O segmento de hatches médios no Brasil anda mal das pernas. Ano passado os 6 representantes do segmento (sem contar modelos de marcas premium) conquistaram o total de 22.521 emplacamentos, menos que a Chevrolet Spin sozinha, que ficou em 30º lugar no ranking com 22.983 unidades comercializadas.
Isso, porém, não impediu a Chevrolet de renovar seu hatch médio, o Cruze Sport6. Na última contagem do ranking a versão antiga deste GM ficou em terceiro lugar, atrás dos bem-falados Focus e Golf. Com o modelo novo - sim, porque a única coisa mantida foi o nome - a marca quer tanto assumir a ponta quanto trazer mais expressividade em vendas para o segmento. Ficamos com ele por 20 dias e rodamos mais de 4 mil quilômetros, colocando-o à prova na cidade e principalmente na estrada, para entender se ele tem de fato todo esse potencial.
A primeira coisa que (realmente) chama a atenção é o design. Mais interessante que o sedã, além da traseira obviamente distinta o Cruze Sport6 traz para-choque dianteiro (inspirado na versão RS americana) e rodas diferenciadas sempre com aro 17, além de mais cores do catálogo. Caiu bem, inclusive, a cor Vermelho Glory no hatch, indisponível para o sedã. O Cruze Sport6, a propósito, foi um dos modelos que mais chamaram a atenção e sobre o qual mais nos fizeram perguntas dentre todos os que já avaliamos.
O interior repete a fórmula do sedã. É bem acabado e muito bem equipado, com bancos, parte das portas e superfícies no painel revestidas em couro, além de detalhes cromados e layout moderno. Poderia, porém, ter padronagem diferente. O revestimento cinza claro, curiosamente chamado de "Dark Atmosphere" pela Chevrolet, destoa da proposta esportiva do hatch, que recebeu ajustes mecânicos justamente para se destacar em relação ao que o Cruze oferece em termos de dirigibilidade.
Falando nisso, esses ajustes - suspensão enrijecida, direção elétrica recalibrada, câmbio automático com trocas mais ágeis - o tornaram melhor que o sedã. O Cruze é sobre conforto; o Sport6 cumpre bem sua proposta mesmo longe de ser um GT. Nas curvas, o apoio chega mais rápido e a carroceria aderna menos, mantendo-se na trajetória com maior sensação de segurança. A direção, ainda que tenha se mantido bem leve em manobras, está mais pesada em velocidade e mais direta nas curvas - ainda bem. A transmissão, por sua vez, responde agora com mais agilidade e torna as trocas manuais na alavanca, caso se queira ainda mais esportividade, mais divertidas.
O motor 1.4 Turboflex continua se destacando pelas ótimas respostas, garantidas pela oferta máxima de torque já a partir de 2.000 rpm. Acelerar e retomar velocidade com o Cruze hatch é tão satisfatório quanto com o sedã. E ainda que tenha ficado menos econômico que seu irmão, talvez pelo maior arrasto aerodinâmico da carroceria - ainda que o aerofólio traseiro ajude a minimizar este efeito -, a média máxima que conseguimos, de 15,8 km/l de gasolina na estrada (a 110 km/h de média, 3 ocupantes e porta-malas cheio) não é nada mal.
Falando em porta-malas, a Chevrolet perdeu a oportunidade de oferecer um compartimento mais prático: a bagagem não pode ultrapassar 290 litros. Seus concorrentes (e até alguns modelos compactos) levam mais: o Focus, 316 litros e o Golf, 313. Até o modelo antigo se saía melhor neste quesito, com bons 402 litros. A redenção vem com o espaço interno, exatamente o mesmo oferecido pelo sedã. Acomodar 5 ocupantes, ainda que o passageiro do meio no banco traseiro não goze do mesmo espaço, não é difícil.
A versão LTZ com o pacote R7N - ou LTZ 2, como já é chamado - é a mais equipada e cara da linha. Continua devendo freio de estacionamento eletrônico, ar condicionado dual zone, aletas atrás do volante para trocas de marchas e um carregador de celular por indução que aceite mais aparelhos, mas já ganha do sedã por ter teto solar. A lista ainda traz alerta de pressão dos pneus, controles de estabilidade e tração, Isofix, assistente de partida em aclive, cruise control, start-stop, volante multifuncional, sistema premium de áudio com 4 alto-falantes e 2 tweeters, OnStar com Pacote Exclusive, 6 airbags, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro mais câmera de ré, sensor crepuscular e de chuva, computador de bordo com informações de viagem, veículo e consumo, chave presencial com botão de partida remota, espelhos retrovisores externos elétricos, aquecidos e com rebatimento elétrico, retrovisor interno eletrocrômico, MyLink com GPS e compatibilidade com Android Auto e Apple CarPlay, alerta de colisão frontal, alerta de ponto cego, assistente de permanência na faixa, farol alto adaptativo, indicador de distância do veículo da frente, sistema de estacionamento automático Easy Park e banco do motorista com regulagens elétricas.
Com esta lista de equipamentos o Cruze Sport6 custa R$ 113.090,00, mas pode ficar ainda mais caro se a cor escolhida for a perolizada Branco Abalone, que custa R$ 1.550,00. Com a Vermelho Glory (metálica), como no carro testado, o preço vai a R$ 114.590,00. E a gama de versões começa com a LT na cor Vermelho Edible Berries, sem custo adicional, por R$ 91.790,00.
COMPENSA?
Sim, compensa. O alto preço da versão LTZ pode afastar compradores, que já mostraram ao mercado que preferem SUVs. Por outro lado quem curte tecnologia e gosta da ideia de um carro mais seguro e (bem) melhor de dirigir não vai encontrar na maioria dos SUVs do mercado todos os itens que o Cruze Sport6 apresenta e nem vai conseguir o mesmo nível de dirigibilidade. Os fãs de hatches têm enfim uma opção nova e bastante interessante à escolha, podendo escolher algo além do duo Focus - Golf.
péssimo veículo.
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