ALTA RODA, Fernando Calmon
O Japão destaca-se por investir muito em tecnologia de comunicações e informática (TCI) e, não por coincidência, conquistou a posição de trânsito urbano e rodoviário entre os mais seguros do mundo. A cultura nipônica se destaca por planejar longamente, avaliar tudo o que pode dar errado e, só então, executar com firmeza e prazos cumpridos à risca.
Pela limitação de espaço viário desenvolveu legislação veicular específica. Só lá existe a categoria chamada kei-jidosha (carro leve, em tradução literal do japonês) que recebe vantagens tributárias e de custo de seguro. Para ficar livre da obrigatoriedade de garagem, ativo bastante caro no limitado solo japonês, exigem-se comprimento e largura máximos de 3,4 m e 1,45 m, respectivamente, além de motor de até 660 cm³. Nos demais modelos a largura também é tributada à parte.
Carros importados sempre sofreram algum tipo de cerceamento, chamadas barreiras não tarifárias. Isso mudou com o os recentes acordos de livre comércio. Tanto que marcas europeias e americanas voltam agora ao bienal Salão do Automóvel de Tóquio. Sua 44ª edição será de 29 de outubro a 14 de novembro (17 dias, tão longo como o de Paris).
Uma das atrações é o projeto temático Smart Mobility City (Cidade com Mobilidade Inteligente ou SMC em inglês). Trata-se de um enorme pavilhão para representar uma cidade fictícia, porém real em alguns pontos. Os visitantes poderão testar protótipos de direção autônoma e antever avanços da mobilidade individual no futuro. Apesar de sistemas coletivos de transporte funcionarem muito bem lá, o Japão sabe que nada substitui a liberdade motorizada, seja com unidades a combustão interna, híbrida ou elétrica.
A experiência gente-carro-cidade promete sensações inéditas nesse tipo de exibição. Novos meios de locomoção, estilo de vida, mudanças sociais e de valores se juntam às próximas gerações de veículos. Os organizadores atraíram fabricantes de autos e companhias dos setores privado e público envolvidas em telecomunicação, meio ambiente, energia, desenvolvimento urbano, construção civil e materiais avançados para demonstrar produtos, tecnologias, sistemas e serviços de ponta.
Mais impressionante será a Estação Principal, no centro SMC. O local apresentará tecnologias e meios avançados de transporte. As pessoas poderão dirigir veículos de micromobilidade (lugar só para o motorista) e inclusive sair do pavilhão para estender a avaliação.
A segunda estação é o Laboratório de Pesquisa de Mobilidade Pessoal. De acordo com os organizadores, as instalações reproduzem a busca incessante pela coexistência harmoniosa entre veículos e pessoas. De forma inédita, se realizarão testes de forma contínua no seu interior e quem quiser opinar ou colaborar com sugestões terá atenção especial.
Última parada foca nos laboratórios de TCI, porém amplia o escopo para Energia e Entretenimento. Haverá demonstrações e testes com carros de direção autônoma em área espaçosa no teto do prédio que abriga a exposição.
A SMC 2015 está em sua terceira edição – começou no Salão de Tóquio de 2011 – e agora se transforma em polo de atenção para visitantes de todo o país e do exterior.
RODA VIVA
QUEDA nas vendas vem atingindo ritmo de investimentos em fábricas novas ou novos produtos. Fornecedores acenam que o segundo SUV (Projeto 551) da Jeep, em Goiana (PE), está em compasso de espera. Já o subcompacto da Fiat (Projeto X1H), em Betim (MG), confirmado para início de 2016, sairá com motor 4-cilindros. O 3-cilindros (nova geração) só no final do próximo ano.
SUBARU WRX é daqueles carros feitos para quem gosta de explorar todas as virtudes de um sedã esportivo de verdade. Desenho pode não atrair tanto, mas mecanicamente conquista pela tração nas quatro rodas e o novo motor turbo de 2 L, 268 cv e 37,7 kgfm. Um automóvel totalmente previsível. Seu câmbio automático CVT é bom, mas em altos regimes não empolga.
APERTO financeiro chegou à ANP, encarregada de monitorar a qualidade de combustíveis em todo o Brasil. Número de postos vigiados caiu mais de 50%. Recomenda-se pedir e guardar nota fiscal para possíveis reclamações contra fraudes. Para piorar, a NGK tem encontrado contaminação de óxido de ferro em velas de ignição, um desleixo de transporte e tancagem.
LANÇADO semana passada, sistema online de controle de autopeças, parte importante da Lei do Desmanche, do estado de São Paulo, para inibir furto e roubo de veículos. Agora se pode consultar por QR Code de celulares e tabletes a procedência a partir de etiquetas afixadas em cada peça com número único de série. Uma garantia de compra com origem legal.
POUCOS sabem que a GM colocou na internet versões digitalizadas de manuais de proprietário de todos os seus modelos produzidos ou comercializados no Brasil de 2008 a 2016. Mão na roda para quem extraviou o livreto. E em outro site www.reparadorchevrolet.com.br há manuais completos de reparação com vista explodida para identificação de códigos das peças.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de mais de 100 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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