Se há um carro importante para a Renault do Brasil, esse é o Logan. Mesmo não sendo o mais vendido justamente porque, sob o ponto de vista mercadológico, os SUVs estão no topo da preferência, o sedã é estratégico sob o ponto de vista técnico: a maior parte dos modelos da marca vendidos aqui - Sandero, Duster, Oroch e Captur - compartilham plataforma, alterada aqui e ali, com ele. Somente o Kwid e o Fluence são feitos sobre bases diferentes.
É por isso que a mudança do motor e outros aspectos mecânicos, como câmbio e direção, acabam tendo o mesmo peso que a mudança do design, ocorrida em 2013: é a primeira vez que o Logan abandona o velho, confiável e bem acertado D4D 1.0 16v e adota o SCe 1.0 12v, de 3 cilindros. Com a substituição o Renault não chegou a números tão superiores de potência e torque, mas com funcionamento mais solto o propulsor permite acelerações e retomadas em tempos menores, além de ser mais econômico. A marca divulga aceleração de 0 a 100 km/h em 13 segundos (contra 14,2 do antigo 1.0 4 cilindros).
E não é só. Ainda que o motor antigo fosse mais suave em baixa rotação, estabilizando em meras 500 rotações em marcha lenta, obviamente era preciso pisar mais para fazer o sedã embalar - e aí estava o problema. Girador, o 1.0 16v gritava demais a partir de 3.000 rpm e só atingia seu pico de torque, exatamente o mesmo do novo motor (10,5 kgfm), a 4.250 rpm. Com pouco revestimento acústico esse ruído invadia a cabine sem dó. O 1.0 de 3 cilindros, apesar de áspero em marcha lenta, é mais suave e silencioso na estrada, atingindo pico de torque já em 3.500 rpm mas com 90% da força disponível já em 2.000 rpm, e tendo ganhado mais revestimento acústico o novo Logan se tornou um carro bem menos escandaloso para viajar.
Outros dois aspectos do Logan com motor de 4 cilindros eram bem incômodos, mas a gente só percebe o quanto na comparação com o novo. A direção, mesmo hidráulica, era pesada e o câmbio também tinha trocas pesadas e ruidosas. Com a adoção de um sistema eletro-hidráulico de assistência a linha Logan se tornou bem mais suave em manobras e mais responsiva em velocidade, e o câmbio ganhou engates macios e ágeis. Sem exagero, é como se estivéssemos em outro carro.
Falando nisso, uma característica bem interessante do Logan antigo é sua estabilidade. Ainda que tenha traseira leve, o entre-eixos longo e a bitola larga deixam o carro bem assentadinho e neutro em curvas. Porém, chegamos a avaliar uma unidade com motor 1.6 quando o comparamos com o Toyota Etios e o Nissan Versa (leia o comparativo clicando aqui e aqui) e achamos sua traseira bem "bamba", quase perigosa em curvas, o que nos pareceu contrassenso. Como a marca não anunciou qualquer alteração na suspensão a partir das mudanças mecânicas, concluímos que era um problema pontual, talvez causado por falha no alinhamento ou balanceamento daquele carro: este nos pareceu equilibrado como as versões mais antigas.
Falar sobre espaço quando citamos o Logan já é lugar-comum. Ele continua sendo o mais amplo do segmento, com mais espaço que os concorrentes na frente e atrás e um dos maiores porta-malas. Quando ao desempenho geral ele está, sem dúvida, melhor. Mas ainda não perdeu a aura emergente, especialmente quando a gente olha o acabamento.
Dentre os sedãs com motores 1.0 de 3 cilindros só o Nissan Versa tem acabamento pior: o Ford Ka+ se iguala e tanto o Hyundai HB20S quanto o combalido VW Voyage o superam. No Renault, a qualidade dos plásticos melhorou com o tempo, mas a montagem não é mais do que honesta. Os bancos não apóiam bem nas laterais, o layout é simples, a ergonomia melhorou mas ainda deixa a desejar em alguns aspectos (especialmente quanto à falta de ajuste de distância da coluna de direção) e o revestimento geral da cabine, tanto nesta versão quanto nas superiores, não nos deixa esquecer de onde ele veio.
COMPENSA?
Vamos analisar quanto o Logan e seus concorrentes custam e oferecem.
- O Renault custa a partir de R$ 45.180,00. A versão Expression custa R$ 48.650,00, e com os opcionais Media Nav (que ainda não traz espelhamento) e sensor de estacionamento traseiro o preço vai a R$ 49.950,00. Além desses equipamentos, ar condicionado, direção elétrica com coluna ajustável em altura, vidros elétricos com one-touch nas portas dianteiras, computador de bordo, travas elétricas com alarme, controles de som atrás do volante, ABS com EBD e airbag duplo fazem parte do pacote. Mas fica devendo o Isofix.
