ALTA RODA, Fernando Calmon
Depois de
algumas mudanças, a lei realmente seca para dirigir foi regulamentada pela
Resolução nº 432, do Contran, semana passada. Este será o primeiro Carnaval em
que estreia a tolerância zero para qualquer traço de bebida alcoólica em exame
de sangue ou de 0,05 mg de álcool por litro de ar expelido captado por
etilômetro (bafômetro). O segundo limite apenas corrige um possível erro de
leitura do instrumento.
Antes dessa
regulamentação era possível ao motorista tomar um copo de cerveja ou uma taça
de vinho – até o dobro disso se esperasse pelo menos duas horas para que o
organismo eliminasse 50% do excesso. A polêmica em torno da recusa de se
submeter ao bafômetro, alegando direitos constitucionais de evitar prova contra
si mesmo, levou ao endurecimento da lei. O Contran também reiterou, de
resolução antecedente, os sinais de alteração de sobriedade e outras provas:
testemunhais, fotos e imagens.
Ainda se discute
se o limite anterior – 0,3 mg/l – deveria ter sido reduzido pela metade para se
enquadrar como crime de trânsito. Na maioria dos países europeus o limite é de
0,25 mg/l (em alguns 0,1 mg/l ou até zero), nos EUA 0,4 mg/l (em alguns estados
americanos também se consideram outras evidências a partir de 0,25 g/l). No
Japão, a legislação mudou e foi zerado. Quem se recusa, no exterior, a soprar o
bafômetro não tem escapatória constitucional, mas nunca aparece quem aponte a
realidade mundial. Aqui nem há certeza de como agirão os tribunais, apesar da
nova lei e sua regulamentação.
Um erro comum
é achar que alguém está obrigatoriamente bêbado, quando superasse o antigo limite
de 0,3 mg/l. Depende de cada organismo, se homem ou mulher, condições de saúde,
além de outras condicionantes. Ele ou ela poderá até dirigir devagar e em linha
reta, sem cometer erros, mas será pesadamente multado, terá a carteira de
habilitação suspensa, impedido de prosseguir ou preso em flagrante, de acordo
com a legislação de cada país, se ultrapassar a indicação legal no bafômetro.
Estudo da
Universidade de Yale, de 1992, indica que há nove vezes mais chance de acidente
fatal se o motorista tiver concentrações entre 0,25 mg/l e 0,45 mg/l. Entretanto,
existe no Brasil a cultura de certa permissividade quanto ao fato de beber e,
em seguida, assumir o volante. E há também o péssimo hábito da dose de
“saideira”, quando muitos já atingiram o perigoso estágio de alegria fácil e o bom
senso indicaria esquecer o banco do motorista.
Fiscalização,
praticamente, não existia no Brasil até 2008, quando o Congresso aprovou a
chamada lei seca que, na realidade, nem era, pois até 0,1 mg/l indicado no
bafômetro nada acontecia. Hoje, em várias cidades, a fiscalização é constante,
rigorosa e alguns motoristas são presos. Mas quantos foram condenados, de fato?
Se alguns tivessem ido para a cadeia por ultrapassar o antigo limite de 0,3
mg/l, o efeito de inibição seria, provavelmente, equivalente ao de 100 blitze.
Resta saber
por quanto tempo o rigor das fiscalizações será mantido. Mas se ajudar a mudar
a consciência coletiva, terá sido um grande passo em prol da segurança do
trânsito.
RODA VIVA
AINDA não se estabeleceu uma data para
a BMW promover cerimônia da pedra fundamental de sua fábrica em Araquari (SC).
Cronograma de início de vendas permanece para o final de 2014: primeiro produto
é o crossover X1, seguido, a cada dois meses, pelo hatch Série 1 e sedã Série
3. Os três modelos respondem por mais de 80% das vendas da marca aqui.
PEUGEOT considera o novo 208 como produto
da virada no Brasil, a partir de abril. Presidente mundial do grupo francês,
Philippe Varin, e Thierry Peugeot, da família controladora, estiveram em Porto
Real (RJ) para lançamento industrial do hatch. SUV compacto 2008 é para 2014,
mas a empresa descarta produção do sedã 301, apesar da base comum com o 208.
MOTOR flex 2 litros/155 cv dará impulso
ao Civic ano-modelo 2014, já neste mês. Com etanol não há mais injeção de
gasolina na partida em dias frios . Mostra disposição e harmonia com câmbio
automático de cinco marchas. Preço de R$ 83.890 poderia incluir acessórios como
retrovisor fotocrômico. Motor 1,8 litro ganhou vida graças ao novo câmbio
manual de seis marchas.
INSPEÇÃO ambiental na cidade de São
Paulo tem absurdos burocráticos: a cada ano, carros com motores dois-tempos
devem pedir dispensa e quem precisar trocar o para-brisa vai penar para obter
segunda via do selo anual. Novo Secretário do Verde e Meio Ambiente extrapolou
ao comparar vidas salvas pelos cintos de segurança e pela melhoria do ar.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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