ALTA RODA, Fernando Calmon
Um dos
maiores desafios que os fabricantes de veículos terão pela frente é encolher o
tamanho externo dos carros, sem comprometer espaço e conforto internos. O
objetivo de diminuir o consumo de combustível – e consequentemente emissões de CO2,
um dos gases de efeito estufa – não pode depender exclusivamente de motores,
transmissões e novos materiais leves. Economizar peso depende também de
dimensões externas menores.
Essa batalha
concentra-se especialmente nos EUA, onde há rigorosas metas compulsórias de
economia de combustível em médio e longo prazos, e existe uma cultura de
desperdício de espaço nos automóveis. Na realidade, essa é uma preocupação
mundial porque rearranjar o habitáculo a fim de melhorar a vida a bordo está
entre as prioridades de qualquer mercado. Mesmo naqueles onde carros menores
são os preferidos por seu menor preço, como é o caso do Brasil e vários outros.
Afinal, congestionamentos e escassez de lugares para estacionar são comuns.
Engenheiros,
tanto de fabricantes como de fornecedores, terão que se aproximar de arquitetos
de interiores ao criar futuros modelos. Especialistas ouvidos pela Automotive
News indicam os caminhos traçados de forma geral: bancos mais finos; controles,
comandos e botões menores na cabine; linhas do teto repensadas; motores e
câmbios compactos que exigem menos volume sob o capô (de quebra adicionam
espaço ao habitáculo); mudanças na arquitetura dos chassis para colocar eixos
dianteiro e traseiro o máximo possível nas extremidades.
A questão
não se resolve apenas reposicionando as colunas da carroceria para conseguir
lugar extra para cabeças e pernas. As colunas precisam ser também mais finas
sem perder resistência. Trata-se de uma luta por cada centímetro aqui ou acolá.
Entre os exemplos estão o novo Beetle cujo desenho do teto foi “achatado”,
juntamente com o maior entre-eixos, e o Toyota iQ, de apenas três metros de
comprimento, que reposicionou desde o tanque de combustível até a caixa de
direção, além de compactar o sistema de ar-condicionado.
Especialista
em bancos, a francesa Faurecia admite que inspiração possa vir das cadeiras de
escritório, compactas e confortáveis. Mas há dúvidas se os compradores
aceitariam desenhos arrojados nos bancos dianteiros, que proporcionam ganho
sensível de espaço para as pernas do passageiro atrás. Precisa combinar com
quem senta na frente, também desejoso de conforto...
A empresa
trabalha em uma nova geração de bancos prevista para estrear em 2014. Não terá
estrutura convencional metálica e será fabricado em resina e termoplásticos, o
que também diminuirá a massa do conjunto. A retirada das treliças de metal
levará a menor necessidade de espuma para manter o nível ideal de maciez e
conforto. O resultado aparece na forma de encostos bem mais finos e assentos
que permitam espaço adicional para os pés de ocupantes do banco traseiro.
Se aplicada
a nova tecnologia aos bancos dianteiros e traseiro, o ganho potencial de espaço
longitudinal na cabine poderá chegar a 5 cm e, em alguns casos, a 7,5 cm. O melhor
cenário a alcançar: diminuir o comprimento total do carro e aumentar o espaço
para todos os ocupantes.
RODA VIVA
RODA VIVA
BMW à espera de definição sobre cotas
de importação que a Abeiva negocia com o governo desde o ano passado. Se divulgadas
no fim do mês, dentro do previsto para incentivar quem quer construir fábricas
no Brasil, a marca alemã anunciará a unidade fabril em Santa Catarina até final
de julho. Chances de produção aqui vão além de 80%, admite fonte da empresa.
VENDAS de importados continuam em queda
acentuada, superior a 35% em relação ao mesmo período de 2011. A depressão se
acentua porque era tempo de dólar barato e sem IPI adicional. Algumas revendas,
especialmente de marcas chinesas, fecharam as portas. Consumidor também ficou
cauteloso, menos propenso a aceitar marcas novas.
ITÁLIA, do dia para noite, subiu a
taxação para carros com potência superior a 185 kW (252 cv), dentro da política
de aumentar a carga fiscal sobre os mais ricos. Cada kW extra, mais imposto. No
aspecto de surpresa, não muito diferente do Brasil. Mercado, já em queda,
sofrerá ainda mais, em especial de marcas premium e suas redes de
concessionárias.
PALIO Weekend 2013 recebeu retoques na
parte frontal e melhorias internas. Duas chamam a atenção e antes eram motivos
de queixas: bancos dianteiros apresentam outra estrutura, regulagem de altura
facilitada e assentos com maior suporte para as coxas, além de bom apoio para
pé esquerdo do motorista. Preços de R$ 41.490 (Attractive 1.4) a R$ 51.550 (Adventure
1.8).
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
Nenhum comentário:
Postar um comentário