Fernando Calmon
Quando, no
começo dos anos 1990, os carros de grande produção nos EUA, Europa e Japão passaram
a vir equipados de série com um par dianteiro de airbags (bolsas infláveis) já
se sabia que era apenas o começo de uma longa escalada para melhorar a
segurança passiva. Não se tratava de uma tecnologia barata e jamais poderia
dispensar o uso dos cintos de segurança. A associação dos dois dispositivos já
salvou milhares de vidas e diminuiu a severidade dos ferimentos em acidentes.
Automóveis
caros permitem ampliar o número de airbags e estes foram evoluindo. Adotaram-se
bolsas laterais para os ocupantes dos bancos dianteiros, depois para os dois
passageiros junto às portas traseiras e, por fim, cortinas infláveis no teto
dos dois lados. Também se criou proteção para os joelhos do motorista. Então,
dependendo de como se olham as cortinas (em geral bisseccionadas), até 11
bolsas podem equipar modelos do segmento superior, em uma contagem caolha.
A ideia não
é parar por aí. Já se estudaram uma bolsa no assoalho, à frente dos pedais, e
outra central para veículos que transportem apenas dois passageiros atrás (essa
mais viável), sugerida pela Toyota. Recentemente, a Ford colocou, de início no SUV
Explorer, cintos de segurança com bolsas embutidas para dois passageiros do
banco traseiro. A TRW desenvolve o dispositivo no teto como alternativa para
desocupar o volume na parte do painel em frente ao passageiro, onde fica uma
bolsa de grandes dimensões. O airbag do motorista é menor, embutido no volante.
Porém, há o
perigo de um forte choque lateral do lado oposto ao do motorista. Sendo o
acidente do mesmo lado dele, há proteção da estrutura do carro, além do airbag
lateral e de cortina que protegem torso, coluna cervical e cabeça. No caso de colisão
na lateral direita do automóvel, o motorista é arremessado de forma violenta
para o meio do carro, como se vê na foto.
Essa constatação
levou a GM e a Takata a criar a segunda bolsa de ar lateral embutida no lado
interno do banco do motorista. Há espaço suficiente entre os dois bancos
dianteiros para que se proteja também o acompanhante, embora se saiba que, na
maior parte do tempo, só há o motorista a bordo. SUVs e crossovers são problemáticos,
pois seu centro de gravidade e assentos elevados tendem a desequilibrar bastante
o corpo em uma batida lateral.
Em três anos
de desenvolvimento se estudou e se patenteou o novo airbag, levando em conta o
invólucro, a capacidade de amortecimento e retenção do corpo em simulações de
acidentes com bonecos, além da posição relativa dos ocupantes. O dispositivo
está pronto para equipar lançamentos do ano-modelo 2013, à venda em meados de
2012.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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