Crossover foi lançado oficialmente ontem e chega às revendas em agosto
Por Maximiliano Moraes
Fotos: Rodrigo Fernandes / Maximiliano Moraes / Divulgação
Ele já tinha aparecido em várias mostras estáticas, teasers e até na campanha publicitária oficial das Olimpíadas. Mas foi só ontem, na apresentação oficial à imprensa, que pudemos pôr as mãos no Nissan Kicks, em sua versão definitiva para o mercado. O evento ocorreu na cidade de São Paulo e o test-drive se estendeu até a cidade de Porto Feliz (SP), passando pelas rodovias Bandeirantes, Dom Gabriel Paulino Bueno e Castelo Branco.
Se a primeira impressão é a que fica, o prognóstico para o Kicks parece bem bom. As linhas angulosas, os vincos fortes, a atenção com a aerodinâmica e os detalhes, sutis ou não, mostram uma clara intenção de se destacar na multidão de SUVs compactos do mercado muito mais do que de quebrar qualquer paradigma. A fórmula de design do Kicks mescla elementos já consagrados em vários outros SUVs e crossovers da marca, do Qashqai ao Juke, e o resultado é bem mais harmônico ao vivo do que se poderia supor pelas fotos.
Beleza não põe mesa, mas abre o apetite. Seria incoerente apresentar um carro bonito por fora e medíocre por dentro, mas esse erro a Nissan não cometeu. O Kicks é um dos modelos mais bem acabados e bem equipados do segmento, e se peca, é por detalhes. Os ocupantes são recebidos com bancos bonitos e bem revestidos em couro, que também está nas portas, no volante - totalmente novo - e numa ampla faixa com costura aparente no painel, que liga os difusores laterais do ar-condicionado - estes igualmente com bom acabamento. A central multimídia segue a tendência, parecendo um "tablet flutuante", e apresenta bom acabamento, ótima resolução e ainda imagens da câmera 360º, inédita e exclusiva no segmento.
O painel de instrumentos inova ao apresentar, à esquerda do velocímetro analógico tradicional, uma tela TFT que mostra informações de consumo (inclusive com auxílio à condução econômica), áudio, GPS, controle dinâmico do chassis (também novidade) e ainda bússola, velocímetro digital e conta-giros que simula um mostrador analógico. O console central, que abriga a pequena alavanca de câmbio e o botão de partida, é ao mesmo tempo bem acabado e prático, com 2 bandejas e 2 porta-copos. O sistema de ar-condicionado é automático e digital, e apesar de não ser dual-zone conta com botões bonitos e comandos intuitivos. Completam o bom conjunto vidros com acionamento elétrico e one-touch para subir e descer nas 4 portas.
As poucas falhas estão, como dissemos, em detalhes como o retrovisor interno muito simples e ainda com a lingueta anti-ofuscamento, as luzes internas fracas - a dianteira usada em modelos como March, Versa e até no Renault Duster - e no plástico pobre e mal encaixado do local que, supomos, abrigará o canhão de ignição de versões mais baratas do Kicks, já que a topo-de-linha SL conta com chave presencial. Mas o principal e mais grave dos pecados é a ausência de controlador de velocidade, essencial para um carro que não pede trocas de marchas e ainda mais em tempos de velocidades baixas em vias públicas.
Única opção de motor por enquanto, o 1.6 16v está em nova geração e ganhou mais força: agora são 114 cv e 15,5 kgfm de torque com etanol. A versão que avaliamos, Rio 2016 (baseada na topo-de-linha SL) conta com (bonitas) rodas de liga leve com aro de 17 polegadas e pneus 205/55. Controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas e Isofix no banco traseiro são alguns dos itens de segurança presentes nesta versão. O preço sugerido a partir de 5 de agosto, quando o Kicks chegará nas concessionárias, é de R$ 89.990,00 (versão SL) e as revisões programadas até os 60 mil km terão valores fixos com soma total de R$ 2.994,00.
PRIMEIRA VOLTA
Foi impossível não criar uma expectativa baixa a partir das primeiras informações sobre o powertrain do Nissan Kicks: motor 1.6 16v e câmbio CVT num crossover compacto com dimensões de Honda HR-V. Mas ser surpreendido é mais gostoso: o trabalho da Nissan o tornou não somente competitivo, mas, arriscamos, o melhor do segmento.
Pegar estrada com o Kicks foi extremamente prazeroso. Comprovamos a eficácia do Controle Dinâmico do Chassis, cujas informações são mostradas na tela TFT ao lado do velocímetro e que inclui Controle Dinâmico em Curvas (Active Trace Control), Estabilizador Ativo da Carroceria (Active Ride Control) e Controle Dinâmico de Freio Motor (Active Engine Brake). Na prática, o que esse sistema faz é manter a carroceria o mais nivelada e sem solavancos possível, tanto em retas quanto em curvas, inclusive as mais fechadas, proporcionando ao motorista um conforto de rodagem próximo ao que se encontra em carros muito mais caros e sofisticados.
A fórmula de baixo peso (apenas 1.142 kg) e eficiência aerodinâmica tornou o Kicks silencioso, esperto e bem confortável. Os bancos com tecnologia "Zero Gravity" se ajustam às proporções do motorista e tornam a viagem bem menos cansativa. O câmbio CVT traz, desta vez, simulações de trocas de marchas com um acerto que permite, inclusive, pequenos "empurrões" a cada redução da rotação do motor. Coisa fina. E com motor pequeno em vez dos 1.8 e 2.0 da vida, o consumo também acabou ficando lá embaixo: o computador de bordo chegou a marcar, durante o test-drive, 16 km/l de média! Porém, repetimos, faz falta o controlador de velocidade. Com ele a média de consumo poderia ser ainda melhor e o conforto aumentaria.
A central multimídia é excelente. O sistema de áudio tem fácil equalização e ótima qualidade sonora, sem distorções nem mesmo dos graves com volume alto. O pareamento com smartphones também é fácil, intuitivo e rápido, e o GPS é rápido e bem calibrado. O sistema elétrico de assistência da direção poderia ter mais peso em velocidade, mas o público-alvo do Kicks não irá se queixar. As manobras são feitas com extrema facilidade, tanto graças à leveza da direção nessas situações quanto pelo auxílio do sistema de câmeras 360º, que conta com câmeras na frente, atrás e abaixo dos 2 retrovisores externos, formando uma imagem completa dos arredores do carro.
A posição de dirigir é boa e fácil de encontrar. O banco do motorista tem ajustes de distância e altura, assim como a coluna de direção. O espaço interno é bom, mas, como sempre costumamos pontuar, não é dos melhores para famílias com maior estatura. Com o banco dianteiro todo recuado é praticamente impossível levar pessoas com mais de 1,75 no banco traseiro sem esmagar suas pernas. O espaço para cabeça atrás é bom, mas a largura permite levar 2 pessoas com conforto; 3 ocupantes não se incomodarão em viagens curtas, apenas. O porta-malas leva 432 litros, tem fácil acesso e poucas reentrâncias.
Vale?
Vale sim. E o conjunto da obra tem potencial para incomodar os líderes HR-V e Renegade. As dimensões e o espaço disponível são semelhantes, a dirigibilidade é ótima, o carro é bonito e bem equipado e o preço é bastante acessível. É uma questão de a Nissan saber vender seu produto e, claro, oferecer em breve versões mais baratas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário