Reportagem e fotos: Maximiliano Moraes
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A Volvo é obsessiva em relação à segurança em seus carros e, obviamente, não abriria mão de sua fama. Mas o bendito capital chinês tem ajudado a marca a ganhar reconhecimento por outras razões, coisa que antigamente seria impensável quando seus modelos surgiam em nossa mente. Quem diria, por exemplo, que uma das peruas mais viscerais do mundo hoje, com 367 cv e quase 50 kgfm de torque extraídos de um motor de 4 cilindros com turbo e compressor, é uma Volvo (falamos da V60 Polestar)?
Pois é. Com o XC90, que avaliamos na versão D5, a diesel, a história é a mesma. Não estamos falando de desempenho bruto, obviamente, mas da quebra de paradigmas. Se a versão anterior, fabricada de 2002 a 2015 praticamente sem alterações, nunca se destacou em desempenho, luxo ou design, a nova geração foi bem além e consegue encarar a concorrência, formada por modelos da Porsche, Mercedes, BMW, Audi, Jaguar e Land Rover, sem baixar a cabeça.
O design, a partir do primeiro contato, ao mesmo tempo impressiona e acalma. Impõe presença, mas é solido e pensado para envelhecer lentamente. O melhor ângulo é o da frente: o capô comprido, a grade enorme e o "Martelo de Thor" formado pelos leds nos faróis firmam a identidade da marca e somam elegância e esportividade no mesmo conjunto. As rodas de 20 polegadas incluídas no pacote Inscription deixam o SUV ainda mais parrudo, enquanto a traseira é a que guarda maior identificação com a versão anterior, repetindo as lanternas que descem do teto, a ponteira dupla de escapamento e o nome "Volvo" logo abaixo do vidro traseiro.
A tecnologia embarcada é um ponto de destaque. Comecemos falando do motor, desenvolvido a partir de um projeto que prevê, para o mesmo bloco 2.0, versões movidas a gasolina ou a diesel. No D5 há o auxílio de 2 turbos, um para baixas e outro para altas rotações, e ainda o uso do recurso Power Pulse, que capta o ar da atmosfera por meio de um compressor elétrico e o envia ao coletor, o que faz a turbina girar mais rápido quando se acelera o carro abaixo de 2 mil rpm, reduzindo o lag. O resultado? 235 cv de potência (o que não parece muito se considerarmos o peso do carro), 48,9 kgfm (o que é o bastante, e já calamos a boca) e, segundo a fábrica, capacidade de acelerar de 0 a 100 km/h em 7,8 segundos e atingir 230 km/h (o que é surpreendente).
Painel apresenta tela de alta resolução com mostradores digitais simulando analógicos |
Se, por um lado, a tecnologia faz o pesadão XC90 D5 (são quase 2,2 toneladas) deslanchar com facilidade, o tamanho do motor contém o consumo. Durante o tempo que ficou conosco, tomando por base as médias apresentadas pelo computador de bordo, calculamos autonomias aproximadas superiores a 700 km na cidade e 1.000 km na estrada. Fazendeiros que precisem se deslocar da plantação em Goiás até o rebanho no Mato Grosso vão adorar e suas famílias, que precisam de conforto pra esse chão todo, também.
O padrão de acabamento do XC90 nunca foi visto em outro Volvo, mas, ao que tudo indica, será regra daqui pra frente. Couro pra todo lado, detalhes em madeira (mesmo) e alumínio (mesmo), montagem primorosa e a discrição sueca retratada na atmosfera clean-chic da cabine, que se opõe ao padrão night club visto em muitos modelos de luxo hoje em dia. São pouquíssimos botões, nada além do estritamente necessário, e a gente entende quando opera a imensa tela da central multimídia, chamada Sensus Navigation Pro.
Ali temos 3 menus, virtualmente um à esquerda, um ao centro e um à direita. Neles encontramos comandos para praticamente tudo: do ar condicionado ao aquecimento e resfriamento dos bancos, do sistema de áudio e demais conexões ao GPS, além de outras configurações e sistemas do carro. O áudio, aliás, merece citação à parte: preparado pela grife Bowers & Wilkins, distribui 1.400 watts de potência entre 19 alto-falantes na cabine e, além dos ajustes pessoais na equalização, permite escolher entre 3 ambiências pré-programadas distintas, perfeitas para ouvir a orquestra, a banda de rock ou a playlist de músicas eletrônicas.
