No Salão do Automóvel deste ano um dos stands mais movimentados foi o da JAC Motors, que deu especial destaque para o novo SUV T5 e para o IEV4, um J3 Turin com propulsor 100% elétrico. Aproveitando a ocasião do lançamento do novo J2 Jet Flex, a marca ofereceu aos presentes a oportunidade de andar nos dois modelos.
JAC T5
Se há uma coisa da qual ninguém pode reclamar é de falta de originalidade no design do T5. Os modelos oferecidos para test-drive estavam totalmente disfarçados, mas a versão apresentada no Salão mostrou uma evolução notável na linguagem de design da marca. Bonito e imponente, ele abusa da mescla de ângulos retos com curvas sinuosas e, em alguns detalhes, guarda certa semelhança com o irmão maior T6, mas longe de ser um clone em escala reduzida.
A dianteira é marcada pela enorme grade com elementos cromados nas réguas horizontais e na moldura lateral, luzes de neblina incrustadas na moldura inferior do para-choque dianteiro e bonitos faróis com facho principal elipsoidal e leds diurnos. Na lateral se destacam os vidros, cuja linha inferior se eleva até encontrar a linha superior na coluna C, e a moldura plástica na parte inferior das portas que se eleva até formar o para-choque traseiro. Este contém apliques imitando alumínio que emolduram as luzes de ré, outro enorme aplique no mesmo padrão logo abaixo da luz de neblina traseira, régua cromada acima da placa e lanternas de desenho orgânico e agradável.
Dentro, o acabamento e o layout geral agradam. As unidades utilizadas para tropicalização já contavam com a padronagem definitiva de revestimento, que será predominantemente escura, e na versão disponibilizada ao consumidor, segundo a JAC, haverá poucas mudanças: uma moldura aqui, um aplique ali. O uso de plásticos não desagrada, considerando que são de boa aparência, textura e apresentam bons encaixes. Os bancos, largos e confortáveis, são totalmente revestidos em couro de boa aparência e o material também aparece em boa parte do painel que cobre as portas. O espaço é excelente para todos os ocupantes e todos contam com cintos de 3 pontos. O porta-malas também é ótimo, aparentando ser maior até que o do T6.
Dirigimos primeiro a versão com câmbio CVT, o primeiro do tipo nos carros da JAC no Brasil. O trajeto foi exclusivamente urbano, passando pela Marginal Tietê, entrando no acesso à Praça Campo de Bagatelle e seguindo por uma boa parte da Av. Brás Leme, onde fica a nova concessionária da marca. Por orientação da engenharia, utilizamos somente as trocas manuais - a unidade testada ainda passava por acertos para possibilitar o uso do câmbio no modo automático. Isso explica, em parte, a lentidão nas acelerações e trocas de marcha, bem como a rotação elevada do motor praticamente o tempo todo. No T5 CVT o propulsor 1.5 VVT Jet Flex - o mesmo que equipa a dupla J3 S e J3 Turin S - pareceu insuficiente para empurrar o carro.
A impressão se desfez ao entrarmos na versão com câmbio manual e acerto definitivo para o mercado brasileiro. O motor é adequado para a proposta e o porte do carro, e a suspensão bem ajustada faz o T5 se parecer mais com um sedã do que com um SUV, a despeito da posição de dirigir elevada. Os engates do câmbio são os melhores já encontrados num JAC e a direção elétrica facilita muito as manobras, ainda que careça de alguma melhora quanto à progressividade em velocidades mais altas.
O T5 quer encarar os consagrados EcoSport e Duster, bem como os novos HR-V e 2008 que chegam no próximo ano. Dotado de ar condicionado digital e central multimídia em qualquer versão, ele manterá a filosofia de "completão" típica da marca, mais que necessária para entrar num mercado tão concorrido. O preço ainda não foi divulgado, mas não deve ultrapassar os R$ 65 mil.
JAC IEV4
A experiência de dirigir o IEV foi, no mínimo, interessante. A ideia da JAC não foi apresentá-lo como uma proposta viável ao mercado brasileiro, mas como um exemplo prático da capacidade tecnológica chinesa para o desenvolvimento de novos produtos que atendam às demandas do mercado mundial. O modelo representa a quarta geração de veículos de propulsão totalmente elétrica dentre os modelos JAC na China.
Por fora o IEV tem o mesmo design do Turin novo, mas por dentro ele é igual ao antigo. Juntando o jeito chinês de ser à proposta ecologicamente correta do carro, seria impossível que o interior não fosse claro. Quase tudo é bege, menos a parte superior do painel e das portas. O revestimento dos bancos é em couro e na seção central do painel há uma central multimídia com acionamento pouco intuitivo. O painel mantém a iluminação original em tôm laranja, menos cansativa do que a azul utilizada nos JAC antigos por aqui, e a alavanca de câmbio traz um bonito acabamento.
Como não sofreu nenhuma alteração mecânica, o JAC IEV conservou também o acerto molenga da suspensão e a maciez excessiva da direção. Chineses gostam, nós não. O comportamento do propulsor elétrico, por outro lado, agradou: mesmo com somente 42 kW, equivalentes a 57 cv de potência, o torque é mais que suficiente para garantir acelerações vigorosas no trânsito e, como em todo elétrico, está disponível desde 0 rpm. O câmbio típico de modelos elétricos tem somente 1 marcha à frente e outra à ré, fora a posição neutra. A autonomia é pequena; são somente 170 km - se o condutor não tiver o pé pesado.
Infelizmente, e não por falta de mercado, mas de estrutura, o IEV não será vendido por aqui. Pensando nas últimas crises de abastecimento que vários estados enfrentaram nos últimos meses é fácil concluir que ainda não chegou a hora dos elétricos; é a vez dos híbridos. Mas com algumas adaptações ao gosto do brasileiro, como a mudança dos acertos de suspensão e direção, bem como do layout e do revestimento da cabine, o JAC IEV poderia até ser uma boa opção para deslocamentos urbanos.
Fotos: Divulgação / Maximiliano Moraes
Infelizmente a falta de investimento em energias renováveis, principalmente a solar, mata o mercado de elétricos por aqui. Brasil tem um potencial gigantesco para a produção de energia solar e isto abriria caminho para a expansão dos elétricos, já que a energia que vem do Sol é barata (o que sai caro são os equipamentos para a captação dela, mas com o tempo e a popularização eles vão baratear).
ResponderExcluirAlém disto, tem outro detalhe: Jamais o governo permitirá que os elétricos se popularizem por aqui, pois a Petrobras teria prejuízos maiores do que já tem.
Muito caro por ser de marca duvidosa. Preço de revenda horrível! $50.000 ainda seria demais num carro chinês, uma pena.
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