Aquela plantinha no painel do Honda CR-V vicia. Não fosse por ela e pelo 'Eco Assist', semicírculos luminosos ao lado do velocímetro que iam de branco a verde vivo de acordo com a pressão no acelerador, a boa média de consumo obtida pelo SUV, de 8 km/l de etanol entre cidade e estrada, não seria possível.
A arvorezinha só está lá por causa do botão 'Econ', à esquerda do volante. Acionado, ele muda a resposta do acelerador eletrônico do CR-V, tornando as acelerações mais lentas e graduais, enquanto as trocas de marcha passam a acontecer em rotações mais baixas, privilegiando, assim, o consumo. Mas se você não estiver preocupado com isso, aperte novamente o botão, suma com a plantinha dali e ganhe um carro bem mais ágil. De todo jeito as luzes ao lado do velocímetro vão permanecer ativas só para lembrar você que, afinal, são quase 1.600 kg de massa empurradas por 19,5 kgfm de torque e 155 cv de potência (com etanol) extraídos pelo motor 2.0 16v i-VTEC FlexOne. Ou seja, para economizar, só mesmo aliviando o pé.
Mas a consciência verde do Honda CR-V é só uma de suas características positivas. Para conferir tudo o que ele oferece, dividimos o teste em 2 partes simulando o uso típico dos proprietários de SUVs deste porte. Durante a semana colocamos o CR-V para rodar na cidade a maior parte do tempo, enfrentando trânsito, procurando vagas no centro de Campinas e em shoppings e fazendo viagens curtas, e no domingo subimos a Pedra Grande, pegando a rodovia D. Pedro até Atibaia (SP) e encarando terra batida, algumas subidas íngremes, cascalho solto em alguns trechos e muita poeira.
Na cidade se aproveita melhor todos os recursos de conforto e conveniência que o Honda CR-V traz. É uma lista bem grande: ar condicionado digital (e glacial) dual-zone, direção elétrica com assistência variável, vidros elétricos com one-touch para as 4 portas, retrovisores elétricos, travas elétricas e alarme com acionamento na chave, teto solar elétrico, coluna de direção regulável em altura e profundidade, computador de bordo, sistema multimídia com rádio, CD/MP3/WMA player, entradas auxiliares P2 e USB, GPS e Bluetooth, volante multifuncional com comandos do sistema de áudio, telefonia, controlador de velocidade e computador de bordo, sensores de chuva e luminosidade, bancos revestidos em couro, vários porta-objetos, airbags frontal, lateral e de cortina, freios a disco nas 4 rodas com ABS, EBD e assistente de frenagem de emergência, controles de tração e estabilidade, Hill Start Assist (assistente de saídas em rampas), Isofix no banco traseiro e câmera de ré. Os R$ 115.900,00 pedidos por ele justificam o recheio.
O comportamento dinâmico do CR-V explica por que a Honda o chama de crossover, e não de SUV. O conjunto motriz é totalmente calibrado para o conforto: suspensão macia (independente nas 4 rodas), trocas de marcha suaves até a terceira e imperceptíveis daí para a frente, direção levíssima em manobras e bancos que são, na verdade, poltronas. Porém, encontrar a perfeita posição de dirigir só não é mais fácil por causa da alavanca com posições fixas de regulagem do encosto, quando uma roldana com ajuste milimétrico seria melhor. Mas assento e coluna de direção se ajustam em altura e distância, permitindo que o motorista se acomode bem e não se canse ao dirigir.
Essa maciez toda traz outro inconveniente. Apesar de contar com tração 4x4 permanente e controles de tração e estabilidade, os pneus 225/65 R17 que equipavam o Honda CR-V EXL cedido para o teste eram muito impacientes, chiando cedo nas curvas, e nelas a carroceria adernava mais do que o razoável. Mesmo sem desvio de trajetória, isso diminui a sensação de segurança do motorista comum.
Apesar disso, na cidade o Honda CR-V vai bem. Imponente, ele parece maior do que é, mas apesar de largo (1,82 m) ele é mais curto (4,53 m) que a maioria dos sedãs médios vendidos hoje por aqui. Além do mais, estacioná-lo é fácil graças não só à já citada direção elétrica, mas à câmera de ré com marcador de distância. Com ela, um sensor de estacionamento nem faz falta, mas é preciso se acostumar com os gráficos em vez de se acomodar com o "bip-bip-bip" típico. A visualização do painel é excelente a qualquer hora, com o GPS trabalhando bem e a tela superior mostrando hora e estação do rádio.
Na estrada, desde que não se queira abusar nas curvas, o CR-V também é desenvolto. Silencioso, basta ligar o controle de velocidade para aproveitar uma condução ainda mais tranquila. Em trechos irregulares ele até oscila um pouco, mas não incomoda. A qualidade do sistema de áudio é boa, mas poderia haver um equalizador gráfico mais completo: faltam médios. Outra coisa de que não gostei foi o excesso de plástico no acabamento. Não há nada mal encaixado, pelo contrário: a qualidade de montagem é excelente. Mas num carro deste preço é incompreensível a ausência de superfícies mais agradáveis ao toque.
A calibração macia da suspensão se mostrou providencial no trecho de terra que pegamos até o topo da Pedra Grande. Resolvi também desligar o botão 'Econ' ao sair do asfalto e o CR-V se tornou outro carro. Valetas, 'costelas-de-vaca' e pedriscos eram simplesmente ignorados; sem exagero, em grande parte do trajeto era como se estivéssemos numa pista sinuosa de asfalto. A tração integral somada às respostas mais ágeis do acelerador fizeram diferença, entregando mais grip nas curvas e deixando-o encarar os trechos de subida com agilidade e destreza inesperadas. Mas como nada é perfeito, ele falhou numa tentativa simples de subir de lado numa rampa de pedra para fazer uma foto: a roda que ficou no ar girou em falso e o carro não se mexeu. Foi preciso descer, reposicionar o carro e entrar de frente para conseguir subir.
Isso confirmou a vocação deste Honda, como da maioria dos SUVs ou crossovers atuais com apelo urbano: carros excelentes para famílias que rodam a maior parte do tempo no asfalto e pegam trechos leves de terra eventualmente. Espaço, há de sobra para 5 ocupantes e muita bagagem (589 litros declarados). Conforto, conveniência e entretenimento a bordo o CR-V garante para todos. Descer para a praia com ele é diversão na certa, mas não se arrisque a colocá-lo na areia fofa. Nem tente ir para o sítio da vovó que fica no alto da serra em dias de chuva. Pode ser que você não consiga chegar para provar os biscoitos.
Realmente um excelente carro, boa mecânica e pós venda, o único inconveniente é que o preço de tabela, que já é um tanto exagerado para o que o carro oferece, não é o preço praticado pela ccs que cobram acima do valor de tabela ágio de R$ 10.000,00, e aí não tem custo benefício que justifique tal margem de lucro.
ResponderExcluirCarro é bom mas o motor poderia ser mais forte!
ResponderExcluirEsse relato de ineficiência na areia me faz repensar a compra e saber mais sobre o Mitsubishi ASX 4x4......
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