ALTA RODA, Fernando Calmon
Importados
do México sofrem, há quase dois anos, as limitações de cotas impostas pelo
governo federal. Não que não seja possível trazer mais veículos, porém ficariam
fora de preço. A Nissan foi a mais prejudicada, pois importa carros compactos –
March e Versa – em volumes maiores, que formam a base do mercado brasileiro,
além de Tiida e Sentra. Esse cenário muda em 2014 com a inauguração, em março,
da fábrica em Resende (RJ) e início da produção daqueles dois compactos e, no
final de 2015, do SUV deles derivado.
Já em março
de 2014, a cota mexicana volta a subir, no que seria o último ano de restrições.
Com o alívio duplo (cota e produção local), a marca japonesa pode lançar desde agora
o completamente novo Sentra por preços bastante competitivos: R$ 60.990 a R$
71.990. Trata-se da sétima geração do modelo que, de fato, deu um salto qualitativo.
Seu estilo ficou agradável, destacando-se o peculiar desenho dos para-lamas
dianteiros. Em aerodinâmica melhorou muito (Cx de 0,34 para 0,29). Faróis de
neblina, maçanetas cromadas e extensa aplicação de plástico de toque macio são
exemplos dos cuidados com equipamentos, acabamento e materiais.
Bom espaço
interno, em particular no banco traseiro, o coloca em nível superior ao do Civic,
líder do segmento, e rivaliza com C4 Lounge e 408. Porta-malas de 503 litros
fica na média de 10 rivais. Porém, apenas 52 litros no tanque limitam autonomia
em viagens, especialmente por ser um sedã médio-compacto. Em parte, essa
desvantagem diminui porque o motor flex de 2 litros/140 cv alcança até 12,9
km/l em estrada, nota A (máxima) no critério Inmetro.
O Sentra
evoluiu ainda em conforto de marcha e dirigibilidade. O câmbio automático CVT,
que nem todos gostam, agora proporciona melhores respostas, sem prejuízo de
permitir viajar a 120 km/h a apenas 2.000 rpm. Uma pena que falte alma ao motor,
inferior em potência à maioria dos concorrentes.
Outro novo modelo
mexicano também prejudicado pelas cotas é o Chevrolet Tracker. Compartilha
arquitetura com Onix, Prisma, Cobalt, Spin e Sonic, porém é um SUV compacto de
linhas atraentes e para-lamas massudos, mais interessante nesse aspecto que o
EcoSport. Como há limitação para importar, a GM optou pela versão única de topo,
LTZ, que sai por R$ 71.900. Inclui rodas de liga leve de 18 pol. e interior com
acabamento razoável. Espaço no banco traseiro não chega a empolgar e nem o
porta-malas, de apenas 306 litros.
Posição de
guiar (inclui regulagem elétrica para região lombar) e comportamento dinâmico
estão de acordo com as características de um SUV moderno desse porte. Motor de
1,8 L/144 cv vai bem, porém faltará fôlego se uma versão de tração 4x4 fosse
disponível, o que não está nos planos da fábrica, pelo menos no momento. O câmbio
automático convencional de seis marchas faz trocas rápidas. No desempenho
geral, o Tracker fica atrás da versão Titanium do EcoSport e do Duster
Dynamique, ambos de 2 litros e potências semelhantes, mas que entregam valores
de torque superiores.
A partir de
março de 2015, é provável que volte o livre comércio Brasil-México, com ajuda
da taxa de câmbio. Seria ideal a concorrência sempre prevalecer, sem
intervenções.
RODA
VIVA
DEPOIS do Golf VII, o próximo modelo a
utilizar no Brasil a arquitetura MQB da Volkswagen será o novo Fox, em 2016.
Antes disso, já em 2014, o compacto receberá atualização de linhas. Polo
continuará até o final do próximo ano. Gol compartilhará a arquitetura com o up!,
este previsto pela coluna para estrear em fevereiro de 2014.
INMETRO passou a classificar de A a E,
a partir deste mês, no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) as
emissões de gases regulamentadas (CO, HC e NOx), além do gás carbônico (CO2)
já constante da tabela. Difícil é encontrar carros nas lojas com o selo PBEV,
mesmo entre fabricantes que se comprometeram. Lamentável.
REESTILIZAÇÃO do Camaro para o
ano-modelo 2014 focou na aerodinâmica. Estilistas ousaram na parte frontal, sem
se afastar muito da proposta de referência ao modelo original, de 1966. Mas, na
traseira, o carro perdeu personalidade com lanternas sem inspiração. Houve
ainda retoques no interior e o preço subiu para R$ 210.000 pela desvalorização
do real.
PARA impulsionar o Agile, a fábrica fez
alterações cosméticas em para-choques, grade, faróis e lanternas. Agora há
apenas a versão LTZ, a mais equipada, a partir de R$ 42.990. Redefinição de
relações de marchas e diferencial melhorou, ligeiramente, a utilização do
câmbio automatizado (uma embreagem) que custa R$ 2.500. Volante de direção
passou a ter base reta.
FÁBRICAS têm oferecido preços fechados
de revisões mais acessíveis. Mas, várias impõem visitas semestrais às
concessionárias. Isso traz custo de deslocamento para o consumidor, além de
troca de óleo, na maioria dos casos desnecessária. Assim, devem-se somar gastos
indiretos, além do valioso tempo das pessoas. Ainda bem que nem todas têm essa
política, no caso Fiat, GM e Nissan entre outras.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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