domingo, 28 de fevereiro de 2016

JAC T5 - PRIMEIRA VOLTA


Por Maximiliano Moraes
Colaborou: Rodrigo Fernandes
Fotos: Maximiliano Moraes



Estivemos, na última sexta-feira, no lançamento nacional do modelo que, pode-se dizer, marca um recomeço para a JAC Motors no Brasil. O crossover T5 deixou de ser somente mais um produto no portfólio da marca para se tornar o primeiro produto a sair da fábrica de Camaçari (BA).



R$ 80 milhões já foram investidos na planta. Mas com a economia brasileira em recessão acentuada e contínua, era preciso direcionar os novos investimentos para tornar a fábrica lucrativa o quanto antes e minimizar os riscos. O antigo projeto foi, então, adequado para uma estrutura menor e mais enxuta, que em vez de fabricar o hatch compacto anunciado como substituto do J3 irá montar, em regime de CKD, a versão com câmbio CVT do crossover T5. Sérgio Habib, em coletiva de imprensa, afirmou ser o T5 um modelo mais maduro e ágil em termos de atualizações, considerando o fato de ser ele o líder de vendas na China em seu segmento, além de ser bem mais aceitável em nosso mercado na conjuntura atual.




O sucesso não é sem motivos. O T5, além de apresentar design original e marcante, tem soluções de espaço, tecnologia e segurança superiores aos oferecidos pela concorrência tanto lá quanto aqui. A JAC Motors aponta não somente os SUVs compactos Ford EcoSport e Renault Duster, em suas versões de entrada, como concorrentes diretos do T5, mas também a minivan aventureira Citroën AirCross e os hatches aventureiros Renault Sandero Stepway, VW CrossFox e Hyundai HB20X.



O motor é o conhecido 1.5 16v VVT JetFlex, mesma unidade que equipa a linha J3 Flex. A potência declarada é de 127 cv, enquanto o torque chega a 15,7 kgfm a 4.000 rpm com etanol. A fábrica divulga aceleração de 0 a 100 km/h em menos de 11 segundos, com 194 km/h de velocidade máxima. Num primeiro momento só o câmbio manual de 6 marchas está disponível, mas a partir do próximo semestre o T5 terá também opção de câmbio CVT.



A marca destaca a central multimídia do T5 como sua principal feature. De fato, a enorme tela de 8 polegadas salta aos olhos, tendo boa resolução e bastante sensibilidade. A central agrega ainda áudio com qualidade sonora adequada e fácil equalização de frequências, leitor de arquivos MP3, Bluetooth, entradas USB e SD card, conexão HDMI, transmissão de imagens da câmera de ré e Mirror Link para espelhamento de telas de smartphones. Porém, esta central multimídia não está em todos os pacotes.



Fazem parte da lista de itens de série da versão de entrada (Pack 1) ar condicionado automático digital, acionamento elétrico dos vidros das quatro portas, trava central e retrovisores externos, alarme antifurto, encostos de cabeça e cintos de segurança de 3 pontos para todos os 5 ocupantes, TPMS (sistema de monitoramento de pressão dos pneus), sensor de estacionamento, computador de bordo, freios com ABS, EBD (distribuição eletrônica de frenagem) e BAS (assistente de frenagem de emergência), sistema BOS (pedal do acelerador inteligente, cuja ação é anulada sempre que o pedal do freio é acionado), Isofix no banco traseiro, faróis com regulagem elétrica e sensor crepuscular. Com este pacote o JAC T5 tem preço sugerido de R$ 59.990,00.



Por R$ 64.990,00 o comprador leva o Pack 2, que acrescenta à lista rodas de liga leve aro 16, faróis e lanternas de neblina, rack no teto, HSA (assistente de partida em rampas) e ESP (controle de estabilidade). A versão topo-de-linha traz o Pack 3, que inclui, além de todos os demais itens das listas acima, bancos revestidos em couro, câmera de ré e o sistema multimídia com Mirror Link. O preço sugerido para o consumidor final é de R$ 68.990,00. Para efeito de comparação, as versões de entrada do Renault Duster e do Ford EcoSport - bem menos equipadas - custam, respectivamente, R$ 65.500,00 e R$ 67.000,00.

