ALTA RODA, Fernando Calmon
Novo Citroën C4 Picasso |
Enfim, boas notícias chegam de Brasília. Se não nas áreas política e econômica, pelo menos o otimismo vem de algumas regulamentações que afetam 60 milhões de brasileiros habilitados a dirigir os 40 milhões de veículos (sem incluir
motos) que formam a frota real circulante, excluídos os sucateados.
Sempre é bom reconhecer quando o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e seu órgão executivo máximo, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), acertam em decisões, mesmo quando significa voltar atrás em regulamentações polêmicas ou em desacordo ao bom senso. Verdade que há muitas pressões políticas e de fundo econômico de setores, no ganh a-e-perde com as Resoluções que têm força de lei, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Depois da decisão que tornou o extintor de incêndio facultativo em automóveis e comerciais leves, no mês passado, finalmente revogou a exigência de que todos os veículos viessem de fábrica com rastreador e bloqueador contra furtos e roubos. Já se sabia dos problemas técnicos e também do aumento de custos a onerar compradores em cidades pequenas e médias. No caso de caminhões, cada interessado achou soluções próprias. Também merece aplauso a criação do Registro Nacional de Veículos em Estoque que diminuiu custos na comercialização de veículos usados.
Uma sugestão ao Contran é regulamentar o chamado espelhamento dos celulares em telas multimídias. Alguns fabricantes de veículos, por falta de clareza na lei, inibem a reprodução de imagens de aplicativos (Waze, Google Maps e outros) muito úteis no traçado de rotas menos congestionadas em tempo real. Se se permite fixar um telefone no painel ou para-brisa com as mesmas informações, por que não numa tela mais nítida e segura de operar no painel dos veículos? Afinal, não se trata de imagens de filmes ou de TV, mas de mapas.
Algumas iniciativas do Congresso Nacional, porém, são desastrosas. Uma decisão puramente demagógica alterou o CTB e tornou falta gravíssima a multa por circular em qualquer faixa de ônibus. Antes havia uma graduação de multas – semelhante à velocidade em excesso – entre corredor (em geral do lado esquerdo e com estações de embarque) e faixas à direita. Não tem sentido igualar os dois tipos de infração. Faixas precisam ser interrompidas antes e depois de vias transversais, além do tráfego de entrada e saída de lojas, garagens e estacionamentos que deixam a “infração” ao arbítrio de quem multa, fora os casos controversos.
Entre os projetos que tramitam no Legislativo Federal está a de obrigatoriedade do uso de farol baixo em estradas durante o dia. Em países de alta incidência solar como o Brasil isso não tem sentido, sem considerar que farol de uso diurno precisa ser específico e deixar desligadas lanternas traseiras e dianteiras. Especialistas dos EUA estudaram o assunto e, apesar de 250 milhões de veículos que circulam por lá, descartaram essa medida.
O Contran poderia tornar obrigatório a DRL (luzes de uso diurno, em inglês), como se vê em vários modelos. Gastam pouca energia, sinalizam bem melhor e aumentam a segurança em estrada e cidade. Aceitas sem restrições em todos os países.
RODA VIVA
DURANTE o recente Fórum Direções, organizado pela Quatro Rodas, o ex-presidente da Audi no Brasil e atual presidente da Gol, Paulo Kakinoff, relembrou a frase famosa: “Reconheço duas coisas sobre a crise: não sei quando ela acabará, mas sei que acabará”. Compradores potenciais de carros novos, porém, continuam ansiosos: quando vão parar de adiar seus planos?
TERCEIRO trimestre de 2016 parece a resposta com mais adeptos entre os analistas. Supondo que este ano as vendas totais (veículos leves e pesados) alcancem 2,5 milhões de unidades, elas só voltariam a crescer – e lentamente – daqui a um ano. Para alcançar o patamar mágico de 4 milhões de veículos/ano (em 2012 foram 3,8 milhões) só em 2022. Uma década perdida!
NOVA arquitetura (maior por dentro, menor por fora), estilo menos amarrado ao padrão francês e itens sofisticados marcam os novos C4 Picasso e Grand C4 Picasso (7 lugares). Impostos altos e real desvalorizado puxaram os preços: R$ 111.900/117.900 e R$ 120.900/127.900, respectivamente, fora opcionais. Ousadia positiva é diferenciar o desenho das duas versões.
PROVA da virada da Volvo é o XC90. Além de imponente (4,95 m de comprimento), leva até 7 passageiros sem sacrificar demais os da terceira fileira. Motor 2 litros/320 cv usa turbo e compressor, mas sua sonoridade deixa a desejar, sem deixar de lidar bem com as duas toneladas de peso em ordem de marcha. Tela multimídia táctil vertical de 9 pol. é um dos pontos altos.
YON MOTOR é um rastreador de fácil instalação (menor e mais leve) que acaba de chegar ao mercado e adaptável a qualquer tipo de veículo por ser à prova d’água. Aplicativo gratuito para telefone inteligente permite, por exemplo, os pais monitorar a distância forma como os filhos guiam. Custa R$ 960,00, mais plano de dados (R$ 268,00/ano).
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de mais de 100 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de mais de 100 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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