segunda-feira, 4 de julho de 2016

DE OLHO NA NOVA ECONOMIA, GM BRASILEIRA TESTA SISTEMA DE COMPARTILHAMENTO DE VEÍCULOS


PRÓXIMOS DESTINOS, Alberto Martins

Maven, programa de compartilhamento de automóveis em teste pela GM, permite o uso do automóvel com reserva via app e pagamento por hora ou por dia, com combustível e seguro inclusos


Apresentado há cerca de um mês, o Maven é um programa de compartilhamento de automóveis desenvolvido pela montadora americana, agora em testes no Brasil. Com a proposta de complementar as soluções de mobilidade, oferece a possibilidade de uso do automóvel com pagamento por hora ou por dia, via app, com combustível e seguro inclusos.

Ainda em modo piloto e restrito a funcionários cadastrados do Complexo Industrial da marca em São Caetano do Sul, o sistema promete aos usuários acesso aos veículos através da plataforma no celular. Agrega-se a ele ainda o acesso ao OnStar, sistema de telemática lançado no ano passado que, apesar de confundido em geral com um mero "GPS humanizado",  funciona como um secretário no ciberespaço que interage com o motorista via central eletrônica do veículo.

Por que isso?

Novos arranjos econômicos e sociais têm balançado os mercados, e isso não é diferente com automóveis. O alto custo de materiais e energia, além da conscientização ambiental, leva-nos a pensar em novos modos de consumo, onde o resumo mais simples pode ser entendido como: consumir itens de melhor qualidade e gastar menos. Com menos dinheiro para comprar mais produtos de melhor qualidade, opta-se então por pagar apenas para usar o necessário, dispensando transtornos como ter que guardar, dar manutenção, ou pagar taxas e impostos anuais. Partimos, portanto, da sociedade de consumo para a sociedade de compartilhamento, onde se usufrui (e se paga) apenas pelo tempo necessário e o custo é diluído entre todos que participam da plataforma.

Com o automóvel não seria diferente: caro para adquirir e manter, grande para guardar e difícil de usar nos grandes centros, transita de solução a problema em instantes. Mas é inegável que em alguns momentos ele assume a melhor possibilidade em mobilidade ao permitir flexibilidade de trajeto, customização de uso e privacidade.

Atenta a este movimento, a Chevrolet é ambiciosa ao sinalizar que trata-se do teste para um serviço: "GM está na vanguarda de redefinir o futuro da mobilidade pessoal com o lançamento do nosso piloto de serviço de compartilhamento de carros, com a inovação e a liderança em conectividade veicular através de OnStar. Estamos numa posição única para fornecer o alto nível de serviços personalizados de mobilidade urbana que os nossos clientes esperam hoje e desejam no futuro", disse Santiago Chamorro, presidente da GM do Brasil.

Solução Urgente

Vilão do século, o automóvel teve sua extinção aclamada diversas vezes. Hostilizado em ações como o rodízio veicular, as restrições de emissões e a redução das áreas de estacionamento, precisa ser visto não mais como uma extensão do corpo de quem o porta, mas como uma parte da solução multimodal de transportes. Combinado com transportes não poluentes e com transporte público, mas com jeitão de transporte privado, o car-sharing não elimina o automóvel, mas tira dele o formato desajeitado de armadura fixa, e o conduz a uma útil e transitória ferramenta.

Este novo formato de uso pede da fabricante atenção para a sobrevivência e este é o esforço em implantar o serviço. Menos consumidores comprando carros significam um futuro próximo com menos receita, e por isso a experimentação de um novo modelo de negócios é urgente. Uber e ZazCar já trazem serviços próximos, especialmente o segundo.

Diferentes plataformas de integração modal de transportes já são experimentadas pela própria GM em outras partes do mundo, através de programas como Flinc, CarUnity, Let’s Drive NYC, Zagster e o Lyft, o que demonstra o esforço da empresa em encontrar o movimento correto para os tempos que chegam. Afinal, depois de passar pela Crise de 1929, pela Crise do Petróleo, pela invasão dos orientais em seus mercados-chefe e especialmente pela Crise de 2008, a GM sabe como observar novos movimentos e se adequar para sobreviver.



PRÓXIMOS DESTINOS é uma coluna quinzenal. Propõe um olhar à frente, junto à nova economia, à hiperconectividade e aos novos arranjos sociais.

Alberto Martins é técnico em Mecânica, Designer de Produtos, MBA em Gestão de Projetos, entusiasta de história, sociedade e antigomobilismo, e apaixonado por novas tecnologias e novas possibilidades do dia a dia.


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