terça-feira, 14 de maio de 2013

JAC J3 S 1.5 JETFLEX - AVALIAÇÃO



Chineses aprendem e evoluem rápido. Foi-se o tempo dos carros completões com desempenho insosso. Não que isso fosse regra na JAC; seus modelos, à exceção do J5 (cujo motor é subdimensionado para o peso), sempre apresentaram performance condizente. Mas com o novo J3 S 1.5 JetFlex ela se superou: o propulsor, algoz do sedã médio, brilha no hatch.



O primeiro motor flex da marca agregou à tecnologia já existente um sistema de pré-aquecimento do etanol nos bicos injetores, que dispensa o tanquinho de gasolina. Com isso, além das partidas mais rápidas em dias frios com o combustível vegetal, o bloco de alumínio com 1.500 cm³, 4 válvulas por cilindro e comando de válvulas variável (sistema VVT) chega a vistosos 127 cv de potência a 6.000 rpm e 15,7 kgfm de torque a 4.000 rpm, suficientes para levar o J3 S de 0 a 100 km/h em 10,7 segundos e garantir retomadas seguras (40 a 80 km/h em 3ª: 7,4 segundos; 60 a 100 km/h em 4ª: 10,8 segundos; 80 a 120 km/h em 5ª: 15,7 segundos). (*)



Essa cavalaria extra faz do JAC J3 S um carro bem esperto, mais até que o J2. Dirigir na estrada é bem gostoso, especialmente porque a força chega pra valer em rotações mais altas - e veja que, a 120 km/h, o motor sequer atingiu a faixa de torque máximo, mantendo-se em suaves 3.500 rpm. Pegar a Anhanguera ou outra rodovia com limite de 100 km/h, porém, é chato. Manter a velocidade permitida ali é um exercício de paciência e auto-controle, com o conta-giros em 2.900 rpm e você se segurando pra não afundar o pé.



Por causa disso você pensa que ele vai se sair mal na cidade. Mas que nada, o hatch vai bem. O comando variável de válvulas se encarrega de disponibilizar força suficiente em baixa rotação para não deixar o J3 S chocho no trânsito. Suspensão independente nas 4 rodas (McPherson na dianteira e Dual-link na traseira) recebeu ajustes, diz a JAC: parece ligeiramente mais firme que a do J3 comum, mas ainda é macia e suaviza bem o impacto das imperfeições do asfalto de Campinas. O câmbio está melhor, com engates mais precisos; também ganhou melhorias. Por fim, a direção hidráulica é leve em manobras e torna a condução na cidade bem agradável. O senão é o consumo: o hatch foi avaliado o tempo todo com etanol no tanque e, em percursos predominantemente urbanos, a média não ultrapassou os 7,16 km/l.



Está bem melhor, sem dúvida. Mas ainda não está perfeito. A suspensão macia e alta, ideal para filtrar buracos na cidade, acaba atrapalhando uma condução mais dinâmica. Em curvas mais fortes, ainda que não chegue a desgarrar, o J3 S inclina demais ao mesmo tempo que perde tração na roda dianteira interna à curva, devido ao curso de saída limitado dos amortecedores. A direção hidráulica, por sua vez, poderia ter mais progressividade, garantindo mais firmeza em altas velocidades. Não é o que acontece; ela permanece macia além do desejado, demandando mais atenção em mudanças de trajetória. E o volante fino, de péssima empunhadura, não ajuda. Revestimento em couro lhe cairia bem.



Tirando isso, não há do que reclamar. Por dentro ele continua com bom espaço na frente e nem tanto atrás, resultado da curta distância entre-eixos. Pode não ser bom para meu metro e noventa, mas agrada à maioria. Os bancos melhoraram muito, tanto o revestimento quanto a densidade da espuma: ficaram mais confortáveis. O revestimento da alavanca de câmbio é novo e mais bonito que o do J3. O rádio com CD/MP3 player é novo e oferece agora 6 alto-falantes, garantindo qualidade sonora bem superior, ainda que mantenha a antiquada e chata saída USB que requer adaptador. Outra mudança muito bem-vinda foi a troca da iluminação "azul-nave-da-Xuxa" do painel por uma mescla de vermelho e branco, bem menos agressiva aos olhos. Os pedais esportivos ajudam a ampliar a amena aura de esportividade do hatch, que se completa com a troca das rodas do original por outras de desenho mais atraente (mantendo o aro de 15 polegadas) e o acréscimo das faixas laterais e das máscaras negras dos faróis.



De resto, o J3 S mantém todo o conteúdo e as peculiaridades do J3 comum: ar condicionado, direção hidráulica com coluna ajustável em altura, vidros, travas e retrovisores elétricos (com ajuste invertido), alarme com acionamento pela chave, rádio com CD/MP3 player, faróis com regulagem de altura, faróis e lanternas de neblina, lavador, limpador e desembaçador do vidro traseiro, palhetas flat blade dianteiras e traseiras, abertura interna do tanque e do porta-malas, rodas de liga leve, sensor de estacionamento traseiro, airbag duplo e ABS com distribuição eletrônica de frenagem. Tudo isso (mais o motorzão) por R$ 37.490,00, valor que não compra nenhum carro nacional com essa potência. A garantia oferecida, como para todo JAC, continua de 6 anos.



O J3 está prestes a mudar de cara, evoluindo no design e mais ainda no padrão de acabamento. Mas a JAC Motors assegurou que o J3 S não muda por enquanto. O custo x benefício é ótimo, mas é de se pensar se vale a pena adquirir um carro que logo vai ficar defasado. Para quem não se importa com isso e quer um temperinho esportivo a mais, acelerações vigorosas e força de sobra para ultrapassagens ou velocidades mais altas na estrada, este é o carro. O preço compensa.



(*) Dados de desempenho da Auto Esporte
Fotos: Maximiliano Moraes

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