Reportagem e fotos: Maximiliano Moraes
Não faz muito tempo, a Chevrolet introduziu no Cobalt vários aperfeiçoamentos para torná-lo mais suave, silencioso e, principalmente, econômico a fim de atender às normas do Inmetro. A versão Elite, lançada com o face-lift, deixou-o mais recheado e com melhor qualidade no acabamento. Nós já o tínhamos avaliado depois da remodelação, mas pedimos à GM uma unidade para conferir as melhorias e pontuar suas diferenças em relação aos seus concorrentes.
Melhorou mesmo?
Sim. O Cobalt sempre foi um carro suave e silencioso, mas a primeira coisa que você sente quando dirige o modelo 2017 é o quanto ele ficou mais solto. Com as mudanças mecânicas, elétricas e eletrônicas o motor 1.8 8v ganhou potência e torque (passou a 111 cv e 17,7 kgfm com etanol), enquanto o câmbio automático de 6 marchas com opção de trocas manuais por botão na alavanca (não é a melhor alternativa do mundo, mas está lá) recebeu novo escalonamento para aproveitar ao máximo a força disponível em baixa rotação, fazendo trocas rápidas e sempre antes das 2.500 rpm - o torque máximo chega pouco acima, em 2.600 rpm. Com isso este GM ainda se tornou mais econômico: nossa média de consumo entre cidade e estrada ficou em bons 12,4 km/l de gasolina.
Mas não pense que motor e câmbio são os únicos responsáveis. A suspensão agora está mais baixa, com novas molas e amortecedores, e a aerodinâmica melhorou sensivelmente com os defletores na parte inferior da carroceria. Os pneus têm baixa resistência à rolagem, os cubos de roda são novos e o sistema de direção recebeu assistência elétrica, que rouba menos potência do motor. Tudo isso possibilitou uma redução de cerca de 2 segundos nas acelerações de 0 a 100 km/h - se antes o Cobalt 1.8 fazia isso em pouco mais de 13 segundos, agora cumpre a prova na casa dos 11 segundos.
Solto sim, mas nada arisco: o compromisso do Cobalt Elite é com o conforto. Ele obedece de forma satisfatória quando preciso, mas o melhor é dirigi-lo sem pressa para aproveitar o melhor que ele pode oferecer. Mantendo-se muito silencioso, ele ficou mais requintado com o revestimento em couro marrom em bancos, volante e parte das portas, plásticos de boa qualidade no painel com apliques em black piano na moldura da tela do MyLink, das saídas laterais do ar condicionado, na alavanca de câmbio e no volante, alguns cromados na cabine e na parte inferior da carroceria. Tem design ainda conservador, mas ficou muito mais agradável que antes.
De quebra o sedã recebeu itens de série que outros concorrentes não têm, como é o caso dos sensores de luz e chuva e da tecnologia OnStar - esta, ainda exclusiva de modelos Chevrolet. Vidros elétricos com one-touch nas 4 portas, retrovisores externos com ajuste elétrico, central MyLink de segunda geração com Android Auto e Apple CarPlay, navegação por voz, computador de bordo, monitoramento de pressão de pneus, dimmer para regular a intensidade de luz no painel, banco do motorista com ajuste de altura, sensor de estacionamento com câmera de ré, alarme, faróis de neblina e rodas de liga leve fazem parte do pacote.
Mas ainda que a lista de equipamentos seja repleta quanto à comodidade ela deixa a desejar no quesito segurança. Além de airbag duplo e ABS, obrigatórios, e do sistema OnStar (que pode rastrear o carro e bloqueá-lo em caso de furto ou contatar o serviço de emergência local em caso de acidente), não há nenhuma babá eletrônica para minimizar eventuais exageros em curvas, nem Isofix no banco traseiro e nem coisa mais simples de se incluir, como apoio de cabeça e cinto de segurança de 3 pontos centrais no banco traseiro. E para um sedã que quer ser requintado viriam a calhar ajuste de profundidade na coluna de direção, retrovisor interno eletrocrômico e até luzes para os espelhos de cortesia, coisa que o Cobalt não tem.
