Fernando Calmon
Veículos
híbridos tendem a avançar por ser o meio-termo viável entre motores a combustão
e puramente elétricos. Suas vantagens principais são custo menor e redução de
emissões tóxicas (CO, HC e Nox) ou não (CO2, o gás carbônico). Maior
eficiência se dá em cidade, onde o consumo de combustível é alto.
Há vários
graus de hibridização: micro (desliga-liga), média (alternador reversível), total
com bateria (série, paralelo e combinado) e total plugável em tomada. Agora,
existe uma sétima opção, baseada em tecnologia conhecida e aplicada, de modo
tímido, em veículos pesados de uso intensivo no para-e-anda.
Batizado de Hybrid
Air, é aposta da PSA Peugeot Citroën para 2016/17. Na realidade combina motor a
combustão tradicional, caixa de câmbio automática de variação contínua e sistema
hidropneumático. Este se compõe de motor hidráulico (reversível em bomba) e
dois reservatórios de ar de alta pressão (250 bar) e baixa pressão.
Funcionamento
do híbrido-ar não é tão simples de explicar. O motor hidráulico pressuriza em
10 segundos o reservatório de ar, que faz o papel de armazenador de energia.
Quando o motorista pisa no acelerador para tirar o carro da inércia, o ar
liberado empurra o fluido na caixa de câmbio e o carro se movimenta, sem
utilizar combustível, por 300 a 500 metros.
Simples ato
de tirar o pé do acelerador e frear, no trânsito pesado do dia a dia, implica
transformar energia cinética em hidráulica, que volta a acumular ar no
reservatório. Assim, se supera a situação em que o motor a combustão é menos
eficiente: ao arrancar. No ciclo urbano europeu de aferição, economia pode
chegar a 45%. Quando a velocidade aumenta, o sistema a ar, cujo motor
hidráulico gera 40 cv, pode atuar de modo simultâneo. Nas acelerações vigorosas,
como qualquer híbrido, funciona apenas o motor a combustão – no caso a
gasolina, afinado para baixo consumo – que também ajuda na pressurização.
Administração
dos três modos de funcionamento (a ar, a combustão e simultâneo) é feita de forma
eletrônica, sem interferência do motorista.
Cálculos
iniciais apontam que a autonomia média (cidade, estrada e misto) pode chegar a
34 km/l e emissão de apenas 60 g/km de CO2. Como referência, a média
obrigatória da frota de veículos leves europeia, em 2020, será de 95 g/km de CO2
(em 2015, 130 g/km). Imposto é menor para modelos abaixo da meta e maior se
estiver acima. Para relembrar, não existe meio de controlar o gás carbônico sem
reduzir o consumo de combustíveis fósseis (gasolina, diesel e gás). No caso de
biocombustíveis, como etanol, há compensação de CO2 durante
crescimento das plantações.
Além de fácil
de instalar em veículos compactos e médios, sem complicações de peso, volume e
reciclagem das baterias, o híbrido-ar pode ser produzido a custos razoáveis em
qualquer parte do mundo. Depois de desenvolvido, o grupo francês deverá
fabricá-lo também no Brasil com motor flexível etanol-gasolina.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
O veículo a ar comprimido no Brasil têm uma grande barreira, nossos governantes deixando ser pressionado por políticos envolvidos no mercado petrolífero, além de investidores internacionais que ameaçam tirar seu dinheiro do mercado Brasileiro isso é um pensamento medíocre e egocêntrico, pois poucos são enormemente beneficiados, enquanto eu muitos somos forçados a comprar diesel ou gasolina em um preço altíssimo pra mantê-los.
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