ALTA RODA, Fernando Calmon
Prioridade
para circulação dos automóveis nas cidades é a regra no Brasil. Todos estão
cansados de ouvir. Será mesmo que existe esse “privilégio”? Em função de
arrecadação de impostos, a lógica econômica diz que quem paga a conta deve (ou
deveria) usufruir, se não os melhores serviços, pelo menos algo proporcional ao
desembolso.
Fique de
lado toda a imensa cadeia de impostos, taxas, tarifas e penduricalhos fiscais e
parafiscais, em níveis federal, estadual e municipal, que incide sobre os
motoristas ao longo de toda a vida de suas máquinas. De longe, a maior carga
fiscal do mundo, direta e indireta. Foco é no IPVA. O Imposto sobre Propriedade de Veículos
Automotores (inclui barcos e aviões, mas quase tudo vem de veículos sobre
pneus), apenas em 2012, arrecadou nada menos de R$ 27 bilhões (cerca de US$ 14
bilhões), segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. E US$ 14
bilhões, só como ordem de grandeza, foi o custo histórico da hidrelétrica de
Itaipu, ainda hoje a maior do mundo em geração efetiva, que levou sete anos em
construção.
Metade de
apenas esse único volumoso imposto vai para Estados e a outra metade, dividida
entre municípios. Então, prioridade mínima para a circulação de veículos
deveria incluir coisas corriqueiras como manutenção das vias e, mais do que
isso, a sinalização semafórica. Seria absurdo, então, pedir câmaras de
vigilância (em funcionamento efetivo) e painéis eletrônicos que indicassem
situações de emergência, mais do que previsíveis em cidades do porte de São
Paulo? A resposta, provavelmente, é que se trata de privilégios.
Volte-se ao
corriqueiro, então. Chuvas fortes de verão, inundações de praxe, queda de
árvores, falta de luz e o trânsito, obviamente, caótico. Mas como reagir, horas
depois de um temporal, já com iluminação pública recuperada, a mais de uma
centena de semáforos apagados ou embandeirados? Revoltante, uma viagem de 20
minutos se transformar em duas horas porque a cidade mais rica e que mais arrecada
impostos possui apenas 200 cruzamentos com no-breaks, que em caso de apagão
mantêm equipamentos elétricos e eletrônicos em funcionamento.
Não é vantagem
indevida nenhuma. Tanto que a prefeitura paulistana e a concessionária de energia
assinaram convênio para outros 178 sinais com no-breaks. Mas não foram
instalados e se desentendem sobre a data em que deveriam ter sido. Mais grave:
quem garante que a manutenção preventiva foi ou será feita? Metade das câmeras
de vigilância de trânsito está inoperante por falta de cuidados. Mas os radares,
fontes de arrecadação, estão perfeitos e com no-breaks, na maioria.
Plano de
semáforos inteligentes, que se autoajustam ao nível do tráfego, foi desdenhado
e sua ampliação, nunca efetuada. Certamente faz parte de regalias, daquelas que
merecem condenação veemente. Mais fácil é impor rodízio de circulação pelo
final da placa, que cria outros problemas e adia soluções inteligentes.
Indústria
automobilística gera impostos suficientes para ampliar o transporte sobre trilhos
(subterrâneo e aéreo) e melhorar, realmente, o trânsito nas grandes cidades.
Motorista e automóvel não podem ser culpados pela inépcia do poder público. Ou,
para sempre, pagar e ficar calado.
RODA VIVA
CORTES de preço (2 a 20%) nos modelos
BMW e MINI, em função da aprovação da fábrica em Araquari (SC), dá à marca grande
poder de competição. Carros mais caros, como o agora lançado Gran Coupé 640 (R$
399.950) não se beneficiaram. Só dentro de seis meses haverá solenidade no
local das obras, mas início de produção, confirmado para fim de 2014.
ESPERA-SE que Mercedes-Benz seja
próxima marca premium alemã a confirmar produção no Brasil, nos próximos três
meses. Não descartou utilizar instalações industriais da Nissan, em Resende
(RJ), no segundo semestre de 2014, por conta de parcerias entre as matrizes no
exterior. Mais provável, porém, é partir para fábrica exclusiva, em outro
local.
FOCO do regime automobilístico,
Inovar-Auto, é estimular fábricas e investimentos dedicados a novos produtos. “Puxadões”
bastam nos aeroportos. Ainda depende de definições pelo governo federal o
controle de conteúdo local de autopeças e componentes. Tema é complexo e de
difícil formulação. Fala-se em três a quatro meses para solução final.
CRIATIVA firma alemã Foliatec lançou na
Europa filme protetor para veículos em spray. Camada formada, totalmente invisível,
protege para-choques, grades, rodas, faróis, lanternas e outros componentes.
Adere em metal, plástico e vidro. Protege contra arranhões, pedriscos, lama e
sujeira. Pode ser removido sem deixar vestígios e reaplicado.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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