ALTA RODA, Fernando Calmon
Hyundai ix35 |
JAC S5 |
Agora sob perspectiva
de atingir metas mandatórias em cinco anos – aumento de índice de localização,
aperfeiçoamento de processos industriais e diminuição de consumo de combustível
– a indústria automobilística deve se voltar a fornecedores de componentes e
serviços. Nem com todas as regulamentações ainda de todo conhecidas do programa
Inovar-Auto, já se fala em Inovar-Peças, ideia que surgiu sem formatação definida.
Reflete conceitos genéricos e, outra vez, cria certa dependência de iniciativas
governamentais tendentes a criar artificialismos.
Foi esse
clima que marcou a recente Automec – Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços – cuja 11ª
edição, realizada em São Paulo, lotou os 78.000 m² do Anhembi. Trata-se de
exposição para profissionais do ramo e atraiu 1.200 empresas, de 31 países,
inclusive os cada vez mais presentes chineses, tanto do continente como da ilha
de Taiwan. Em edições passadas, eles ficaram um tanto confinados, porém não dá para
resistir às suas ofertas de baixo preço, embora com qualidade, em geral, ainda
a se confirmar.
Entre os expositores felizes, sem dúvida, dois
grandes fornecedores, BorgWarner e Honeywell/Garrett. Estão confiantes de que a
tecnologia downsizing, de redução de
cilindrada e uso de turbocompressores, é a tendência irreversível, reflexo do
que ocorre no exterior. Se até 2017 o mercado interno atingir cinco milhões de
unidades por ano, parecem factíveis 20% (um milhão de motores) receberem tais
componentes. Injeção direta de combustível, ideal para essa aplicação inclusive
em motores flex, também disparou uma corrida que, além das tradicionais Bosch,
Delphi e Magneti Marelli, inclui agora a Continental.
De fato, se já existe algum reflexo do
Inovar-Auto, ficou explícito na Automec. Algumas tecnologias avançavam
lentamente no Brasil e passam agora por bom impulso. Correntes de acionamento
de válvulas (em substituição a correias dentadas que exigem trocas periódicas)
e compressores compactos de ar-condicionado, ideais para os novos motores de
três cilindros, são alguns exemplos. Às vezes, podem trazer economia de
combustível de apenas 1%, como velas de ignição com eletrodo de irídio, da NGK,
muito caras. Porém, duram quatro vezes mais e, assim, parte do seu custo é
compensável.
Sistemas mais complexos, como embreagens
duplas para caixas de câmbio automatizadas, fabricadas na Alemanha pela
Schaeffler, conviveram com soluções práticas e acessíveis, na feira. Um
fabricante nacional, Power Stop, desenvolveu servofreio para modelos que nunca
tiveram esse conforto: Fusca, Jeep e picapes antigas. Gates mostrou uma
ferramenta para medir desgaste de correias. Tenneco/Monroe apresentou linha de
amortecedores com garantia de três anos ou 60.000 quilômetros, impensável anos
atrás.
Grandes produtores de autopeças, a exemplo de
Bosch e Delphi, anunciaram que continuam a ampliar suas redes de oficinas com
padrão definido de atendimento. Além de estimular profissionalização em processos
e garantia dos serviços, entram na luta por atrair clientes de concessionárias,
autocentros e oficinas convencionais. Resultado tem sido manutenção de
qualidade a preços menores.
RODA
VIVA
OBJETIVO do novo presidente da Anfavea,
Luis Moan, é atacar a falta de competitividade para exportação de veículos
brasileiros. Hoje, o País vende no exterior menos da metade do volume de 2005.
Sem ajuda de desvalorização cambial do passado, o chamado custo Brasil é grande
empecilho, além da carga de impostos “escondida” exportada junto com os veículos.
SUV MÉDIO S5, da JAC, que só chegará aqui em 2014, estreia a segunda
geração de arquiteturas da marca chinesa. Em rápida avaliação em Hefei,
cidade-sede do grupo, o carro passou sensação de robustez. Interior e materiais
utilizados subiram de nível, embora ainda tenham que evoluir. No padrão de teste
colisão vigente na China é primeiro a obter cinco estrelas.
POSIÇÃO ao dirigir e o volante de
pequeno diâmetro para permitir visão do quadro de instrumentos por cima do aro
são sensações notáveis no Peugeot 208. Toda a atmosfera interna do carro é
bastante agradável, inclusive o teto solar panorâmico, embora cortina interna
devesse isolar melhor o calor. Motor de 1,45 l/93 cv não é ideal. Suspensões
estão bem acertadas.
PRODUÇÃO do utilitário esporte ix35 em
Anápolis (GO), em instalações da Hyundai-CAOA, sofre novo atraso. Primeira
previsão era final do ano passado, depois passou para março e, agora, próximo
trimestre. Especulações apontam demora nas negociações com o BVA, sob
intervenção do Banco Central. Grupo CAOA tem R$ 600 milhões emperrados naquela
instituição.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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