ALTA RODA, Fernando Calmon
Apenas um ano depois da Europa, o novo Logan chegou ao Brasil merecendo de fato o adjetivo: todos os painéis da carroceria mudaram e o interior subiu de nível claramente. Lançado aqui em 2007, o sedã com dimensões de modelo médio e preço de compacto já tinha perdido fôlego de vendas e boa parte delas era para frotas e serviços. Graças à oferta de opções recentes, o segmento de sedãs pequenos subiu na preferência dos consumidores: de 14% para 17%, entre 2011 e 2013.
Para metamorfose na imagem espartana em excesso, a Renault focou em recursos antes inexistentes no modelo e até no segmento: ar-condicionado automático, estabilizador e limitador eletrônicos de velocidade, revestimento sem costura dos bancos (estreia mundial, segundo a empresa) com regulagem de altura no do motorista, encosto do banco traseiro rebatível (bipartido na versão de topo), mola a gás para sustentar o capô, manta isolante dessa peça nas versões mais caras e sistema multimídia com tela tátil de 7 pol e navegador. A fábrica tomou a decisão estratégica de oferecer esse sistema em 50% da produção, por preço convidativo de R$ 840. Bastante intuitivo, inclui interessante modo de avaliar e estimular o desempenho do motorista para economizar combustível.
Estilo do carro ainda não é campeão, porém evoluiu muito pela maior inclinação do para-brisa, formato das portas e aerodinâmica melhorada (Cx de 0,37 para 0,34). No total mudaram-se 72% das peças e apenas o comprimento cresceu 6 cm. Massa total aumentou apenas três kg, o que demonstra apuro no projeto. Chamam atenção escolha correta dos materiais de acabamento interno, quadro de instrumentos e maior número de porta-objetos. Alguns deslizes permanecem: parafusos aparentes de fixação dos bancos dianteiros ao assoalho podem machucar os dedos (antes havia uma capa que a Renault promete repor), chave de roda e macaco fixados à vista no porta-malas e luzes de sinalização mal posicionadas nos faróis.
Motores 1,0 L e 1,6 L não mudaram; cada uma responde por 50% das vendas. Ao avaliar aquele de maior cilindrada, 106 cv/etanol (8% mais potente em relação à gasolina), a conclusão foi bom desempenho geral, inclusive suspensões e freios. Comando do câmbio e direção continuam, sem dúvida, em nível inferior aos dos concorrentes. Câmbio automático saiu de produção, mas em janeiro próximo estreia o automatizado de uma embreagem. Quanto ao motor de menor cilindrada, único multiválvulas de quatro cilindros e 1 litro, alcança 80 cv (etanol) e nota A no programa de etiquetagem de consumo do Inmetro.
Preços atraentes são marcas registradas do Logan, nas três versões (Authentique, Expression e Dynamique): de R$ 28.990 a R$ 44.250. Indicam variações mínimas em relação às que saíram de linha, apesar das grandes melhorias.
Renault planeja chegar em 2016 a 8% do mercado brasileiro (hoje, quase 7%). Para tanto lançará nove produtos, incluídos importados, novos modelos e evoluções dos atuais. Além do Sandero, em março próximo, estão na lista, segundo prevê essa coluna, SUV compacto Captur, Duster, Clio IV, subcompacto Twingo, Mégane hatch e sedã (Fluence), Kangoo e picape de cabine dupla derivada do Duster.
RODA VIVA
ENQUANTO produção e exportação continuam em alta (12% e 31%, respectivamente), no acumulado do ano até outubro, mercado interno recuou 0,7%. Estoques um pouco elevados (40 dias) ainda não preocupam a Anfavea: aposta em fechamento positivo, de 1% a 2%, sobre o ano recorde de 2012. Alterações já permitem prever possível avanço do leasing em 2014.
NISSAN chega meio tarde ao segmento de médios-grandes, mas o Altima se revela um produto a se olhar com atenção. Tem porte adequado, bom espaço interno (entre-eixos de 2,77 m) e mudanças mecânicas interessantes nas suspensões e principalmente no câmbio automático CVT Xtronic. Até quem não gosta deste tipo de câmbio vai apreciar as seis marchas virtuais inteligentes.
MOTOR de 2,5 L/182 cv permite ótima desenvoltura ao Altima e ainda se classifica nota A em consumo, mesmo que importe menos nessa faixa. Porta-malas (436 litros) é bem menor do que o de compactos anabolizados Logan ou Cobalt. Vem em única versão, completa, por R$ 99.800. Custa nos EUA por volta de US$ 30.000 e, assim, há aí subsídio na absorção de impostos.
TOYOTA lança versão pseudoaventureira Etios Cross, seguindo o modismo. Mas exagerou na dose. Apêndices, como imitação de quebra-mato na grade dianteira, apliques nas caixas de rodas e defletor de teto com dimensões incomuns, se afastaram bastante de um mínimo de racionalidade estética. Preço é até razoável – R$ 45.690 – pelos equipamentos que oferece.
TRÊS fabricantes de amortecedores acabaram por reconhecer que erraram na sugestão de troca “preventiva” a cada 40.000 km. Surpreendente é terem voltado a esse discurso do passado, inadequado e de certa forma oportunista. Em mensagem a essa coluna, a Nakata foi a única se desculpar pela informação por meio de sua assessoria.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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