ALTA RODA, Fernando Calmon
Com a
chegada da terceira geração do Focus o segmento de médios-compactos recebeu um
forte sopro de atualização. Cenário é diferente entre hatches e sedãs. O
primeiro perdeu participação em grande parte por falta de novidades e o segundo
está consolidado por representar alinhamento quase total com modelos existentes
no exterior.
A Ford
decidiu aumentar o foco (com perdão do trocadilho) justamente no sedã em razão
de histórico baixo índice de aceitação frente aos japoneses Civic e Corolla,
além do Cruze. Quanto ao hatch, sua vida foi facilitada pelos longos anos de pouco
investimento no Golf. Agora abriu duas frentes de batalha: contra o Golf VII e
ainda o novo Corolla (primeiro semestre de 2014).
Entre as
decisões estratégicas da Ford está a igualdade paulatina de produtos em todas
as suas fábricas no mundo. Hoje a diferença pode chegar a dois anos, mas deve
cair para 1,5 ano, em média. No caso do Focus haverá na Europa reestilização
frontal no próximo ano. O modelo atual, no entanto, deverá ser o primeiro
automóvel produzido na região (no caso, Argentina) a obter o máximo de 5
estrelas no critério Latin NCAP, em teste de impacto patrocinado, já em
novembro.
Motor de 2
litros/178 cv também é primeiro flex com injeção direta capaz de funcionar com
etanol puro (nos EUA, 15% de gasolina). Garante partida até 10 °C negativos,
sem ajuda de gasolina ou preaquecimento elétrico, graças principalmente aos 150
bar de pressão de injeção (30 vezes maior que a indireta convencional). Ganho
de potência foi de 13% e consumo médio caiu até 15%, só possível com injeção
direta, um recurso caro. Motor de 1,6 L manteve partida com preaquecimento
elétrico e injeção convencional, mas ganhou 5 cv (agora 135 cv) e nota A
(máxima) pelo critério Inmetro.
Estilo do novo
Focus é atraente, em especial desenho do teto do sedã e lanternas traseiras do
hatch. Interior tem acabamento cuidadoso, bancos envolventes e painel em espuma
injetada (toque macio) em toda a extensão, material caro que concorrentes
aplicam com parcimônia. Versões de topo oferecem vários equipamentos
sofisticados como tela tátil de 8 pol. e assistência mãos-livres para
estacionar. Faltam para-brisa com faixa degradê e pintura interna do capô na
cor externa. Freios traseiros a tambor, nas versões de entrada, não se
justificam pelo bom nível do carro. Porta-malas do sedã perdeu 105 litros: agora,
421 litros, o menor do segmento.
Avaliação
inicial do Focus sedã, na região vinícola de Mendoza, Argentina, mostrou destaque
tradicional em dirigibilidade – ainda melhor com direção de assistência
elétrica – e comportamento exemplar em curvas. Motor de 2 litros, único
disponível nesta versão (no hatch há as duas possibilidades), tem funcionamento
bastante suave. A caixa de câmbio automatizada de duas embreagens e seis
marchas funciona melhor do que no Fiesta: trocas rápidas e exatas. Desempenho geral
reflete certa inferioridade a concorrentes com motores turbo de potência
inferior.
Preços vão
de R$ 60.990 a R$ 87.990 (hatch) e R$ 69.890 a R$ 89.900 (sedã). São bastante
competitivos, inclusive na montagem dos pacotes e na oferta de equipamentos de
ponta. Garantia completa de três anos.
RODA
VIVA
MERCEDES-BENZ confirmou a produção de automóveis
no Brasil. Além do GLA, um SUV compacto na mesma arquitetura do Classe A,
recém-apresentado no Salão de Frankfurt, fabricará também o novo Classe C, a
estrear no Salão de Detroit, em janeiro próximo. Pequeno município de
Iracemápolis, a 150 km de São Paulo, foi o escolhido graças à infraestrutura do
estado.
COINCIDENTEMENTE, investimento de R$
500 milhões é idêntico ao anunciado pela Audi, duas semanas antes (17 de
setembro). Da mesma forma, capacidade de produção inicial de 20.000
unidades/ano para ambas. E parece combinado, mas não foi: as duas marcas alemãs
escondem o terceiro produto para completar 30.000 unidades/ano: os hatches
Classe A e A3.
CERTAS decisões técnicas não deveriam
tardar tanto. No caso, uma caixa de câmbio automática atualizada, de seis
marchas, com respostas precisas, sem trancos ou hesitações. Dessa forma, o Citroën
C4 Lounge entrega bom compromisso preço-desempenho, mesmo com o motor de 2
litros/151 cv, que mostra casamento perfeito, em uso urbano e em estradas.
VEM AÍ uma leva de motores com
turbocompressores de menor cilindrada (técnica de downsizing), fabricados no
Brasil, para atender, tanto metas obrigatórias como incentivadas, de redução de
consumo de combustível. Preferidos serão motores de 1,4 litro, mas também os de
1 litro serão resgatados da situação atual, meio no limbo das preferências dos
consumidores.
ESTÁ mais fácil solicitar indenizações
do seguro de acidentes chamado popularmente de obrigatório (DPVAT, sigla
quilométrica criada pela burocracia). Toda a documentação pode ser levada a
qualquer agência dos Correios (desde que não esteja em greve...) para dar
início ao processo, sem a necessidade de intermediários. Espera-se, assim,
diminuição de fraudes.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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