A JAC Motors organizou evento ontem em seu escritório-sede, na cidade de São Paulo, para lançar, desta vez oficialmente, o monovolume T8. O modelo inaugura o segmento de maxivans no país, ou seja, veículos destinados ao transporte executivo de alto padrão; segundo Sérgio Habib ele não tem concorrentes diretos.
O RACIONAUTO esteve no evento para conhecer a versão definitiva do T8, que ficou, pelo menos por dentro, bem diferente da versão chinesa apresentada no ano passado. O test-drive, aliás, foi diferente: com 6 jornalistas a bordo, o objetivo principal era fazer cada um sentir o conforto do veículo como passageiro, o que nos deu a oportunidade de dirigi-lo por pouco mais de 30 km. Mas foi suficiente.
Ao volante, salta aos olhos a bem-vinda adequação do painel e do revestimento interno para o gosto brasileiro. Em lugar dos mostradores centrais e do couro e plásticos na cor bege, o T8 recebeu mostradores com desenho inédito e uma tela com as informações do computador de bordo bem à frente do motorista, enquanto a seção central permaneceu com os comandos do ar condicionado frontal e da central multimídia. Há ainda diferentes materiais e texturas, predominantemente em cor escura, com o topo do painel revestido em material macio ao toque e uma faixa central de plástico imitando madeira, de bom gosto.
O bom motor 2.0 16v turbo, movido somente a gasolina, oferece 175 cv de potência e 26,5 kgfm de torque entre 2 e 4 mil rpm para empurrar as mais de 2 toneladas do T8. Parece pouco, mas pensando na proposta do veículo é mais que suficiente. O lag abaixo das 2 mil rotações força o motorista a manter o giro alto em retomadas, o que eleva o nível de ruído, mas é possível trafegar a 120 km/h sem esforço em 6ª marcha, com o giro abaixo das 3 mil rpm. Ademais, o barulho do motor só pareceu incomodar realmente o motorista e o passageiro da frente.
Na frente o espaço para quem é alto não é tão bom, especialmente se estiver dirigindo. Pelo menos os controles elétricos do banco do motorista facilitam seu posicionamento. Já a coluna de direção, como todo JAC, continua só com ajuste de altura operado por uma alavanca de acionamento pesado. Os bancos são bem confortáveis, tanto os da frente quanto os da segunda fileira; os da última não são ruins, mas não reclinam totalmente nem têm apoios de braço como os demais. O acabamento geral do T8 é bom e o espaço atrás, ao contrário da limitação na frente, é cavernoso; até eu, com meu metro e noventa, consegui cruzar as pernas sem dificuldade. A maxivan da JAC tem 5,1 metros de comprimento, 1,84 metros de largura e 1,97 metros de altura. Para virar as poltronas do meio para trás, porém, é melhor que seja com o T8 parado e antes de embarcar; com os ocupantes em seus lugares as pernas se chocam e a operação se torna difícil. O porta-malas também é imenso: são 1.310 litros com todos os assentos no lugar, 3.550 litros sem a última fileira e 4.800 litros com todos os bancos traseiros retirados - dá pra fazer uma mudança.
Como não só de espaço vive uma maxivan executiva, a suspensão do JAC T8 faz o seu trabalho muito bem. Num trecho de asfalto bem castigado em São Paulo houve alguma reclamação, mas isso é o limite. Na estrada ou em condução por vias com conservação normal não há trancos nem ruídos, mesmo para quem vai lá atrás. E equipamentos para garantir o conforto e a segurança a bordo não faltam: duplo sistema de ar condicionado, independente para os ocupantes da frente e de trás; central multimídia touch-screen com Bluetooth e boa qualidade sonora do áudio, computador de bordo, volante multifuncional revestido em couro com os controles da multimídia e do computador, várias tomadas de 12v e porta-objetos, luzes individuais de leitura, teto solar, freios a disco nas 4 rodas com ABS e EBD, sensor de estacionamento com câmera de ré e mais toda a típica lista de itens de série dos JAC.
Defeitos há. Alguns pareceram mais deslizes de um modelo pré-série do que falta de zelo, e outros carecem de revisão. Uma das lâminas do difusor do ar condicionado dianteiro, por exemplo, estava desencaixada e eu mesmo coloquei no lugar. Já parte do tecido que revestia internamente o teto solar ficou aparente ao fechá-lo. Isso é bobaginha, mas a falta de GPS integrado ao sistema multimídia e de controlador de velocidade, não. Falando em multimídia, aliás, ele merece uma reprogramação para que certos termos apareçam com uma tradução mais usual para o brasileiro (o termo "Bluetooth" aparece como "Dente Azul") e para eliminar os incompreensíveis caracteres em chinês na tela de abertura. Já as poltronas traseiras, quando viradas totalmente para trás, impossibilitam o afivelamento dos cintos de segurança; reuniões com a T8 em movimento, só fora da legalidade do código de trânsito.
Mas a JAC Motors já mostrou que é atenta e trabalha rápido. Partindo desse pressuposto, a meta de 2 mil unidades vendidas em 2014 parece bem plausível, especialmente pela demanda não suprida de locadoras e hotéis, por exemplo. Se os R$ 114.900,00 pedidos pela T8 são muito dinheiro, ainda não dá para dizer. Predicados, pelo menos, ela tem de sobra.
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