Por Maximiliano Moraes (avaliação, texto e fotos)
Ano passado os japoneses dominaram o segmento de sedãs médios, conquistando as 3 primeiras colocações. Mas um deles conseguiu massacrar os dois concorrentes, com mais que o dobro de unidades vendidas do Civic, segundo colocado, e cinco vezes e meia o número atingido pelo Sentra, o terceiro. Desde que chegou à nova geração o Toyota Corolla sequer enxerga a concorrência pelo retrovisor e, pelo menos até a chegada do novo Civic, reina isolado.
Nem só de fama, obviamente, vive um carro. A frase típica que parece ao mesmo tempo justificar e resumir qualquer motivação para levar um Corolla para casa - "Afinal, é um Toyota!" - poderia, mas está longe de ser muleta. O sedã, que avaliamos na versão intermediária (e mais vendida) XEi, é realmente bom e prova, no dia-a-dia, que a escolha dos consumidores é acertada.
A palavra equilíbrio surge em cada aspecto que se queira analisar o Corolla. Ele, que não é mais novidade no trânsito, ainda consegue chamar a atenção pelo porte e pela elegância - ainda foi possível ouvir gente o chamando de "classudo" e "bonitão" nas ruas. Sem querer ser revolucionário, o Corolla melhorou em tudo o que os olhos vêem - porte, design, acabamento interno, equipamentos - e não vêem a não ser que se dirija - desempenho, dirigibilidade, conforto e acerto mecânico geral.
Há que se considerar e relatar, infelizmente, o fato de a unidade testada apresentar ruído de rolagem semelhante ao de banda de pneu desgastada irregularmente, bem como ruído de atrito de metal num dos discos do lado esquerdo, que aparecia em curvas mais fortes à direita. Por este motivo, apesar de não haver qualquer alteração na dirigibilidade, por precaução preferimos priorizar a avaliação em percurso urbano, com apenas alguns curtos trechos de estrada a fim de evitar contratempos em alta velocidade.
Ao volante, graças aos ajustes de altura e distância do banco do motorista e da coluna de direção, o motorista se ajusta fácil e rapidamente. As primeiras coisas que saltam aos olhos são o bonito layout da cabine e a qualidade do acabamento. A maior parte dos materiais usados para o revestimento interno são macios ao toque, sem contar o fato de a versão XEi vir sempre com bancos e parte das portas revestidos em couro cinza. É bem sacada a imitação de costura de couro na parte superior do painel. Plástico há, mas sempre de toque e aparência refinados. O painel é mais bonito que o da versão GLi, que conta com instrumentos e iluminação distinta. Destoa do conjunto o reloginho digital à la Del Rey, que já deveria ter sido abolido.
Destaca-se a central multimídia com tela touch de 6,1 polegadas, que traz sistema de áudio com boa qualidade sonora, GPS, entradas USB/AUX, conexão Bluetooth, câmera de ré, DVD player e TV digital. O volante abriga comandos de áudio, Bluetooth e do controlador de velocidade de cruzeiro. O painel tem visor digital entre os instrumentos principais, o retrovisor interno é fotocrômico, o ar condicionado é automático e digital e a ergonomia foi revista e melhorada. Mas há deslizes, como a ausência de saída de ar condicionado para o banco traseiro, de sensores de estacionamento para complementar o trabalho da câmera de ré e até um simples porta-óculos.
O espaço interno melhorou muito em relação à versão anterior, que conseguia ser pior que muitos sedãs médio-compactos neste aspecto. Os 2,70 m de entre-eixos possibilitam muito melhor acomodação no banco traseiro, inclusive para um terceiro passageiro, graças ao assoalho plano. Bancos dianteiros e traseiro são confortáveis e não provocam cansaço mesmo com trânsito pesado. O apoio lateral nos dianteiros poderia ser melhor, mas o tipo de motorista que compra Corolla não costuma reclamar disso.
A dirigibilidade, inclusive, agrada bastante. A Toyota conseguiu, com um sistema mais "sacado" de suspensão - McPherson na dianteira, eixo de torção na traseira -, um resultado tão satisfatório quanto se fosse independente nas 4 rodas. O Corolla XEi tem rodar silencioso, filtra de imperfeições de forma bastante eficiente e entrega a segurança e previsibilidade em curvas que se espera de um sedã de seu porte e segmento. Seria melhor de curva (e ficaria mais bonito) se tivesse rodas maiores e pneus mais largos, mas o uso de aros de 16 polegadas prioriza o conforto. É, no sentido mais literal da expressão, um "sedã de família" - esportividade é com o Civic.
Apesar de não ser esportivo, o Toyota Corolla até acelera como alguns. O motor 2.0 VVTi Flex, com 154 cv e 20,3 kgfm de torque com etanol, casa perfeitamente com o câmbio CVT que simula 7 marchas através do uso de paddle-shifts atrás do volante. Em medições não-oficiais (sem uso de equipamento aferido, apenas com cronômetro do smartphone) conseguimos a marca de 9,3 segundos para ir de 0 a 100 km/h, sempre com silêncio a bordo. E não pense que por andar bem ele consome muito. O fato de termos priorizado trechos urbanos levou a média de consumo para um patamar um pouco inferior ao que esperávamos, mas ainda assim dentro da média para um sedã de seu porte e motorização utilizando etanol: 7,5 km/l. Freiar também não é problema, graças ao uso de discos de freio nas 4 rodas com ABS e EBD. E se isso não for suficiente, eventualmente, há 5 airbags para proteger os ocupantes, além dos sistemas Isofix e Top Tether para prender cadeirinhas no banco traseiro e de uma estrutura mais rígida da carroceria para melhor absorver impactos. Só faltaram os controles de tração e estabilidade.
