Eis o último modelo da trilogia. Depois do compacto HB20, que deu origem à série e mudou um ranking há tempos estacionado nos mesmos modelos, e do pseudo-aventureiro HB20X (veja a avaliação aqui), o sedã HB20S chegou ao mercado com a missão de fazer frente não só aos best sellers do segmento, mas a uma gama bem sortida e renovada de sedãs compactos. Ainda há um caminho a percorrer: dificuldades no abastecimento das concessionárias e demora excessiva na entrega de unidades encomendadas antes do lançamento fizeram com que ele ocupasse somente o 6º lugar no segmento em junho. Mesmo assim, as 3.609 unidades comercializadas no período não são pouco e nossa avaliação mostrou que ele tem atributos para se posicionar melhor.
Hoje há muitos sedãs para praticamente o mesmo tipo de comprador. Por isso, mesmo não sendo este um comparativo direto, é interessante pensar em outros carros que podem ser considerados numa compra eventual. Na mesma faixa de preço e com lista de equipamentos semelhante à desta versão (1.6 Premium, R$ 49.595,00), encontramos o compacto VW Voyage Highline 1.6 (R$ 46.590,00), o recém-remodelado premium Ford New Fiesta Sedan SE 1.6 16v (R$ 49.990,00) e o anabolizado Chevrolet Cobalt LTZ 1.8 (R$ 49.290,00), todos com câmbio mecânico e pintura sólida.
A fórmula de sucesso do hatch foi repetida no sedã, a começar pelo design. É mais difícil adaptar uma traseira num compacto do que começar um projeto de design do zero, e por este ponto de vista o resultado no HB20S pode ser considerado até mais feliz que o de seu predecessor. A silhueta é fluida, moderna e bonita por todos os ângulos. A curvatura do teto, que termina num ressalto na tampa do porta-malas que faz às vezes de aerofólio, o faz parecer um cupê. Isso e o desenho afilado das lanternas traseiras torna fácil a identificação com sedãs maiores da marca. O único detalhe que faz torcer um pouco o nariz é o aplique plástico na coluna traseira. Não chega a ser feio, mas parece pobre.
Dentro do sedã não há qualquer mudança em relação ao hatch. O bonito painel em dois tons com agradável iluminação azul e branca, plásticos de boa qualidade (inclusive nas portas) somados ao couro do volante, apliques imitando alumínio e encaixes precisos e sem folgas continua sendo um dos principais chamarizes para o motorista. Todos os comandos têm acionamento suave e textura agradável ao toque. O carro é bem silencioso, sendo possível conversar sem erguer o tom de voz, mas quem gosta de dirigir ouvindo música vai gostar da boa qualidade sonora do sistema de áudio. Ruim é o revestimento simples dos bancos - não há couro nem como opcional -, mas eles seguram bem nas curvas e há apoio suficiente para as pernas. De forma geral, o interior do HB20S transmite a sensação de requinte e modernidade que se espera de um sedã deste segmento, empatando com o New Fiesta Sedan e superando Voyage e Cobalt - que são bem acabados, mas sóbrios demais na comparação.
O HB20S é também um sedã bastante macio e confortável. Mas se, por um lado, essa característica é ideal para a cidade ou para passeios curtos, em viagens longas isso se torna um pouco cansativo. A direção hidráulica é leve em manobras, mas um pouco além do que deveria em velocidades mais altas; poderia ter mais progressividade. Da mesma forma a suspensão, que assumiu um comportamento bipolar no sedã: filtra bem as imperfeições da cidade e segura o suficiente nas curvas, mas permite oscilações em velocidade. Seria melhor ter pneus mais largos (de série, há pneus 185/60 em rodas 15), o que seguraria melhor o carro e traria a pitada a mais de esportividade que o design sugere. Do câmbio, não há queixas: os engates são perfeitos e ágeis, perdendo somente para a precisão germânica do Voyage.
Assim como no hatch, o motor 1.6 16v Gamma, que desenvolve até 128 cv e 16,5 kgfm de torque é o ponto forte do sedã. Mesmo em baixas rotações há força suficiente para garantir um rodar suave, e nas reduções o giro sobe rápido, de forma linear e sem qualquer aspereza. E apesar de ter menos torque que o Cobalt (com 17,1 kgfm) e menos potência que o Ford (com 130 cv), o Hyundai aproveita melhor os seus números. Mais leve, ele consegue uma relação mais favorável entre peso, potência e torque, sendo nitidamente mais ágil que os demais. Essa leveza, aliás, torna o sedã bem econômico. Rodando somente com etanol, conseguimos a média de 8,98 km/l em percursos alternando cidade e estrada, e bons 12,06 km/l em viagem pelo interior de São Paulo. Só o Voyage é ligeiramente mais leve, mas bem menos potente.
Assim também como no hatch, há alguns pontos negativos - que parecem mais graves no HB20S, cujo comprador costuma ser mais exigente, especialmente nesta versão. É o caso do espaço interno limitado, especialmente para quem vai no banco de trás. Se você for alto e tiver filhos, mesmo pequenos, é melhor deixar pra lá o design e partir pra um sedã do porte de Cobalt e Versa: este Hyundai não é pra você. A reclamação se estende ao porta-malas, que mesmo tendo capacidade nominal razoável (450 litros), traz as antiquadas articulações "pescoço-de-ganso" na tampa, que são feias e roubam espaço. A concorrência também tem, mas o espaço para carga em todos eles é maior.
A lista de equipamentos de série do HB20S 1.6 Premium mecânico é bem extensa: pelos R$ 49.595,00 pedidos ele traz ar condicionado com filtro de cabine, direção hidráulica, volante multifuncional revestido em couro e ajustável em altura e profundidade, vidros elétricos com one-touch nas 4 portas, retrovisores com ajuste elétrico e piscas embutidos, travas elétricas e alarme com controles na chave canivete, banco do motorista com ajuste de altura, abertura interna do porta-malas e do bocal do tanque de combustível, porta-garrafas nas portas dianteiras, gaveta sob o banco do motorista, porta-óculos, sistema Isofix® no banco traseiro, sistema de áudio com rádio, entrada USB e Bluetooth®, computador de bordo, acendimento automático de faróis, sensor de estacionamento, airbag duplo, faróis de neblina, rodas de liga-leve com aro de 15 polegadas e ABS com EBD. Pintura metálica custa R$ 1.045,00 e a perolizada aumenta R$ 1.245,00 ao preço de tabela. A gama do HB20S, porém, vai do Comfort Plus 1.0 com pintura sólida (R$ 38.995,00) até o Premium 1.6 automático com pintura perolizada (R$ 54.040,00), num total de 7 versões.
Ainda que tenha mirado na referência do segmento de sedãs compactos, o Voyage, o Hyundai HB20S consegue agradar a condutores de vários perfis. E isso é essencial para que ele, a exemplo do HB20, suba na tabela. A depender de seu belo design, do ótimo desempenho, do conforto a bordo e dos muitos equipamentos que vêm desde a versão mais em conta, não vai demorar muito para isso acontecer.
Fotos: Maximiliano Moraes
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