terça-feira, 21 de junho de 2016

AUDI A4 SEDAN 2.0 TFSI S-TRONIC AMBIENTE - AVALIAÇÃO


Por Maximiliano Moraes
Fotos: Maximiliano Moraes / Divulgação




Ainda discreto, sem revoluções no design e mantendo o perfil de sedã familiar, o Audi A4 2016 pode passar despercebido por gente menos atenta. Mas, ninguém se engane, é um carro totalmente novo, da plataforma ao motor, da carroceria aos equipamentos. A discrição tem objetivo: a conquista do cliente pelo conforto e pelo uso massivo de tecnologia mais que pela aparência ou desempenho bruto.



Não que ele faça feio. O motor não é tão potente para a categoria, são 190 cv no mesmo bloco 2.0 TFSI que rende, no TT, 230 cv. Mas o torque de 32,7 kgfm entre 1.450 e 4.200 rpm torna o A4 capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 7,3 segundos, com velocidade máxima declarada de 240 km/h. Tudo isso, como se não bastasse, com economia - nós conseguimos 15,3 km/l na estrada e o Inmetro deu para o sedã etiqueta A, com 14 km/l aferidos em condições de estrada. A Audi fala em números ainda mais otimistas, na casa dos 20 km/l. O mérito, além da eficiência energética do propulsor, é também do uso de alumínio na estrutura do carro, que fez o peso ser reduzido em até 120 kg nesta geração, bem como para o excepcional coeficiente de penetração aerodinâmica de 0,23, o melhor de seu segmento e um dos menores já obtidos pela marca em carros de linha.



A discrição e a eficiência são quebradas por doses homeopáticas de agressividade. De lado o novo A4 ainda segue a mesma cartilha de design de antes, com 3 volumes bem definidos e linhas suaves. Isoladas, porém, frente e traseira do carro o fazem parecer mais esportivo do que é. Os faróis full-led com design anguloso e a grade imensa com moldura única, bem como luzes de direção dinâmicas e ponteiras duplas de escapamento, reforçam essa impressão.




A promessa de cativar o motorista por seu comportamento no dia-a-dia, porém, é cumprida à risca. Dos detalhes de acabamento, coisa digna de carros ainda mais exclusivos, à dinâmica de rodagem, o sedã supera as expectativas. Como a ênfase é o conforto, mesmo o modo mais esportivo (Dynamic) do Audi Drive Select é incapaz de deixá-lo "duro". A filtragem de imperfeições no asfalto é impressionantemente eficaz em qualquer um dos modos, mesmo com rodas de aro 18 e pneus 245/40. As trocas de marcha também melhoraram muito com o uso da nova geração da caixa S-Tronic de dupla embreagem e 7 velocidades, agora banhada a óleo.



Boa parte dessa promessa tem a ver com a imensa quantidade de tecnologia que a Audi inseriu nesta geração do sedã. Demora um pouco até o motorista ter consciência de tudo e se acostumar, mas uma das principais novidades está ali, na cara: o Audi Virtual Cockpit, painel de instrumentos digital com tela de 12,3 polegadas que estreou no Audi TT e está também no novo Q7. Operado facilmente por botões no volante, ele pode colocar em primeiro plano os mostradores principais (velocímetro e conta-giros), informações diversas do computador de bordo ou o mapa do GPS em 3D. Este mapa, aliás, também pode ser mostrado na tela da nova central multimídia, mas é melhor deixar que ela trabalhe em outras coisas.



O sistema de áudio Bang & Olufsen, por exemplo. Aproveitando o excelente isolamento acústico ele forma na cabine uma atmosfera muito equilibrada de frequências, com equalização fácil e intuitiva. Esta e outras funções são controladas pelo botão giratório com superfície sensível ao toque, que permite desenhar letras e números para localização de endereços. Abaixo deste fica a nova alavanca de câmbio, semelhante à do sedã grande A8, que não se desloca, mas somente se movimenta para a frente e para trás e busca eletronicamente as marchas. A climatização é feita pelo ar condicionado digital de três zonas, com telas, saídas e controles independentes na dianteira e na traseira.




Tecnologia é o cartão de visitas, mas o conforto também é digno de nota. Ao entrar no carro o cheiro de couro, o design do volante multifuncional exclusivo, o conforto dos bancos com ajuste elétrico, a maciez da direção elétrica e o espaço a bordo, tanto para quem vai na frente quanto atrás, tornam a viagem muito mais prazerosa. Maior que a versão anterior, o novo A4 tem 4,72 m de comprimento total e oferece 2,82 m de entre-eixos e 1,84 m de largura para acomodar os ocupantes, e melhor que sejam 4. Espaço para o quinto há, em tese, mas o display do ar condicionado e o ressalto no assoalho (que serve para acomodar o cardã das versões com tração Quattro) prejudicam a acomodação. O porta-malas leva 480 litros.




Em resumo, o novo A4 é para quem procura conforto e tem no mínimo R$ 182.990,00 para gastar num sedã executivo. O carro testado tinha alguns opcionais - head-up display, sistema de som Bang & Olufsen e sensores de estacionamento dianteiro e traseiro com câmera de ré, por exemplo - que levam o preço para além dos R$ 200 mil. Mas a oferta de espaço, requinte e suavidade do Audi o colocam em nível muito semelhante ao que se encontra no Mercedes-Benz classe C, cuja versão mais próxima, C 200 Avantgarde, custa pelo menos R$ 180.900,00.  Esportividade é com o Jaguar XE (R$ 181.560,00) ou com o BMW Série 3 (cuja lista de preços não nos foi enviada pela BMW), mas nenhum dos 3 oferecerá hoje a mesma tecnologia presente no A4.

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