Dentre os botões aparentes destacam-se, no console central, o de partida - que deve ser virado para a direita para ligar o motor e à esquerda para desligar - e o Drive Mode, que controla e ajusta direção, câmbio, acelerador, suspensão e motor de acordo com o modo escolhido. O modo Comfort é o mais indicado para o uso diário, com o melhor equilíbrio nas diversas situações de tráfego e piso das grandes cidades. No modo Eco, tudo trabalha para eficiência energética e o baixo consumo de combustível, com a transmissão de 8 velocidades efetuando trocas sempre na menor rotação possível e o ar condicionado operando com parcimônia. No Off Road a suspensão, que usa molas pneumáticas e controle eletrônico de amortecimento, se ergue e fica mais rígida, e sente-se mais força distribuída entre as rodas. Finalmente, o modo Dynamic abaixa a suspensão, enrijece a direção, torna as acelerações mais sensíveis e as trocas de marcha mais rápidas e em rotações mais elevadas.
Quando em modo Comfort tudo contribui para que todos os ocupantes, não somente o motorista, se sintam tão confortáveis quanto possível. O ar condicionado possui 4 zonas de resfriamento com ajustes digitais, enquanto os bancos dianteiros possuem, além de ajustes elétricos (inclusive lombares e laterais), aquecimento e resfriamento - os assentos da segunda fileira contam "somente" com aquecimento. O espaço interno é excelente até para quem vai na última fileira, apesar de o acesso não ser (como não é em praticamente nenhum SUV de 7 lugares) tão bom. E o melhor é que mesmo com esta erguida o espaço para bagagens não é tão ruim, sobrando ali 350 litros.
Ar condicionado possui 4 zonas de resfriamento com ajustes digitais independentes |
É óbvio, começamos e não poderíamos terminar sem falar em segurança. Para garantir a integridade de quem viaja no XC90 a Volvo o equipou com a segunda geração do Pilot Assist, que monitora, por meio de câmeras e sensores, as faixas de rolamento (que precisam estar bem aparentes no asfalto) e mantém o carro na trajetória dentro da faixa mesmo em curvas abertas, além de frear e reacelerar o carro até à velocidade programada (desde que até 130 km/h), bastando para isso que o motorista mantenha as mãos ao volante.
O sistema devolve o controle ao motorista caso este force o volante em qualquer direção, use um dos pedais ou acione a alavanca de seta, e é ainda capaz de frear totalmente o carro em caso de iminência de colisão. Ele é ainda capaz alertar o motorista em caso de fadiga, além de contar com head-up display que mostra, além da velocidade do carro, o limite de velocidade da via. Por fim, os sensores e câmeras permitem manobras automáticas do SUV em vagas paralelas ou perpendiculares, além de auxiliarem o motorista, caso este prefira manobrar por si, por meio de uma câmera com visão de 360 graus projetada na tela central. Citar, portanto, a profusão de airbags na cabine e as demais babás eletrônicas - controles de tração e estabilidade, controle de descidas íngremes e auxílio de saída em ladeiras - seria até elementar.
Emblema "D5" é única distinção aparente entre as versões a gasolina (T6) e a diesel |
A Volvo sugere o preço de R$ 419.950,00 para este pacote, Inscription. Há um mais em conta (Momentum), que não traz os alertas de colisão, a climatização ou o ajuste lateral elétrico para os bancos, o head-up display, a câmera 360 graus, o GPS, as rodas de 20 polegadas, o sistema Bowers & Wilkins de áudio ou a suspensão ativa, e que custa R$ 369.950,00. Há quem diga que a versão T6, com motor 2.0 turbo a gasolina, é melhor negócio - o pacote Inscription desta custa R$ 363 mil. Visualmente idênticos e com os mesmos equipamentos em ambos os pacotes, tanto o XC90 a gasolina quanto a diesel andam bem. Para nós, porém, escolher entre um e outro motor é questão de perfil de consumidor mais que de custo x benefício. É sabido que consumidores dispostos a pagar este valor por um carro estão mais abertos ao feeling do carro que ao custo x benefício. Há quem aprecie mais o feeling de um motor a diesel.
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