ALTA RODA, Fernando Calmon
Mais um
passo foi dado pelo governo para esclarecer e regulamentar o complicado novo
regime automobilístico, batizado de Inovar-Auto, vigente por cinco anos, de
2013 a 2017. Além de complexo e intervencionista, na realidade não restavam
alternativas muito melhores para que o País conseguisse manter sua indústria à
tona em um ambiente complexo de competição internacional. Sem contar os sérios
problemas advindos da valorização da moeda brasileira, que torna baratos os
produtos importados e caros, os de exportação.
Para
compensar o aumento de 30 pontos percentuais de IPI – ao contrário dos que
muitos pensam atingiu produtos nacionais e importados – foram apertadas as
exigências. O número mínimo de processos industriais a cumprir foi aumentado de
forma escalonada. Em 2017, por exemplo, eram oito e agora, dez.
Importante
para quem compra veículos é saber que o novo regime resultará em carros mais
econômicos. A média ponderada dos modelos vendidos por cada fabricante terá de
atingir uma melhoria em eficiência energética de 12% (equivalente à redução de
13,5% no consumo) com referência em 2012.
Não é meta
banal. Comparações simplórias com a Europa desconsideram diferentes combustíveis
e ciclos de aferição de consumo em laboratórios. Fabricante que deixar de cumprir
estará sujeito a uma escala de multas pesadíssimas por unidade produzida. Na
pior hipótese poderia passar de R$ 1 bilhão, se vendesse um milhão de unidades
por ano fora do limite, por exemplo.
Há, no
entanto, duas severas metas voluntárias de melhoria de consumo incentivadas por
diminuição de carga fiscal, mas revertida ao produtor: reduções de 15,5% e
18,8%. Foram feitas duas mudanças: prazo esticado em um ano (de outubro de 2016
para outubro de 2017) e inclusão de carros híbridos e elétricos no cálculo da
média ponderada de consumo.
No segundo
caso, como se trata de modelos de alto custo de produção e o governo não
alterou os impostos sobre eles, teriam pouco peso no cálculo da frota total
comercializada pelo fabricante. Examina-se, porém, a possibilidade de valorizar
essas tecnologias, até hoje subsidiadas no exterior, ao atribuir peso maior.
Intenção é
estimular o interesse dos compradores brasileiros, concedendo ao fabricante ou
importador um benefício fiscal indireto para veículos de baixíssimo consumo,
caso dos híbridos. Afinal, as metas voluntárias seguem coladas às anunciadas na
União Europeia e EUA para os próximos anos e as estratégias são semelhantes.
Não ficou
claro, ainda, a referência na ponderação para veículos puramente elétricos.
Estes acabaram de sofrer um revés simbólico no exterior com a falência do
projeto Better Place, que previa postos de troca rápida de bateria em
automóveis adaptados para tal. Além de tudo muito caro, atraiu poucos
interessados nos dois países que tentaram abraçar o plano, Israel e Dinamarca.
RODA
VIVA
PELO número de vezes que o Golf VII tem
sido fotografado em testes de campo, indica que lançamento está próximo. Tudo
aponta para meados do segundo semestre. Volkswagen usará boa parte de sua cota
anual de 9.600 unidades para importá-lo da Alemanha. Como divide arquitetura
com Audi A3, ambos deverão ser produzidos na fábrica de São José dos Pinhais
(PR).
RENAULT, até o momento, é única marca
sem modelos importados, à exceção de origem argentina. Decidiu, agora,
aproveitar sua cota de até 9.600 unidades/ano sem IPI adicional. Pode trazer Mégane
R.S. de 265 cv, mas objetivo central é o Captur, SUV compacto com base no novo
Clio, a ser produzido no Paraná. Possível anúncio no próximo dia 17.
BEM posicionado na faixa de compactos
de preço superior, novo Fiesta mostra conjunto mecânicos dos melhores, além de interior
moderno e recursos multimídia de ponta, desenvolvidos junto com a Microsoft.
Boa posição de dirigir, motor de 1,6 L mais potente do segmento (130 cv/etanol)
e câmbio automatizado de duas embreagens que funciona melhor na opção S
(esporte).
MERCADO brasileiro despertou para o
conforto de câmbios automáticos ou automatizados. Há dez anos representavam
apenas 2% das vendas de automóveis. Este ano pularão para 12%. Em algumas
marcas já é bem mais. Entre as Quatro Grandes GM avançou bastante: Cruze, 90%;
Sonic, 85%; Spin, 60%; Cobalt, 40%. Tendência de subir com Onix e Prisma, em
breve.
REDUÇÃO de acidentes em estradas
federais pedagiadas será incentivada por meio de tarifas mais atraentes às
concessionárias. Ideia é ter bônus tarifários, se obras representarem menos
mortos e feridos. Em sentido inverso, as que atrasarem cronogramas de melhorias
de pistas terão reajustes menores. Tudo isso nos novos contratos.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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