Tudo indica
que a obrigatoriedade de utilização de rastreadores em veículos novos
(incluindo motocicletas) será adiada pela quarta vez. Deveriam ser instalados,
no final deste semestre, na própria linha de montagem de todos os veículos
produzidos no Brasil ou importados. Esse dispositivo foi imposição do
ex-ministro das Cidades e presidente do Contran, Márcio Fortes, apesar de vários
especialistas do próprio órgão e representantes do setor automobilístico terem
ponderado sobre dificuldades técnicas, custo-benefício inadequado e aumento de
preço ao consumidor mesmo nas regiões do país de baixo risco de roubos e furtos.
Depois de superar
imbróglios jurídicos quanto ao cerceamento de privacidade e de desenvolvimento
dos equipamentos, iniciou-se a fase de testes reais em campo conhecida como
operação assistida. Ao final de cada uma de três dessas operações, com frotas espalhadas
pelo Brasil, constatou-se o óbvio: a rede de telefonia celular, fundamental
para funcionamento do sistema, apresenta grandes áreas de sombra (falta de
cobertura) e ficaria ainda mais congestionada com tráfego de dados do que já
está.
Solução racional,
a que o puro voluntarismo oficial ainda resiste, seria iniciar o programa
oferecendo o equipamento como opcional de fábrica. Deixaria de prejudicar quem
dele não tem necessidade, possibilitaria testar eficiência na vida real e se,
de fato, quadrilhas especializadas seriam incapazes de anular o sistema com
facilidade. Além disso, o efeito sobre a inibição de roubos seria bastante lento
porque apenas os carros novos estariam “contemplados”.
Em paralelo
há outro programa – Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos
(Siniav) – em implantação. Também atrasado, para variar, tem custo muito menor
e poderia abranger toda a frota circulante em poucos anos. Bastaria colar um chip
no para-brisa ou vidro traseiro, no processo de licenciamento anual, e
desenvolver uma rede estratégica de antenas.
Trata-se da
versão eletrônica das antigas plaquetas ou selos anuais. Evitaria a parada
desnecessária em blitzes de fiscalização e teria efeito também no combate a
furtos e roubos. Poderia, ainda, facilmente se integrar ao pedágio eletrônico e
a grandes estacionamentos. Por sua racionalidade seria solução bem melhor, mas
isso parece não passar pela cabeça dos burocratas.
Ainda quanto
à legislação de trânsito, entra em vigor, agora em 1º de julho, a Resolução
Contran 404/2012. O motorista fica, definitivamente, livre de ir ao cartório para
identificar o condutor, no caso de multa em que ele não esteja ao volante.
Volta, como era antes, a comunicação via Correio, ameaçada pela Resolução
363/2010 e cancelada às vésperas de vigir.
Essa mesma Resolução
tenta regulamentar a advertência por escrito no lugar de multas leves e média, mas
na prática em quase nada melhorou o implícito viés educativo. Basta ler o parágrafo
8, do Artigo 9º: “Caso a autoridade de trânsito não entenda como medida mais
educativa a aplicação da Penalidade de Advertência por Escrito, aplicará a
Penalidade de Multa.” Com tal redação infame e a avidez arrecadatória do poder
público, a tendência é se transformar em letra morta, salvo raríssimas
exceções.
RODA
VIVA
NISSAN, apoiada pelo governo fluminense,
estuda possível montagem do elétrico Leaf na nova fábrica de Resende, a ser
inaugurada no início de 2014. Para isso Carlos Ghosn, presidente da aliança
Renault-Nissan, veio especialmente ao País. Renault iniciará importações da
França. Além do Mégane R.S., primeiro lote do SUV compacto Captur já embarcou
rumo ao Brasil.
EMBORA a Mercedes-Benz esteja em
tratativa final para usar instalações da Nissan mexicana e montar o sedã CLA
para exportar às Américas, acordo não se replicará aqui. Conforme a coluna antecipou,
a marca alemã concentra atenções finais entre Joinville, Juiz de Fora e, com
menos chance, alguma cidade paulista para produção do SUV compacto GLA e os
Classes A e C.
SAIU acordo entre GM e sindicato dos
metalúrgicos de São José dos Campos para garantir novos investimentos. Depois
de longas e desgastantes negociações, improvável que essa fábrica não seja escolhida
para abrigar a produção do próximo subcompacto mundial da Chevrolet. Desembolso
pesado, de R$ 2,5 bilhões, para desenvolver e produzir o carro no Brasil.
MITSUBISHI terá motor flex de 2,4
litros na picape média L 200 Triton, em dois ou três meses, para concorrer com
versões semelhantes da S10 e da Ranger. Apelo é oferecer algo mais acessível frente
aos produtos com motor diesel e ao atual V6 flex. Fábrica cogita, ainda, do
câmbio automatizado, que representaria vantagem nada desprezível frente às
concorrentes.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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