Quando o RACIONAUTO testou o JAC J5 pela primeira vez, a impressão que ficou foi a de um sedã bonito, bem acabado e muito espaçoso, mas com motor subdimensionado, suspensão mal calibrada e falhas de projeto. Mas esta edição do Na Estrada começou provando - como já aconteceu com outros modelos da marca avaliados aqui - que a JAC Motors continua muito atenta às críticas e é bem esforçada em melhorar seus produtos em curto prazo.
Na retirada, o J5 cedido para esta avaliação tinha pouco mais de 200 km no hodômetro. Minha experiência anterior com o sedã (leia aqui) fez pensar que a combinação de carro pesado, pouco torque e, neste caso, falta de amaciamento poderia tornar esta viagem interessante ou irritante, a depender do ponto de vista. Entrei e vi plásticos nas maçanetas internas e etiquetas adesivas em alguns lugares; coisa de carro novinho. Bem-vindo é o novo volante revestido em couro e com comandos do sistema de áudio, o mesmo usado no novo J3. Mas em vez do aplique inferior em black piano, como ocorre em partes do interior do carro, ele imita alumínio. Mesmo assim ficou bom e, de quebra, melhorou a empunhadura e combinou com o interior bonito. Pronto, parei de pensar no desempenho do carro. Pelo menos ali.
Espaçoso, o J5 é meu número. Ainda é chato ter que lutar para encontrar a posição ideal de dirigir, com 2 roldanas para regular a altura do banco, alavanca para o encosto e ajuste pesado da coluna de direção, mas uma vez encontrada a posição o carro "veste" bem o motorista. Dei partida e, opa, tá faltando barulho: o revestimento acústico melhorou. O câmbio também progrediu, deixando de ser meio "crocante" em algumas trocas e se tornando mais preciso e macio.
Entre São Paulo e Campinas, com 2 pessoas a bordo, não foi preciso puxar muito pra manter os 120 km/h permitidos na Bandeirantes; a falta de amaciamento não fez muita diferença. Ali deu também pra ver que a JAC mexeu não só na transmissão, mas nos sistemas de direção e suspensão. É certo que o uso do conjunto de rodas e pneus da versão avaliada agora (205/55 R16, contra o 215/45 R17 do J5 avaliado em junho de 2012), ajuda a aumentar a sensação de conforto, mas eles só não conseguiriam trazer o equilíbrio que faltava entre a dianteira (que era molenga em velocidade) e a traseira (que era um pouco seca). Já a coluna de direção, que era extremamente sensível às imperfeições das vias, agora amortece muito mais.
Mas o teste começaria pra valer mesmo depois de colocar outras 2 crianças e muita bagagem no porta-malas para enfrentar os mais de 900 km do primeiro trecho da viagem, indo até Anápolis, GO. Para grandes e pequenos não há qualquer dificuldade de acomodação na cabine, mas o porta-malas, que não é dos maiores (460 litros declarados), parece ainda menor por causa das articulações da tampa: espremeram-se 2 malas grandes, 2 bolsas de viagem e algumas sacolas. Com esse peso todo, não daria outra. O J5, com seus 1.315 kg e 15,5 kgfm de torque a 4.000 rpm, demorou para embalar e ultrapassar. A solução foi manter o giro alto, coisa que fez o consumo subir: a média na estrada foi de 12,69 km/l de gasolina (contra 14,8 km/l aferidos pelo IMT).
Aí deu pra ver que o carro ficou mais silencioso mesmo, não incomodando nem um pouco em velocidade. Ah, o sistema de áudio também melhorou: além dos comandos no volante, a qualidade sonora progrediu em relação ao J5 passado. A surpresa foi encontrar no porta-malas um cabo adaptador de USB para plugar o pendrive e ter boa música a viagem toda. Numa embalagem da própria JAC, não deu pra saber se é vendido à parte pela rede ou será item de série a partir da linha 2014. Mas veio em boa hora. Fez falta um computador de bordo, coisa que não é oferecida em nenhum modelo da JAC Motors. Mas merecem aplausos os faróis do J5, que iluminam bem mesmo no facho baixo e ainda têm ajuste de altura. Complementam o conjunto os faróis de neblina dianteiros e traseiros, além das lanternas de led que tornam o carro bonito de se ver também à noite.
Fotos: Maximiliano Moraes
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