informou que no início de 2014
terá à venda o Celler (primeiro hatch e logo depois, sedã) produzido em Jacareí
(SP). Ainda não confirma, mas a coluna adianta que o subcompacto QQ está nos
planos para o final do mesmo ano. Em 2013, poderá importar da China e Uruguai, sem
superIPI, graças à cota confortável, até 35.000 unidades.
ETIQUETAS eletrônicas de controle da
frota (impostos, multas) do programa Siniav atrasarão, pelo menos, até julho
próximo. De custo baixo (uns R$ 15,00), podem até sair de graça. Indigestos são
os R$ 200,00 (com impostos e mão de obra) dos rastreadores obrigatórios que
“ameaçam” começar ainda este ano de forma paulatina, se aprovados nos testes.
LAMBANÇAS como as do Latin NCAP acontecem
até nos EUA. Instituto das Seguradoras para Segurança Rodoviária (IIHS, em
inglês) resolveu “inventar” um teste de choque contra barreira com apenas 25%
da parte frontal. As forças geradas são enormes e não previstas em
regulamentações. Maioria dos carros, claro, teve notas baixas: apenas 2 ou 3
estrelas.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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