ALTA RODA, Fernando Calmon
Como tudo na China é grandioso, o Salão do Automóvel de Xangai,
maior cidade do país mais populoso, não poderia ser diferente. A começar pelo
número de marcas locais desconhecidas no mundo ocidental e focadas no mercado
local. Apenas para citar algumas: Baojun, Bestern, Dongfeng, Emgrand, Englon,
GAC, Haima, Haval, Hauwtai, Icona, Oley, SouEast, Zinoro e Zotye. Na maioria
dos estandes as informações se limitavam a folhetos em chinês e sem informações
em inglês para imprensa estrangeira. A exposição termina na 2ª. feira, dia 29.
Explosiva demanda na China – vendas crescerão 7% este ano
para em torno de 20 milhões de veículos leves e pesados, cinco vezes mais que o
Brasil – leva a situações inusitadas. Numa tentativa de controlar a procura e a
nuvem de smog que envolve Xangai, leiloam-se placas para carros novos e podem
alcançar até U$14.000/R$ 28.000. Por isso modelos pequenos e baratos não
compensam tal investimento. Quem tem dinheiro quer conforto e mesmo automóveis médio-grandes
contam com versões de entre-eixos alongados.
Além de o mercado chinês ser o maior do mundo, até 2020 deve
alcançar 2,7 milhões de carros de luxo por ano, o que desbancaria também os EUA
nesse segmento de topo. Portanto, soa natural eleger o Salão de Xangai para
lançamentos como revitalização do Porsche Panamera, novo Maserati Ghibli ou
Lamborghini Aventador 720-5, edição especial de 50 anos da marca. São lá as
estreias do sedã A3 e dos conceituais crossovers (quase prontos) BMW X4, Mercedes-Benz
GLA, este candidato à produção no Brasil, e Citroën DS4 X, apelidado de Wild
Rubis por sua cor especial.
Para compensar os 17 novos produtos que a GM lançará este
ano, além da tradicional ofensiva da VW que lidera entre automóveis, a Ford
apresenta o carro-conceito Escort, originado de um Focus sedã anabolizado,
específico para o mercado local. Honda exibiu o Crider, evolução do conceito C,
mais próximo da nova geração do Civic que chega em quatro anos. Curioso é reestreia
de uma marca americana de carro elétrico, Detroit Electric, que já produziu
esse tipo de veículo de 1907 a 1939 (apenas 13.000 unidades).
Chinesas que constroem fábricas de automóveis no País também
apresentam novidades. JAC A20, equivalente ao hatch J3, mostra dimensões
semelhantes ao futuro modelo a ser feito em Camaçari (BA). Mas o carro será
específico para o Brasil, inclusive versão sedã Turin, em estratégia semelhante
à Hyundai Brasil com o HB20. Já o sedã A30 será importado em 2014, como J4. No
total, há cinco lançamentos da marca e três modelos-conceito.
Chery também tem novidades. Além do novo QQ, subcompacto que
será produzido em Jacareí (SP), ao lado do Celer, apresenta dois protótipos
Alfa 7 (sedã) e Beta 5 (SUV), além do modelo futurístico @Ant.
RODA VIVA
CONFORME esperado,
novo Fiesta, alinhado ao modelo europeu e início de produção apenas seis meses
depois, começa a ser vendido em maio sem motor de 1 litro, inicialmente (depois
chegará o 3-cilindros). Compacto estreia motor de duplo comando de válvulas
variável, 1,5 litro/115 cv, nas versões mais baratas, e 1,6 litro/130 cv. Ambos
dispõem da maior potência específica do mercado e partida sem gasolina em dias
frios, ao usar etanol.
CONSUMO em cidade/estrada,
com 130 cv e câmbio manual: 1 L/7,9 km e 1L/9,9 km (etanol) e 1L/11,4 km e
1L/13,9 km (gasolina). Com 115 cv: 1 L/7,8 km e 1L/9,6 km (etanol) e 1L/10,8 km
e 1L/13,7 km (gasolina). Na média, motor mais potente é mais econômico, ao
contrário do ocorrido no passado.
PREÇOS partem de
R$ 38.990, pouco abaixo da maioria dos concorrentes de peso, e sobem até R$
54.990, na versão Titaniun, que inclui sete airbags e câmbio automatizado de
embreagem dupla, seis marchas. Ford investiu, ainda, em segurança ativa ao
adicionar, aos modelos de maior cilindrada, controle eletrônico de trajetória e
tração.
FIESTA apresenta,
agora, estilo marcante: adotou nova grade frontal de identidade da marca e
manteve tradicionais lanternas traseiras elevadas para melhor visibilidade.
Interior também é novo e se nivela aos compactos “premium” do mercado
brasileiro. Por enquanto, conviverá com Fiesta Rocam que continua com motor de
1 litro e preço menor.
SAVEIRO recebeu
mesma frente de Gol e Voyage, na linha 2014. Assim tem condições de avançar em
participação de mercado frente à líder Strada, que apresenta linhas já cansadas,
mas não a ponto de lhe tomar a dianteira. Faltam motor mais forte (continua o
de 1,6 l/104 cv como única e incômoda oferta) e preço competitivo, apesar de
conjunto tecnicamente superior e estilo mais atual. Começa em R$ 33.490 (cabine
simples) e R$ 36.610 (cabine estendida).
VERSÃO Cross, da
picape compacta da VW, é a mais equilibrada do segmento. Combina tradicional espírito
aventureiro, sem resvalar para o exagero e gosto duvidoso. De novo, seu preço
atrapalha ao iniciar em R$ 48.990. Evolução em relação à Saveiro anterior
aparece, com nitidez, exatamente nessa versão.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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