ALTA RODA, Fernando Calmon
Dois novos
sedãs compactos lançados em um intervalo de menos de sete dias – primeiro o Chevrolet
Prisma e, em seguida, o Hyundai HB20S – comprovam o grau de competitividade no
setor e no segmento em particular. Agora são nada menos de 18 modelos na faixa entre
R$ 26.000 e R$ 55.000, do básico ao mais completo. O novo Prisma, versão sedã
do hatch Onix, vai de R$ 34.990 (LT, motor de 1 litro) até R$ 45.990 (LTZ,
motor de 1,4 litro).
Sedãs
compactos praticamente não existem na Europa, mas têm boa aceitação no Brasil,
na América Latina e até nos EUA (no caso, baixa participação nas vendas totais).
Em geral, colocar porta-malas saliente em carros pequenos é desafio em termos
de estilo. No caso do lançamento da GM, a solução, bem interessante, passou por
mudar as linhas do teto e disfarçar ao máximo a protuberância traseira, sem
prejudicar o volume do porta-malas (500 litros). Algo como carroceria de 2,5
volumes, contra 3 volumes tradicionais, que a fábrica chama, inapropriadamente,
de “sport sedan”.
Comprimento,
em relação ao Onix, cresceu cerca de 9% para 4,275 m, ou 1,5 cm menos que o
Fiat Grand Siena, por exemplo. Apenas 12 kg na massa total separam os dois
Chevrolet compactos. Por isso, o desempenho é praticamente igual: sofrível com
motor de 1.0/80 cv/9,8 kgf⋅m e bastante adequado, no caso do 1,4 l/106 cv/13,9
kgf⋅m. Sem dúvida, a engenharia conseguiu fazer um bom trabalho ao transformar
um propulsor de projeto antigo, sem sofisticação mecânica, em unidade com bom
fôlego e funcionamento suave. Pena que continue a sonegar dados de consumo de
combustível, apesar do nome pomposo SPE/4
que lembra economia na própria sigla.
Há bom
espaço interno, inclusive no banco traseiro (cabeças sem raspar no teto), além
de ótimo ângulo de abertura das portas. Desde a versão de entrada oferece
direção com assistência hidráulica, vidros elétricos dianteiros, ajustes de
volante (só em altura) e de altura do banco do motorista (apenas do assento),
sensor de estacionamento, além de freios ABS e airbags frontais (obrigatórios
por se tratar de novo projeto). Até meados do ano terá opção de câmbio
automático. Versão de topo tem tela de toque de LCD opcional (R$ 1.300) com
várias funções que permite instalar câmera de ré e navegação com GPS associada
a um programa (BringGo) para celular inteligente ao custo de R$ 100.
Prisma
encerrou um ciclo de dez modelos e versões novos (incluindo mexicanos) da marca
Chevrolet, em apenas 18 meses, sem paralelo no Brasil. Restaram intocados
apenas Celta e Classic. Estratégia audaciosa, porém levará ao envelhecimento
simultâneo de quase toda a linha nos ciclos normais de meia-vida (quatro anos)
e de nova geração (sete anos). No entanto, a empresa assegura que previu esse
cenário e administrará arranjos futuros.
Atual fase de
investimento incluiu a nova fábrica para 200.000 motores/ano em Joinville (SC),
inaugurada semana passada. De lá se esperam novas gerações de motores (fala-se
em um 3-cilindros) e produção futura de câmbios automáticos mais voltada à
exportação, quando a Europa se recuperar. Para os desafios de diminuição de
consumo de combustível, do programa Inovar-Auto, até 2017 a empresa estaria
assim, bem preparada.
RODA VIVA
ENTRE baixas no final do ano, em razão
de normas de segurança (ABS e airbags), estará a picape Courier. Ford até cogitou
de desenvolver a sucessora. Mas, em termos mundiais, se trata de mercado
restrito: Brasil, América Latina e África do Sul. Empresa terá só produtos
globais em todos os mercados e picape leve, derivada de carro, não se enquadra.
FIAT, ao contrário, aposta cada vez
mais no mercado que ela mesmo criou no Brasil (no exterior já existia e depois
minguou). Começou em 1978, ainda como picape 147. Atual Strada, além de líder
do segmento, aparece entre 10 mais vendidos veículos leves. Não estranha que desenvolva
cabine-dupla de três portas, com abertura para trás.
CITROËN DS4 é o mais equilibrado da linha “premium” da marca francesa, sem
ousadia exagerada do DS3 ou dimensões avantajadas do DS5. Hatch de teto alto e
quatro portas, maçanetas traseiras estão escondidas junto à terceira coluna. R$
99.990 é puxado, mas lista de equipamentos compensa. Motor turbo 1,6/165 cv (projeto
BMW) vai muito bem com câmbio automático
6-marchas (Aisin, japonês).
TECNOLOGIA, hoje, em rápida expansão,
turbocompressor completou meio século de existência ano passado. Começo foi
difícil: apenas 10.000 Oldsmobile Jetfire fabricados em 1962/63. Problemas
técnicos tiraram o carro de linha. Voltou com o Porsche 911 Turbo, em 1974.
Desde então a evolução foi grande e tendência de equipar maioria dos automóveis.
OBRIGAÇÃO relaxada por falta de
fiscalização: faróis ligados no facho baixo, ao anoitecer, independentemente de
circular em estradas. Na cidade, mesmo com boa iluminação pública, não podem
ser esquecidos. Em túneis também há obrigação legal. Função dos faróis é dupla:
ver e ser visto.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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