Mercado
Mesmo com muita gente colocando todos os sedãs desta faixa de preço no mesmo balaio nós acreditamos que, pelo porte, motorização, nível de equipamentos e preços mais próximos entre si, os verdadeiros concorrentes do Cobalt Elite são o Renault Logan Dynamique Easy'R, o Nissan Versa Unique, o Toyota Etios Sedã Platinum e o Fiat Grand Siena Sublime - sedãs que chamamos de médio-compactos.
O Cobalt é o maior do quinteto. São 4,481mm de comprimento, 1,735mm de largura e 2,620mm de entre-eixos, com porta-malas de 563 litros. Somente em altura (1,509mm) ele perde do Renault e do Toyota. O Logan vem em seguida, sendo mais alto (1,529mm), com maior entre-eixos (2,635mm) e praticamente empatando na largura (1,733 mm), mas sendo menor que o GM em comprimento (4,349mm) e porta-malas (510 litros). O Versa é o mais comprido aqui (4,49m), mas perde do Cobalt e do Logan em todas as outras dimensões - 1,695mm / 1,506mm / 2,600mm - além de ter o menor porta-malas do grupo, com 460 litros declarados. A curiosidade sobre o Nissan, porém, é que o espaço para as pernas no banco traseiro é tão grande que é possível até cruzar as pernas com os bancos dianteiros totalmente recuados. O Etios Sedã, que parece menor do que é de fato, surpreende com boa altura (1,510mm), e um porta-malas virtualmente igual ao do Cobalt, com 562 litros, mas sua largura é a mesma do Versa (1,695mm) e seu entre-eixos, o segundo menor com 2,550mm. O Grand Siena tem a mesma altura do Nissan (1,506mm), está no meio em largura (1,700mm) e também em porta-malas (520 litros), mas é o que menos espaço oferece para os ocupantes por ser o de menor comprimento (4,290mm) e entre-eixos (2,511mm) dentre os concorrentes.
Falando em preço, o Cobalt é o mais caro dentre os 5, com preço sugerido no site de R$ 71.390,00 com pintura metálica e sem opcionais disponíveis para a versão Elite Automática. O Versa vem em seguida, custando, no site, R$ 69.140,00 na versão Unique CVT com pintura perolizada. O Etios Sedã chega em terceiro lugar com preço sugerido de R$ 68.890,00 na versão Platinum Automática com pintura perolizada. O Grand Siena, que no site da Fiat custa R$ 67.311,00 na versão Essence Dualogic com Kit Sublime e pintura metálica, só é mais caro que o Logan, que sai por R$ 65.050,00 na versão Dynamique 1.6 SCe com câmbio Easy'R, pintura metálica e bancos revestidos parcialmente em couro.
Se formos olhar para os números brutos de venda, o Etios leva a melhor: maior número de versões, melhorias no interior e nos motores, adoção do câmbio automático para toda a linha e, mais recentemente, um face-lift levaram muito mais consumidores às lojas, sendo 7.087 unidades emplacadas de janeiro a março deste ano. O Cobalt, que já foi campeão, agora tem menos versões (apenas 3) e somente um motor disponível, e aparece em segundo lugar com 5.517 unidades vendidas. O Logan chega em terceiro com 4.821 unidades comercializadas e o Versa, em quarto com 4.328 unidades. Na Fiat, as vendas do Grand Siena ainda são contabilizadas junto às de sua versão antiga, ainda em estoque nos pátios, o que torna difícil saber quantas das 6.652 unidades vendidas neste ano realmente são do modelo novo.
Vale a pena?
O Cobalt deixa a desejar no quesito segurança, mas todos deixam. Por outro lado ele é espaçoso, trata bem os ocupantes, mostra solidez ao rodar e um nível de conforto superior ao dos concorrentes. Sua transmissão é a melhor do segmento (o Versa tem um CVT sem marchas virtuais, o Etios não tem opção de trocas manuais, o Dualogic do Grand Siena só funciona a contento quando as marchas são trocadas manualmente e o Easy'R é o pior automatizado do mercado) e ele ainda é aceitável no mercado a ponto de, mesmo com menos versões e uma única opção de motor, ser o segundo mais vendido. Em nossa opinião, portanto, ele é a melhor opção neste sub-segmento.
Eu sou fã do Cobalt, do Logan e do Siena, por causa do espaço do porta-malas e do conforto interno. Dentro desse estilo de carro, também gosto do Chery Celer, mas o seu maior defeito é a rede autorizada, deficiente em abrangência e muito cara.
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