ERS - Energy Recovery System (Sistema de Recuperação de Energia) |
O
automobilismo de competição sempre teve papel primordial para o desenvolvimento
dos carros comuns desde a primeira corrida realizada no mundo, em 1894, entre
as cidades francesas de Paris e Rouen. Essa migração de tecnologia aconteceu em
praticamente todos os componentes e sistemas, em maior ou menor grau, muitas
vezes sofrendo adaptações por razões práticas e/ou de custos.
Os primeiros
automóveis, surgidos em 1886, não passavam de carroças ou carruagens que recebiam
motor e transmissão. Justamente a necessidade surgida com a competição levou ao
desenvolvimento do primeiro chassi específico para automóvel. Daí em diante, a lista
de pioneirismos nascidos nas pistas é muito extensa. Desde itens simples, como o
primeiro espelho retrovisor (1911) até o turbocompressor nos motores (1923).
Tração nas
quatro rodas, por exemplo, surgiu em 1906, e transcorreram 60 anos até o
sistema migrar de utilitários pesados para automóveis comuns. Já freios a disco
tiveram adoção bem mais rápida, pois surgiram em 1953 e dois anos depois
estreavam nas rodas dianteiras de um automóvel topo de linha.
A Fórmula 1,
expressão máxima de um veículo específico para corridas, também responde por
vários avanços, embora sofisticação e alto custo sempre tenham sido obstáculos
para transferências. Fibra de carbono, utilizada desde 1975, é aplicada hoje em
carros mais caros, mas já em 1987 apareceu em pequenas partes mecânicas de
picapes para aliviar peso.
Os motores
atuais herdaram vários de seus desenvolvimentos diretamente dos autódromos.
Economia de combustível é exceção, porém as coisas vêm mudando até na F-1. Em
2013 termina a era do foco único em potência, embora desde 2008 a categoria
utilize a recuperação de energia cinética dos freios (KERS, em inglês). O
objetivo não foi apenas potência extra, pois o sistema permite pequena economia
de gasolina.
A partir de
2014, os motores sofrerão o processo de downsizing,
ou seja, diminuição de tamanho e adoção de turbocompressor, como já acontece
nos propulsores de veículos comuns. O V-8, de 2,4 litros, 700 cv/18.000 rpm,
consumo em torno de 1,6 km/l, passará a V-6, de 1,6 litro, limitado a 550 cv/15.000
rpm. Esse novo motor utilizará pela primeira vez injeção direta, mas com nada
menos de 500 bares de pressão contra 200 bares dos automóveis de rua.
Outra
novidade é um motor elétrico acoplado ao turbocompressor (foto) que, além de
acrescentar 150 cv, elimina qualquer atraso de resposta na aceleração (turbo lag). No final, a potência somada
se iguala aos 700 cv atuais, porém com extraordinária diminuição de consumo de
35%. Apesar de caros, acredita-se que tanto o eletroturbo como as válvulas
injetoras e bombas de alta pressão (desenvolvidas pela Magneti Marelli), possam
baixar de preço e migrar para os automóveis em quatro a cinco anos, de início
em modelos premium.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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