ALTA RODA, Fernando Calmon
Toyota Etios Platinum tem melhor acabamento mas ainda peca em detalhes. Conjunto mecânico é bom |
O Carnaval este ano foi marcado por menos acidentes, mortos e feridos do que o mesmo período carnavalesco do ano passado nas estradas federais do País. Ainda é difícil saber se indica uma tendência, mas a Polícia Rodoviária Federal (PRF) fez um balanço baseado em seus registros e estatísticas. Nesta comparação, por cada milhão de veículos registrados no Renavam, o número de mortos caiu 28%, o de feridos 18% e os acidentes 22%.
Morrer 120 pessoas (incluídos os atropelamentos) em quatro dias e meio ainda assusta e muito. Mas é inegável que a PRF se preparou para este período sempre problemático com ações diversas. No total foram fiscalizados 234.038 veículos, recolheram-se 1.901 carteiras de motoristas e 48.754 pessoas participaram de ações de educação para o trânsito. Uma das providências que mais surtiu efeito foram os testes de alcoolemia. Pelo bafômetro passaram 85.677 motoristas, dos quais 2.006 foram autuados e 372, presos.
A referência a comemorar aparece quando se comparam as fatalidades nas rodovias federais no Carnaval de 2007 com o de 2015. Em oito anos, as mortes por milhão de veículos registrados baixaram nada menos de 56%: de 3,2 para 1,4. No entanto, a relação com outros países ainda não pode ser feita, pois a frota registrada é cerca de 30% maior do que a real. Afinal, como já comentado nessa Coluna, os carros no Brasil têm certidão de nascimento, mas não de óbito. Milhares de veículos viram sucata todos os anos, mas continuam no Renavam: poucos se habilitam a enfrentar a burocracia e os custos de cancelar a documentação.
As estatísticas da PRF, no entanto, têm seu valor porque a mesma base, ainda que errada, serviu de critério em todo o período avaliado. Há alguns fatores importantes deixados de lado entre eles a densidade do tráfego. Não foi possível descobrir se menos veículos circularam neste Carnaval por razões econômicas: combustível mais caro, índice menor de confiança no futuro e o País em ambiente recessivo.
Esse dado é tão importante que nos EUA o balanço de acidentes, feridos e mortos leva em conta a frota real (lá bem controlada) e a média de distância percorrida anualmente por veículo. Com organização estatística pode-se medir por amostragem direta e indireta, por exemplo, pelos planos de manutenção nas oficinas.
No Brasil deve-se esperar uma melhoria constante na segurança à medida que mais automóveis entrarem em circulação com freios ABS e bolsas infláveis. Nada, no entanto, se equivale à qualidade das estradas como fator de menor risco.
São Paulo, o estado com as rodovias mais modernas e seguras do País, comprova isso. Segundo a Polícia Militar Rodoviária, comparando o período carnavalesco de 2014 e de 2015, o número de mortos caiu de 40 para 21. Deve-se notar que a malha rodoviária federal em São Paulo é minúscula, enquanto a estadual representa mais de 40% do total de rodovias no Brasil, incluídas regionais, estaduais e federais.
Números paulistas, portanto, têm extraordinária relevância e se aproximam de países desenvolvidos por qualquer critério de comparação.
RODA VIVA
PARA quem costuma desdenhar das leis de mercado, basta ver o repasse do aumento do IPI não integral para todos os modelos. Alguns fabricantes oferecem acessórios sem aumento de preço ou subsidiam seu valor. Veículos mais caros que já não tinham IPI menor sofreram até redução nominal de preço. Tudo em razão do ambiente econômico e setorial recessivo.
ATUAL geração do Gol deve receber retoques só no início de 2016. Novidades para 2015 são motores turboflex 1,4 l (Golf, A3 sedã e Jetta nacionais) e o 3-cilindros, também turboflex, para o up! GT. Já o Gol G6, previsto para 2017, usaria a mesma arquitetura MQB do futuro Polo e seria modelo global, situado entre up! e Polo. Possivelmente mantendo o nome Gol em todos os mercados.
VERSÕES de topo do Etios sedã e hatch, batizadas de Platinum, superaram algumas críticas sobre interior pouco requintado. Visual melhorou, mas simplicidade excessiva ainda aparece nos detalhes. Exigiria um novo painel que certamente só virá na segunda geração. Mecanicamente o carro é muito bom e econômico (em especial o motor de 1,5 L), mas o de 1,3 vence por pouco os atuais 1,0 L de três cilindros.
RECENTE regulamentação de segurança sobre cintos de três pontos retráteis para todos os passageiros dos bancos de trás, com cronograma de aplicação até 2020, deixou uma falha inadmissível. Permite-se ainda vender um carro sem cintos retráteis para os dois passageiros das extremidades do banco. Eles têm que ser regulados manualmente: convite para deixar de usá-los.
FABRICANTES de rastreadores continuam a investir em produtos complementares para incrementar a segurança contra furtos e roubos de veículos. Agora é a vez da Pósitron de oferecer rastreamento associado ao seguro cujo preço pode ser até 50% menor do que as apólices convencionais. O seguro indeniza pela tabela FIPE cheia em caso de sinistro e obviamente sem franquia.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de mais de 100 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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