- O Ford Ka+ custa a partir de R$ 47.790,00. A versão que mais se aproxima da que testamos do Logan é a SE Plus 1.0, que custa R$ 49.890,00. É 60 reais mais barata e tem vidros elétricos traseiros e Isofix, mas tem um sistema multimídia menos completo e não traz sensores de estacionamento traseiros, além de oferecer menos espaço.
- O VW Voyage Trendline custa a partir de R$ 49.990,00 e com central multimídia com espelhamento de smartphones vai a R$ 51.866,00. Além de mais caro, ele é o mais apertado dentre todos os citados aqui, não tem sensor de estacionamento traseiro nem coluna de direção regulável e a assistência da direção ainda é hidráulica.
- O Hyundai HB20S custa a partir de R$ 50.265,00 e com central blueMedia chega a R$ 51.815,00, o segundo mais caro do grupo. Além de ter o melhor acabamento, tem abertura do porta-malas pela chave, Isofix, comandos elétricos para os retrovisores, ajuste da coluna de direção em altura e profundidade e espelhamento de smartphones pela central multimídia, mas a assistência da direção é hidráulica e falta sensor de estacionamento traseiro.
- O Nissan Versa custa a partir de R$ 48.490,00 e a que tem preço mais próximo à do Logan que testamos é a S 1.0, que custa R$ 50.490,00. Sua lista de equipamentos é pobre, porém: ar, direção elétrica com coluna regulável em altura, vidros elétricos dianteiros e traseiros, computador de bordo, som com Bluetooth e comandos no volante, airbag duplo e ABS é o que ele traz. Fica devendo central multimídia, sensor de estacionamento, comandos elétricos para retrovisores e Isofix. Pelo menos é o único que, nesta versão, traz rodas de liga leve.
Em resumo, o Renault Logan manteve suas características principais, justamente as que formaram o público consumidor desse segmento - espaço, robustez e bom preço -, e melhorou justamente naquilo que era fonte das maiores reclamações de antigos donos, como o nível de ruído e a dureza da direção e do câmbio. De quebra ele se tornou mais econômico e, nesta versão, traz lista de equipamentos interessante em relação à concorrência. Sim, esse franco-romeno ainda vale muito a pena e se mantém como uma das melhores opções em sua classe.
E não é só. Ainda que o motor antigo fosse mais suave em baixa rotação, estabilizando em meras 500 rotações em marcha lenta, obviamente era preciso pisar mais para fazer o sedã embalar - e aí estava o problema. Girador, o 1.0 16v gritava demais a partir de 3.000 rpm e só atingia seu pico de torque, exatamente o mesmo do novo motor (10,5 kgfm), a 4.250 rpm. Com pouco revestimento acústico esse ruído invadia a cabine sem dó. O 1.0 de 3 cilindros, apesar de áspero em marcha lenta, é mais suave e silencioso na estrada, atingindo pico de torque já em 3.500 rpm mas com 90% da força disponível já em 2.000 rpm, e tendo ganhado mais revestimento acústico o novo Logan se tornou um carro bem menos escandaloso para viajar.
Assistência hidráulica da direção deu lugar a um sistema eletro-hidráulico, mais leve. Acabamento é espartano |
Outros dois aspectos do Logan com motor de 4 cilindros eram bem incômodos, mas a gente só percebe o quanto na comparação com o novo. A direção, mesmo hidráulica, era pesada e o câmbio também tinha trocas pesadas e ruidosas. Com a adoção de um sistema eletro-hidráulico de assistência a linha Logan se tornou bem mais suave em manobras e mais responsiva em velocidade, e o câmbio ganhou engates macios e ágeis. Sem exagero, é como se estivéssemos em outro carro.
Detalhes: o desativamento do sensor de estacionamento traseiro... |
...e os comandos dos vidros elétricos dianteiros, que agora têm one-touch. Tudo cercado de muito plástico |
Falando nisso, uma característica bem interessante do Logan antigo é sua estabilidade. Ainda que tenha traseira leve, o entre-eixos longo e a bitola larga deixam o carro bem assentadinho e neutro em curvas. Porém, chegamos a avaliar uma unidade com motor 1.6 quando o comparamos com o Toyota Etios e o Nissan Versa (leia o comparativo clicando aqui e aqui) e achamos sua traseira bem "bamba", quase perigosa em curvas, o que nos pareceu contrassenso. Como a marca não anunciou qualquer alteração na suspensão a partir das mudanças mecânicas, concluímos que era um problema pontual, talvez causado por falha no alinhamento ou balanceamento daquele carro: este nos pareceu equilibrado como as versões mais antigas.
