ALTA RODA, Fernando Calmon
Foto: Maximiliano Moraes |
O Salão do Automóvel de São Paulo, que se encerra no dia 9 deste mês, surpreende pelo conjunto da obra. São vários lançamentos, nacionais e importados, mas com diferentes graus de importância que, somados, tornam essa edição uma das melhores da história. A rigor, um modelo se destacou por significar a reestreia de uma marca tradicional, que já produziu no Nordeste brasileiro há mais de cinco décadas, e volta para a mesma região com fábrica muito maior. O Jeep Renegade é nova referência entre os utilitários esporte compactos pela ampla gama prometida que inclui câmbio automático de nove marchas, motor diesel, assistente de estacionamento e teto solar removível.
Esse segmento, no entanto, teve muitas outras novidades. Honda HR-V e Peugeot 2008, embora sem aptidões fora-de-estrada como o produto da Fiat Chrysler, estão prontos para a produção, os três ao longo de 2015. A Nissan avançou com seu SUV também para o mesmo público, o Kicks (nome provisório), que surgiu no Anhembi com estilo arrojado e bem próximo ao definitivo, provavelmente para o final de 2015. Chamou tanta atenção que o sedã Versa, levemente reestilizado e agora já na linha de montagem, ficou em plano secundário. Até as marcas chinesas Chery e JAC não deixaram passar a oportunidade com o Tiggo 5 e o T5, respectivamente. A Suzuki surpreendeu graças ao novo S.Cross.
A confirmação da fabricação aqui do SUV médio-compacto Land Rover Discovery, como primeiro produto da marca inglesa, já era esperada. Ao seu lado no mesmo estande, o elegante sedã médio-grande Jaguar XE, ainda com volante no lado direito, é um bom indicativo de que também está nos planos das instalações de Itatiaia (RJ) em 2016.
Interessante as diferentes estratégias da Renault e da Fiat em relação às suas novas picapes. Enquanto a Duster Oroch aparecia em lugar de destaque, com estilo e nome definido, como a primeira compacta de cabine dupla e quatro portas no mercado, a Fiat decidiu disfarçar bastante sua inédita picape média. Na realidade, ambas ainda não disputam essa categoria e, portanto, poderiam se exibir de forma mais aberta. Entretanto a marca italiana exagerou no disfarce e no conflito de proporções, apesar de rumores apontarem para sua estreia no segundo semestre do próximo ano antes mesmo da Oroch.
Pseudoaventureiros continuam a surgir, a exemplo do cross up!, Spin Activ, Sandero Stepway e Saveiro Cross cabine-dupla.
Já a Hyundai deu boas indicações de como evoluirá o estilo do HB20 por meio do conceitual R-Spec (SUV compacto, aliás, também nos planos para 2016) e reintroduzirá o Veloster agora com motor adequado, 1,6 L turbo/204 cv. Discretamente, a Citroën exibiu no C4 Lounge o primeiro turbo flex (173 cv/etanol) de uma marca de alta produção, antes disponível apenas no BMW Série 3.
Entre importados, vários lançamentos do recente Salão de Paris já valem a visita ao de São Paulo: Mercedes-AMG GT, BMW i8, Porsche 918 Spyder, Audi Off Road Concept, Lexus NX, Honda NSX, Nissan GT-R e Toyota FCV (primeiro elétrico de série a usar pilha a hidrogênio), além de carros bonitos embora de venda limitada como as peruas Classe C e Golf Variant. As duas americanas têm o Ford Mustang (importação é certa) e o Corvette Stingray (ainda em avaliação).
RODA VIVA
RUMORES dão conta de que recentes quedas de vendas e dificuldades financeiras crescentes de quase todos os fabricantes (também chamado de “Prejuízo Brasil”) levariam a possível pedido de revisão das metas de diminuição de consumo de combustível do Inovar-Auto, previstas para 2017. Anfavea nega qualquer mudança.
FATO é que, em momento econômico ruim, a indústria terá de desembolsar muito. Fala-se que o governo federal prepara para meados de 2015 decreto de compras preferenciais de veículos com melhor selo de consumo (A ou B). Trata-se de outro desafio pois até agora o programa de etiquetagem é voluntário. Governo recuará?
HYUNDAI Grand Santa Fe, um dos poucos SUVs para sete passageiros, entrega o que promete. Espaço interno generoso, motor V-6/270 cv/32,4 kgfm silencioso e adequado ao peso do veículo, desempenho razoável em uso leve fora-de-estrada graças a um sistema moderno 4x4, vários comandos elétricos (até do freio de estacionamento). Suspensão poderia ser mais firme.
FENABRAVE, banco estatal Caixa e seu associado PAN assinaram acordo, semana passada, para apoiar as vendas de fim de ano das concessionárias. Serão oferecidas taxas de juros mais baixas, pagamento inicial após o Carnaval e financiamentos de natureza emergencial às empresas. Sem dúvida ajuda, mas as condições econômicas ainda precisam melhorar muito.
PESQUISA da Fundación Mapfre, ligada à seguradora espanhola, indicou que itens de segurança estão em terceiro lugar na ordem de preferência dos comparadores no Brasil. Motivo principal é o preço e depois a marca. Amostragem foi pequena – 300 consumidores – e não deixa de surpreender. Afinal, quando opcionais, aqueles equipamentos não costumam estar entre as prioridades.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de mais de 100 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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