ALTA RODA, Fernando Calmon
No mundo,
hoje, circulam mais de um bilhão de veículos leves e pesados, sem incluir
motocicletas. Antes do final da década a frota atingirá 1,4 bilhão e quase todo
esse crescimento virá de países emergentes. É uma tendência que não reverterá tão
cedo. Afinal, a densidade de motorização – medida em número de habitantes por
veículo – nesses países ainda está muito distante dos chamados desenvolvidos.
Essa conta,
claro, deve ser feita a partir de números da frota real. Como já comentado
nessa coluna, as estatísticas do Denatran consideram que os veículos só recebem
certidões de nascimento, no caso Renavam (Registro Nacional de Veículos
Automotores). Não há certidões de óbito e então existiria uma frota fantasma
35% maior que a efetiva.
No ano
passado, a densidade de motorização no Brasil atingiu algo como 5,5 habitantes
por veículo (h/v), ao se considerar a frota real. Esse índice é de 4 hab./veic.
na Argentina e 3,5, no México. Ainda estamos muito longe dos EUA (1,2 h/v) e de
países da Europa ocidental (média de 1,5 h/v).
Essas
distorções estatísticas levam a equívocos, quando se fala de trânsito. Em São
Paulo, por exemplo, é muito comum afirmações de que a cidade está sufocada por
mais de sete milhões de automóveis, quando na realidade esse número teórico
(registros Renavam) incluem motocicletas, utilitários, caminhões e ônibus.
Por outro
lado, a empresa que faz as inspeções ambientais na capital paulista registrou
3,5 milhões de veículos. Mesmo com evasão exagerada de 25%, a frota real seria
de 4,5 milhões de veículos. Se incluídas 300.000 motos, ainda se estaria
distante dos sete milhões.
São Paulo
mostra densidade em torno de 2,5 h/v, o dobro do País. Mal servida por
transportes públicos e a menor rede de metrô do mundo, em proporção à população,
o trânsito, de fato, é dos piores. Resultou na adoção de rodízio de veículos
por final de placa no centro expandido (minianel de uns 100 quilômetros de
extensão periférica).
Tal rodízio,
divididos em dois períodos de três horas, é uma solução torta, inclusive por
seu traçado. Mais eficiente seria o pedágio urbano, aplicado em quatro cidades
do mundo. A improvisação em matéria de engenharia de trânsito leva, de tempos
em tempos, a se cogitar de incluir outros trechos, o que traria mais confusões
do que benefícios ao atrair mais carros para esses corredores.
A cidade
também diminuiu a velocidade máxima em várias avenidas, o que limitou sua
capacidade de escoamento, algo sem sentido. Agora, ameaça utilizar radares para
multar motoristas pela média de velocidade (ilegal pelo Código de Trânsito
Brasileiro). Ou seja, os carros rodariam ainda mais devagar pelo temor da multa,
em prejuízo do fluxo.
Entretanto,
um arroubo de bom senso pode ocorrer em São Paulo. Prefeitura anunciou há pouco
um projeto baseado em tecnologias já aplicadas em cidades com problemas
semelhantes no exterior. Plano é formar uma rede de fibra ótica de 1.000
quilômetros que interligaria 1.000 câmeras de monitoramento, 3.000 cruzamentos
com semáforos inteligentes, 150 painéis de mensagens eletrônicas e 5 centros de
controle de tráfego de área. Essas informações em tempo real estariam
disponíveis também em sites, aplicativos de internet, programas de navegação em
celulares inteligentes e centrais multimídias dos veículos.
Orçado em R$
300 milhões, uma ninharia frente aos benefícios, e se todo implantado, seria um
programa muito mais eficiente do que qualquer rodízio e outras improvisações.
RODA
VIVA
MODELO que a Ford lançará no início de
2014 para substituir o atual Ka, será pequeno mas não um subcompacto como o
futuro Ka europeu. Carro a ser produzido em Camaçari (BA) terá pouco a ver com
o homônimo europeu, além do motor de 3 cilindros. Aqui haverá versões hatch e
sedã, como compactos-padrão, porém menores que o Fiesta.
TOYOTA prepara sedã intermediário entre
Etios e Corolla para dar combate direto ao Honda City. Lá fora há o Vios, mas
este divide arquitetura com o Yaris, caro para ser produzido aqui. Tudo indica
que será mais um compacto anabolizado, a partir do Etios sedã esticado e nova
carroceria que lembra o Vios. Mesma fórmula do próprio City, Grand Siena,
Cobalt e Linea.
AUDI R8 V10 Plus (preço estimado, R$
800 mil) traz a tradicional fórmula de mais potência (25 cv) e menos peso
(alívio de 50 kg). Melhor desempenho deve-se em parte à nova caixa de câmbio
automatizada de duas embreagens e sete marchas. Curiosamente, não possui trava
para estacionar (posição P). Mas o controle de arrancada é para valer: qualquer
um faz 0 a 100 km/h em 3,5 s.
REJUVENESCIMENTO de linhas, em
conformidade com o estilo de Gol e Voyage, traz novo fôlego à picape Saveiro. Unificação
da arquitetura eletrônica e equipamento moderno de áudio trazem sensações
agradáveis no dia a dia. Versão Cross tem apêndices na dose certa. Suspensões
quase ignoram buracos e lombadas, um ponto alto do modelo.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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