quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

NOVO RENAULT CAPTUR CHEGA AO MERCADO


Analisamos o custo x benefício das 2 versões disponíveis, comparamos com a concorrência e apontamos a que mais compensa



O segmento mais bombado do mercado acaba de ganhar mais um representante. A Renault, que o tinha mostrado no último Salão do Automóvel, lançou hoje oficialmente o Captur no Brasil. Feito aqui sobre a plataforma do Duster ele é maior em todas as dimensões que o modelo europeu - lá, ele é baseado no Clio - e guarda também algumas distinções de design. Aqui haverá, por enquanto, 2 versões: uma 1.6 com câmbio manual de 5 marchas e outra 2.0 com câmbio automático de 4 velocidades. Segundo a marca, uma versão intermediária 1.6 com câmbio CVT está a caminho.


Renault Captur nacional é maior e tem diferenças de estilo em relação ao modelo europeu

A Renault aposta em design, conteúdo e custo x benefício do Captur para chamar compradores. Visualmente ele é bastante atraente, trazendo a identidade atual da marca e ainda ostentando as maiores altura do solo, ângulos de entrada e saída do segmento, além de ter o ponto H (posição do quadril do motorista) mais alto dentre os concorrentes. Oferece ainda 13 combinações de cores, 9 delas em 2 tons - o teto pode ser preto ou marfim, enquanto a carroceria pode vir nas cores preta, branca, marrom, marfim, laranja, vermelha, prata ou cinza. Na frente são destaque os faróis com DRL e, na traseira, as lanternas em led. As laterais mostram rodas de liga leve com aro de 17 polegadas.

Interior é arejado e clean, mas ainda há plástico demais

O interior é obviamente mais moderno, arejado e bem acabado que o do Duster, mas a referência ao SUV de origem romena ainda está lá. No Captur o layout é agradável, clean, mas o plástico predomina e não há, além do painel de instrumentos com velocímetro digital ao centro e mostradores em "copinhos" nas laterais, nada inovador. A concorrência traz apliques de couro, superfícies cromadas ou imitando alumínio (ou combinações, ou tudo isso), proporcionando uma sensação de requinte que o Renault não consegue entregar.

Porta-malas de 437 litros se iguala ao do Honda HR-V, ambos os maiores do segmento

Pelo menos suas dimensões mais avantajadas em relação à concorrência garantem bom espaço interno e um dos maiores porta-malas da categoria. São 4,33 m de comprimento, 1,81 m de largura, 1,62 m de altura, 2,67 m de entre-eixos e 437 litros no compartimento de bagagens, ou seja, no que realmente importa - largura e entre-eixos - ele supera toda a concorrência e se iguala em porta-malas ao HR-V.

Espaço interno é generoso graças aos 2,67 m de entre-eixos

Os ocupantes aproveitam todo esse espaço usufruindo também de uma lista de itens de série bem generosa desde a versão mais em conta. O Renault Captur Zen 1.6 SCe manual traz, de série, 4 airbags (dianteiros e laterais), controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas, ABS com EBD, Isofix no banco traseiro, direção eletro-hidráulica com coluna regulável em altura, ar condicionado, rodas de liga com aro 17, vidros elétricos, alarme perimétrico, chave-cartão hands free, controles de áudio e celular na coluna de direção, banco do motorista com regulagem de altura, luzes diurnas em LED, cruise-control e limitador de velocidade. A central Media Nav com câmera de ré é opcional nessa versão, assim como a pintura de dois tons.


A versão Intense 2.0 automática adiciona rodas de liga leve diamantadas (também com aro de 17 polegadas), apoio de braço, Media Nav com câmera de ré, ar condicionado automático, farol de neblina com função Cornering Lightsensores de luz e de chuva. Bancos em couro e pintura em dois tons são opcionais.


COMPENSA?

Aí é que está. Os preços estão bastante competitivos, especialmente se a gente levar em conta a quantidade de itens de série das duas versões. A Zen custa R$ 78.900,00 e a Intense, R$ 88.490,00. Só que a versão de topo, mesmo com preço mais baixo que a concorrência, não vale a pena e a gente explica por quê.

Versão Intense, topo-de-linha, oferece apenas bancos de couro e pintura em dois tons como opcionais

Nunca, em nenhuma outra época, um segmento foi atualizado e enriquecido tão rapidamente. Quem tinha boas plataformas para criar seus modelos as usou; quem podia atualizar seus produtos o fez, e quem não tinha nada criou do zero. A questão é que até quem tinha uma plataforma mais antiga, como a Nissan, só para citar um exemplo - que usou a base do March para criar o Kicks -, trabalhou bastante no acerto de suspensão, encheu o carro de tecnologias de auxílio à condução e ainda fez o dever de casa reduzindo peso e tornando o motor mais eficiente sob o ponto de vista energético. O cliente de hoje vê isso tudo porque ele quer, tanto quanto design, desempenho e economia, tecnologia.

Motor 1.6 SCe compensa tem desempenho próximo ao do 2.0 e gasta bem menos

Se a gente for observar os dados de desempenho e consumo fornecidos pela Renault vamos perceber o atraso do powertrain usado na versão Intense em relação à Zen. O motor 1.6 16v SCe gera 120 cv de potência e 16,2 kgfm de torque com etanol. Chega aos 100 km/h em 11,9 segundos, atinge 169 km/h e, segundo o Inmetro, consome em média (cidade x estrada) 7,8 litros a cada quilômetro percorrido (ou 11,1 km se estiver com gasolina no tanque). Já o motor 2.0 16v de 148 cv e 20,9 kgfm de torque com etanol é o mesmo que está no Duster, na Oroch e já esteve no Mégane, assim como o câmbio automático de apenas 4 velocidades. A Renault divulga aceleração de 0 a 100 km/h em 11,1 segundos (apenas 0,8 menos que a versão 1.6), velocidade máxima de 179 km/h e consumo médio de 6,75 km/l de etanol ou 9,8 km/l de gasolina, um gasto considerável.

Versão Zen 1.6 tem uma das melhores relações entre custo e benefício do mercado

É, portanto, pouco retorno para quem espera mais. O Captur 2.0 tem plataforma, motor e câmbio antigos, desempenho próximo ao da versão 1.6, acabamento mediano e consumo alto. Quem paga algo em torno de R$ 90 mil já tem à disposição no mercado modelos 1.4 turbinados mais dispostos e econômicos, ou 1.6 e 1.8 mais eficientes energeticamente, ou 2.0 com muito mais potência. O Renault Captur Zen 1.6 SCe é, então, nossa escolha: apesar de ter plataforma antiquada, pelo preço e pela boa lista de equipamentos de série ele passa a ter uma das melhores relações entre custo e benefício do mercado.

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