ALTA RODA, Fernando Calmon
Ferrari LaFerrari |
McLaren P1 |
Aberto até 17
de março, Salão de Genebra impressiona pelo número de lançamentos. Nessa 83ª
edição, veículos elétricos e híbridos saíram de uma ala específica e se misturam
aos demais. Não quer dizer que representem algo palpável do mercado suíço, um
dos poucos na Europa ainda sem enormes recuos. Em 2013 responderão por apenas
3% das vendas. Já os nada racionais SUVs e crossovers vão capturar cerca de 40%,
o que ajudou a quase aniquilar as inteligentes stations (peruas), cuja boa
aceitação permanece na Alemanha.
Interessante
que os híbridos se destacam entre as maiores atrações em extremidades opostas.
LaFerrari, legítimo sucessor do modelo Enzo, além de desenho arrebatador,
entrega nada menos de 963 cv com ajuda de um motor elétrico (mesmo recurso do
McLaren P1, também muito bonito, e “apenas” 916 cv). Supercontraste em relação
ao VW XL1 e seus motores de 2 cilindros (48 cv) e elétrico (27 cv), primeiro
carro no mundo a consumir incrível 1 L/111 km. Ele ainda não tem preço, ao
contrário de R$ 3 milhões do LaFerrari. Mas, por enquanto, será até mais
exclusivo: apenas 250 unidades (iniciais), contra 499 da série especial da
marca italiana.
Volkswagen XL1 |
Em primeiro
contato com o XL1, nos arredores de Genebra, o carro de dois lugares de
carroceria extremamente aerodinâmica (Cx 0,19), bastante baixo (1,15 m) e
portas do tipo asa de gaivota surpreendeu pelo contraste entre a silenciosa
tração elétrica e o ruidoso motor diesel. Sua autonomia elétrica pode chegar a 50
km, desde que não se queira pedir ajuda ao motor a combustão e acelerar de 0 a
100 km/h em razoáveis 12,7 s (dado de fábrica).
Ainda sobre propulsão
alternativa, a PSA Peugeot Citroën aposta suas fichas em um híbrido diferente.
Associa motor a gasolina e ar comprimido, sem baterias e sem complicação
mecânica do motor elétrico adicional, ambas de alto custo. Essa tecnologia, em
parceria com a Bosch, parece promissora, porém ainda carece de mais testes e
comprovação de viabilidade financeira.
Como a busca
por economia é foco constante, o Range Rover Evoque se apresenta como primeiro veículo
com caixa de câmbio automática (da alemã ZF) de nada menos que nove marchas. Também
estará em outros carros, pois a caixa é tão compacta que permite uso com motor
transversal.
Mercedes-Benz A 45 AMG |
Mercedes-Benz
atiçou entusiastas com o incrível Classe A 45, da sua divisão esporte AMG. Dá
para imaginar um compacto com motor de 2 litros turbo, de 360 cv/46 kgf∙m, maior
potência específica já alcançada por um automóvel de produção seriada, de
apenas quatro cilindros, até hoje?
Entre lançamentos
que interessam ao Brasil, destaque para o SUV compacto Peugeot 2008, cuja
versão definitiva surgiu em Genebra e será fabricado no Estado do Rio de
Janeiro, no final de 2014. O sedã compacto anabolizado CLA, da Mercedes –
estreia mundial no salão suíço – também será um dos escolhidos para produção
aqui (decisão até meados de 2013). Outro estreante, crossover compacto Renault
Captur, poderá ser opção de importação para a marca francesa, único fabricante nacional
que só traz carros do exterior da Argentina.
Alfa Romeo 4C |
Alfa Romeo
4C também atraiu muita atenção: serão apenas 3.500 unidades do cupê, de baixo
peso (80% delas para os EUA). Em princípio, nenhuma para o Brasil.
RODA VIVA
ESTRATÉGIA de produção dos fabricantes,
em fevereiro, foi de aumentar os estoques totais de 29 dias para 39 dias, a fim
de atender aquecimento da demanda este mês. No final de março haverá nova
subida do IPI e o tradicional apelo de “compre antes do aumento”. Primeiro
bimestre do ano foi recordista em vendas: 547.000 unidades (veículos leves e
pesados).
HYUNDAI acertou, de novo, no estilo do
HB20S. Versão sedã do hatch compacto mostra equilíbrio de linhas e um terceiro
volume sem parecer adaptado. Isso lhe custou, entretanto, volume no
porta-malas: 450 litros, um dos menores do segmento. Manteve três versões de
acabamento, além de motor de 1 litro (80 cv) e 1,6 litro (128 cv), ambos os
mais potentes entre aspirados para a respectiva cilindrada.
DESDE as versões de entrada, há bom
nível de equipamentos como ar-condicionado, sistema de som com bons recursos
(Bluetooth e MP3), comandos elétricos para vidros, travas e espelhos, ajuste de
altura do banco (não tão eficiente) e da coluna da direção em dois planos,
entre outros. Melhor seria assistência elétrica na direção, no lugar da hidráulica.
Repetido o erro de sonegar os freios ABS na versão básica, embora não esteja
sozinho nessa política torta.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
Nenhum comentário:
Postar um comentário