PRIMEIRA VOLTA



Característica conhecida dentre os modelos da JAC é o fato de o rendimento dos motores melhorar consideravelmente depois de amaciados. O T5 não fugiu à regra; a unidade de test-drive, com poucos quilômetros no hodômetro e rodando o tempo todo com 3 ocupantes e ar condicionado ligado, mostrou certa hesitação para sair em ladeiras e a necessidade de mais reduções em ultrapassagens do que sua relação peso x torque sugeriria. Mas seria injusto dizer que o crossover não nos surpreendeu.



3 jornalistas a bordo com mais de 1,80 m de altura não encontraram qualquer dificuldade de acomodação. Há espaço suficiente para pernas, ombros e cabeça em qualquer um dos lugares que se escolha para viajar, inclusive e especialmente o do motorista. A JAC cita ainda o espaço no porta-malas como uma das grandes vantagens do T5 em relação à concorrência: são 600 litros de capacidade. Ainda que a posição de dirigir seja típica de SUV, com banco alto e volante ligeiramente inclinado, não existe desconforto nem má ergonomia: todos os comandos são de fácil acesso e manuseio. É ainda digno de nota o acabamento interno, com plásticos de boa aparência e sensação tátil, bancos confortáveis e bem revestidos (com destaque para as costuras vermelhas) e, na unidade avaliada, apenas um pequeno desnível na régua plástica acima da central multimídia.



No test-drive, que partiu do Shopping Aricanduva (zona leste de São Paulo) até à Riviera de São Lourenço, em Bertioga (litoral) o T5 encontrou rodovia com velocidade máxima permitida de 120 km/h e trecho de serra de dificuldade moderada. Naquela velocidade o baixo nível de ruído a bordo agradou bastante - mérito, em parte, do acerto da transmissão que permite rodar a esta velocidade com apenas 2.600 rpm. Foi ainda interessante notar a melhora de sua desenvoltura depois de embalado e em rotações mais altas, mostrando que mesmo apresentando sistema variável de abertura de válvulas o motor gosta de girar.



Confortável, o JAC T5 filtra imperfeições no asfalto com muita competência e em curvas de alta a carroceria aderna um pouco, mas não chega a transmitir insegurança. O controle de estabilidade entra em ação cedo - fomos avisados desta característica do sistema. A ideia foi tornar o T5 um carro muito seguro e previsível, tipicamente familiar. Único senão está no funcionamento do sistema elétrico de assistência da direção, que adequadamente leve em manobras, poderia assumir mais peso em velocidade.



A responsabilidade do JAC T5 é imensa. Tendo amargado quedas sucessivas em vendas e fechamento de concessionárias tanto por causa da imposição do regime Inovar-Auto quanto pela crise financeira atual, a JAC Motors vê, com o crossover, a oportunidade de voltar a crescer. Tomando por base o histórico de vendas no ano passado, com o SUV T6 se tornando o modelo mais vendido da marca mesmo tendo sido junho o primeiro mês cheio de vendas e mesmo sendo ele um dos produtos mais caros do line-up, o prognóstico para o T5 é promissor. É um produto de qualidade, bem mais equipado que a concorrência, com preço justo, que agradou muito durante o test-drive e mostra uma fase bem mais madura da marca.

Viagem a convite da JAC Motors

Um comentário:

  1. O carro é bom, bonito e completo. Irá vender algumas unidades para entusiastas (provavelmente estou entre eles) e só. Duas coisas não deixam as chinesas abocanhar uma fatia maior do nosso mercado, o pós venda e o preconceito do consumidor

    ResponderExcluir