São, de fato, muitas qualidades. Além de ser um bom carro, com longo histórico de resistência mecânica e ótima liquidez no mercado, o Corolla, como todo Toyota, conta com uma rede de assistência técnica muitíssimo elogiada e premiada. O problema é que a Toyota encontra nisso a justificativa para cobrar salgados R$ 89.990,00 por esta versão. É exatamente o mesmo que a Nissan cobra pelo Sentra Unique, um carro muito mais completo, com acabamento mais vistoso, mais silencioso e mais seguro - os controles de tração e estabilidade, além de 6 airbags, estão lá.
De todas as formas o consumidor não parece se importar muito com isso e os números de vendas mostram que ele está, sim, disposto a pagar não só pelo produto, mas pelo que ele representa e oferece a longo prazo. O Toyota Corolla, na opinião dos proprietários, entrega satisfação que não pode ser medida somente a partir do preço de compra.
Bancos dianteiros são confortáveis e não cansam no trânsito, mas falta apoio lateral... |
...enquanto os traseiros acomodam 3 ocupantes com folga, graças à distância entre-eixos de 2,70 m e o assoalho plano |
O espaço interno melhorou muito em relação à versão anterior, que conseguia ser pior que muitos sedãs médio-compactos neste aspecto. Os 2,70 m de entre-eixos possibilitam muito melhor acomodação no banco traseiro, inclusive para um terceiro passageiro, graças ao assoalho plano. Bancos dianteiros e traseiro são confortáveis e não provocam cansaço mesmo com trânsito pesado. O apoio lateral nos dianteiros poderia ser melhor, mas o tipo de motorista que compra Corolla não costuma reclamar disso.
Relógio digital antiquado destoa do conjunto e já deveria ter sido abolido |
A dirigibilidade, inclusive, agrada bastante. A Toyota conseguiu, com um sistema mais "sacado" de suspensão - McPherson na dianteira, eixo de torção na traseira -, um resultado tão satisfatório quanto se fosse independente nas 4 rodas. O Corolla XEi tem rodar silencioso, filtra de imperfeições de forma bastante eficiente e entrega a segurança e previsibilidade em curvas que se espera de um sedã de seu porte e segmento. Seria melhor de curva (e ficaria mais bonito) se tivesse rodas maiores e pneus mais largos, mas o uso de aros de 16 polegadas prioriza o conforto. É, no sentido mais literal da expressão, um "sedã de família" - esportividade é com o Civic.
Média de consumo com etanol ficou em 7,5 km/l, em percursos predominantemente urbanos |
Apesar de não ser esportivo, o Toyota Corolla até acelera como alguns. O motor 2.0 VVTi Flex, com 154 cv e 20,3 kgfm de torque com etanol, casa perfeitamente com o câmbio CVT que simula 7 marchas através do uso de paddle-shifts atrás do volante. Em medições não-oficiais (sem uso de equipamento aferido, apenas com cronômetro do smartphone) conseguimos a marca de 9,3 segundos para ir de 0 a 100 km/h, sempre com silêncio a bordo. E não pense que por andar bem ele consome muito. O fato de termos priorizado trechos urbanos levou a média de consumo para um patamar um pouco inferior ao que esperávamos, mas ainda assim dentro da média para um sedã de seu porte e motorização utilizando etanol: 7,5 km/l. Freiar também não é problema, graças ao uso de discos de freio nas 4 rodas com ABS e EBD. E se isso não for suficiente, eventualmente, há 5 airbags para proteger os ocupantes, além dos sistemas Isofix e Top Tether para prender cadeirinhas no banco traseiro e de uma estrutura mais rígida da carroceria para melhor absorver impactos. Só faltaram os controles de tração e estabilidade.
Banco traseiro conta com sistemas Isofix e Top-Tether de fixação de cadeirinhas infantis |
São, de fato, muitas qualidades. Além de ser um bom carro, com longo histórico de resistência mecânica e ótima liquidez no mercado, o Corolla, como todo Toyota, conta com uma rede de assistência técnica muitíssimo elogiada e premiada. O problema é que a Toyota encontra nisso a justificativa para cobrar salgados R$ 89.990,00 por esta versão. É exatamente o mesmo que a Nissan cobra pelo Sentra Unique, um carro muito mais completo, com acabamento mais vistoso, mais silencioso e mais seguro - os controles de tração e estabilidade, além de 6 airbags, estão lá.
Porta-malas comporta 470 litros, mas ainda tem articulações do tipo "pescoço-de-ganso" |
De todas as formas o consumidor não parece se importar muito com isso e os números de vendas mostram que ele está, sim, disposto a pagar não só pelo produto, mas pelo que ele representa e oferece a longo prazo. O Toyota Corolla, na opinião dos proprietários, entrega satisfação que não pode ser medida somente a partir do preço de compra.
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