Instrumentos são bonitos e têm iluminação eficiente à noite, mas o computador de bordo tem visor simples |
Botões do ar condicionado também são bonitos, mas não tão bem encaixados |
Falar sobre espaço quando citamos o Logan já é lugar-comum. Ele continua sendo o mais amplo do segmento, com mais espaço que os concorrentes na frente e atrás e um dos maiores porta-malas. Quando ao desempenho geral ele está, sem dúvida, melhor. Mas ainda não perdeu a aura emergente, especialmente quando a gente olha o acabamento.
Espaço é excelente para 5 pessoas, mas nesta versão o passageiro do meio do banco traseiro não tem encosto de cabeça nem cinto de 3 pontos |
Porta-malas comporta 510 litros e se mantém como o maior dentre os sedãs 1.0 |
Dentre os sedãs com motores 1.0 de 3 cilindros só o Nissan Versa tem acabamento pior: o Ford Ka+ se iguala e tanto o Hyundai HB20S quanto o combalido VW Voyage o superam. No Renault, a qualidade dos plásticos melhorou com o tempo, mas a montagem não é mais do que honesta. Os bancos não apóiam bem nas laterais, o layout é simples, a ergonomia melhorou mas ainda deixa a desejar em alguns aspectos (especialmente quanto à falta de ajuste de distância da coluna de direção) e o revestimento geral da cabine, tanto nesta versão quanto nas superiores, não nos deixa esquecer de onde ele veio.
COMPENSA?
Vamos analisar quanto o Logan e seus concorrentes custam e oferecem.
Detalhe: volante não é multifuncional mas há comandos do rádio atrás do volante |
- O Renault custa a partir de R$ 45.180,00. A versão Expression custa R$ 48.650,00, e com os opcionais Media Nav (que ainda não traz espelhamento) e sensor de estacionamento traseiro o preço vai a R$ 49.950,00. Além desses equipamentos, ar condicionado, direção elétrica com coluna ajustável em altura, vidros elétricos com one-touch nas portas dianteiras, computador de bordo, travas elétricas com alarme, controles de som atrás do volante, ABS com EBD e airbag duplo fazem parte do pacote. Mas fica devendo o Isofix.
- O Ford Ka+ custa a partir de R$ 47.790,00. A versão que mais se aproxima da que testamos do Logan é a SE Plus 1.0, que custa R$ 49.890,00. É 60 reais mais barata e tem vidros elétricos traseiros e Isofix, mas tem um sistema multimídia menos completo e não traz sensores de estacionamento traseiros, além de oferecer menos espaço.
- O VW Voyage Trendline custa a partir de R$ 49.990,00 e com central multimídia com espelhamento de smartphones vai a R$ 51.866,00. Além de mais caro, ele é o mais apertado dentre todos os citados aqui, não tem sensor de estacionamento traseiro nem coluna de direção regulável e a assistência da direção ainda é hidráulica.
- O Hyundai HB20S custa a partir de R$ 50.265,00 e com central blueMedia chega a R$ 51.815,00, o segundo mais caro do grupo. Além de ter o melhor acabamento, tem abertura do porta-malas pela chave, Isofix, comandos elétricos para os retrovisores, ajuste da coluna de direção em altura e profundidade e espelhamento de smartphones pela central multimídia, mas a assistência da direção é hidráulica e falta sensor de estacionamento traseiro.
- O Nissan Versa custa a partir de R$ 48.490,00 e a que tem preço mais próximo à do Logan que testamos é a S 1.0, que custa R$ 50.490,00. Sua lista de equipamentos é pobre, porém: ar, direção elétrica com coluna regulável em altura, vidros elétricos dianteiros e traseiros, computador de bordo, som com Bluetooth e comandos no volante, airbag duplo e ABS é o que ele traz. Fica devendo central multimídia, sensor de estacionamento, comandos elétricos para retrovisores e Isofix. Pelo menos é o único que, nesta versão, traz rodas de liga leve.
Em resumo, o Renault Logan manteve suas características principais, justamente as que formaram o público consumidor desse segmento - espaço, robustez e bom preço -, e melhorou justamente naquilo que era fonte das maiores reclamações de antigos donos, como o nível de ruído e a dureza da direção e do câmbio. De quebra ele se tornou mais econômico e, nesta versão, traz lista de equipamentos interessante em relação à concorrência. Sim, esse franco-romeno ainda vale muito a pena e se mantém como uma das melhores opções em sua classe.
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