"Ai, que lindinho! Todo pequenininho, estiloso, adorei! Mas eu escolheria outra cor, talvez um todo branco, mais de menininha. Esse aí tá muito machinho."
O comentário fofinho da menina que pediu para ver o interior do JAC J2 Jetflex no estacionamento do shopping confirma o que se vê no trânsito: quem mais compra J2 é mulher. No dia que resolvi prestar atenção contei 13 deles no trânsito, TODOS dirigidos por mulheres e apenas 1 com faixas no capô, um dos itens de personalização comercializados pela JAC para o compacto. Não é difícil, portanto, entender o "torcer de nariz" da menina para o J2 preto com teto branco, faixas contrastantes e rodas escuras. Ficou com cara de mau.
É completo, mas ergonomia deixa a desejar |
Completo como todo chinês, ele traz uma lista bem interessante de equipamentos, que inclui ar condicionado, direção hidráulica, vidros elétricos nas 4 portas, comandos elétricos dos retrovisores, travas elétricas com alarme, sensor de estacionamento traseiro, rodas de liga leve, faróis de neblina, sistema de áudio com entrada auxiliar, airbag duplo e ABS com EBD. O preço sugerido de R$ 37.990,00 no site é menor do que o de muitos compactos 1.0 com nem tantos itens de série assim. Mas o melhor é que o J2 é o tipo de carro que revela prontamente as suas características, não demora pra cativar. Por isso, talvez, e não só pelo preço mais baixo de toda a linha, ele seja o modelo mais vendido da marca no país e consiga atender bem tanto ao público feminino quanto masculino.
Mulheres gostam, além do design, das dimensões compactas do J2. Leve e fácil de estacionar, ele cabe em qualquer vaga, entra em qualquer espaço. Outros J2 que dirigi costumavam ter direção hidráulica bem leve em manobras e um pouco bamba em velocidade, mas nesta, estranhamente, o sistema estava mais pesado tanto para manobrar (o que é ruim) quanto na estrada (o que é bom). O volante fino demais podia melhorar; trocá-lo ou, pelo menos, revesti-lo de couro seria opção para melhorar a pega. O câmbio, por outro lado, melhorou bastante. Mesmo que a JAC afirme não ter mexido em nada os engates estão mais macios e justinhos, o que torna as acelerações ainda melhores.
Sistema Jetflex eliminou o tanquinho extra de gasolina para partidas a frio |
Falando em acelerações, homens gostam das reações ariscas que o J2 proporciona. Ele é esperto como nenhum outro em seu segmento e usa a potência extra que o sistema Jetflex colocou no propulsor 1.4 16v VVT, agora com 113 cv e 14,5 kgfm de torque com etanol (ou 110 cv e 14,1 kgfm com gasolina), para acelerar de 0 a 100 km/h em 9,6 segundos e chegar aos 190 km/h (segundo a JAC), números bem plausíveis para os seus 915 kg de peso. Bem ágeis também são as curvas, graças ao fato de as rodas serem bem rentes às extremidades da carroceria. E ainda que ele aderne mais do que se espera de um carro com alguma pretensão esportiva, uma vez apoiado ele não sai da trajetória e transmite segurança.
Porta-malas leva apenas 121 litros |
Homens, porém, não vão gostar da péssima qualidade do áudio, das poucas opções de equalização e da insistência da JAC em manter a entrada USB que precisa de adaptador. Mulheres não vão gostar do fato de haver poucos porta-objetos, de não haver tampa do porta-luvas e de o porta-malas de apenas 121 litros levar tão pouca coisa. E ninguém vai gostar das falhas de ergonomia, com os comandos de vidros na parte inferior da seção central do painel, os comandos dos retrovisores muito recuados na porta e a pouca amplitude do ajuste de altura da coluna de direção. Falta ainda computador de bordo, ajuste de altura dos bancos e, a exemplo de todo o restante da linha, da altura do facho dos faróis. Pelo menos a visualização dos instrumentos melhorou com a nova iluminação branca; a azul cansava os olhos.
Espaço interno é suficiente para 4 ocupantes de estatura média; não é para pessoas "grandes" |
Não é justo reclamar do espaço interno. O que os 3,54 m de comprimento, 1,64 m de largura, 1,47 m de altura e 2,39 m de entre-eixos fazem pelos ocupantes está de bom tamanho, considerando que ninguém que tenha estatura mediana vai passar aperto. Não é, obviamente, carro para pessoas "grandes"; sua proposta é outra. Meu metro e noventa que o diga.
Fato é que o J2, apesar de não ser perfeito, continua uma excelente opção para o comprador que se desloca predominantemente na cidade, não tem filhos e viaja pouco ou tem outro carro maior na garagem para este fim. O seguro para a região de Valinhos é caro, com apólice mais em conta chegando aos R$ 3.660,00 e franquia de R$ 3.106,00, mas ele tem a vantagem de ser o único compacto do mercado com garantia total de 6 anos sem limite de quilometragem. Seu design ainda chama a atenção e ele é versátil a ponto de sair da concessionária vestido de tamagotchi branco ou de demoninho preto, a gosto do cliente.
Colaboraram: Eliane Fernandes (fotografia) / Aguiar Corretora
Concordo com as afirmações da reportagem, tenho um J2 Jet Flex que adquiri em Campinas e o carro realmente é recheado de aditivos (acessórios) que a concorrência simplesmente não tem como colocar e manter preços competitivos com a Jac. Em Campinas os Jacs vendem muito bem, e é muito comum ver carros da marca. Espero que a crise do Pais não desestimule esta empresa e que sua autorizada continue aberta na cidade.
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