segunda-feira, 15 de agosto de 2016

VOLKSWAGEN GOL 1.0 TRENDLINE 2 PORTAS - AVALIAÇÃO


Por Maximiliano Moraes
Fotos: Rodrigo Rego



"Gol é Gol". Dos jargões óbvios para elogiar carros, talvez nenhum seja tão redundante. Mas um carro com 36 anos de história e, destes, 27 anos consecutivos no topo do ranking de vendas até que merece esse tipo de redundância. Ainda que tenha perdido a liderança há alguns anos, em 2016 o Gol recuperou algumas posições e hoje está em quarto lugar no ranking, pouco menos de 1.000 unidades à frente de seu arquirrival Palio (38.960 vendidas do VW contra 37.986 do Fiat entre janeiro e julho).



O face-lift recebido no primeiro semestre, dá para dizer sem erro, foi responsável por isso. A Volkswagen é sempre discreta quando o assunto é design, preferindo linhas que envelhecem devagar e um "jogo dos erros" a cada remodelação. Mas o Gol, nesta atualização, é como um cara que malhou, mudou o cabelo e clareou os dentes, mas também mudou a alimentação e se desintoxicou. É o mesmo, mas ficou melhor por dentro e por fora.



Problema é que a vida já foi muito mais fácil para modelos de 2 portas no Brasil. O novo Gol está mais vistoso, principalmente por dentro, e ainda que esta versão seja mais simples ela é bem montada. Mas com a preferência nacional por modelos com 4 portas, se não for esportivo ou modelo de nicho - geralmente caros - vai ser visto como carro de frota. Mas a gente testou e comprovou que o novo Gol melhorou bastante e, mesmo com 2 portas, pode ser muito mais que isso. Destacamos 3 motivos pra você cogitar um em sua próxima compra.

É econômico



Esta versão do Gol não tem computador de bordo, por isso tivemos que medir o consumo tanque a tanque e sempre com gasolina, porque é o combustível com o qual ele veio abastecido. Tá certo que o trânsito no entorno de Campinas, onde ele rodou a maior parte do tempo, não é dos piores, mas média urbana superior a 15 km/l em qualquer lugar não é pra se ignorar. Ajudaram, com certeza, os pneus "verdes", de baixa resistência ao rolamento, que equipam todas as versões.



Tem ainda um roteiro de 500 km que fazemos sempre, entre Valinhos e Ribeirão Preto pela rodovia Anhanguera, que o Gol encarou. Na ida, só com o motorista, mas na volta com 3 ocupantes e o porta-malas de 280 litros literalmente abarrotado, mas principalmente pesado. Respeitando sempre os limites de 100 e 110 km/h permitidos neste trecho, pasmem, ele gastou menos de meio tanque e conseguiu média de 19,19 km/l.


É ágil



Impressionante o que esses motorezinhos de 3 cilindros rendem, especialmente se a gente comparar com os primeiros 1.0 do mercado, lá na década de 90. Eram comuns tempos de aceleração de 0 a 100 km/h em torno de (ou superiores a) 20 segundos, motivo pelo qual pensar em um 1.0 naquela época era coisa de não ter tanta grana e precisar ir de um lado a outro, e só.



O motor do Gol é o mesmo que está no up! e no Fox. Tem 3 cilindros, 12 válvulas e rende 82 cv com etanol e 75 com gasolina. É um pouco ruidoso e áspero, especialmente se comparado a outros 1.0 3 cilindros do mercado, mas deixa o carro bem esperto. Se a gente pensar na proposta do Gol 1.0 2 portas - carro de entrada, economia e tal -, cumprir a mesma prova com tempo na casa dos 13 segundos não é nada mal. Some a isso a dirigibilidade apurada que o Gol sempre teve e você tem um carrinho excelente para a cidade e bem gostoso para encarar a subida de serra depois do fim de semana na praia.

É barato



Há quem diga que pagar R$ 40 mil num carro 1.0 hoje em dia é loucura. Mas, convenhamos, tá tudo caro. Os mais baratos do mercado, a não ser em tempos de promoção limpa-estoque, não custam menos que R$ 35 mil com ar condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricas. O Gol que a gente testou custa, básico, R$ 35.150,00 e vem já com direção hidráulica, vidros e travas elétricos, banco do motorista com ajuste de altura, desembaçador traseiro, airbag duplo e ABS com EBD. Mas carro de frota sempre vem mais completinho: o nosso tinha pintura metálica (R$ 1.378,00), ar condicionado (R$ 2.890,00) e som com Bluetooth e entradas auxiliares (R$ 883,00), o que levou o preço a R$ 40.301,00.



Um VW Take up! 2 portas, que é um projeto mais moderno, vem com Isofix. Mas se a gente considerar que a maioria das pessoas que escolhe um carro com 2 portas não tem filhos, o Isofix se torna meio inútil. Além disso ele não tem som nem como opcional e é mais caro, custa R$ 40.502,00. Já o Palio Fire, outro modelo com opção de carroceria de 2 portas, sai por R$ 39.112 com configuração semelhante. E não é preciso dizer que, apesar de mais barato, é um projeto mais antigo, com dirigibilidade ruim, ergonomia sofrível...

Vale?



Se você quer um carro urbano despretensioso, especialmente se for solteiro, e estiver buscando economia, agilidade e bom preço de compra, o Gol 2 portas pode ser seu número. O melhor é levar de quebra facilidade de manutenção e excelente liquidez, além de ótima opção para viagens quando não há necessidade de levar muita gente ou muita carga.

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