quinta-feira, 5 de março de 2015

CHEVROLET SPIN ACTIV - AVALIAÇÃO




Pendurar pneu na traseira do carro é uma coisa que parece só pegar aqui no Brasil. Na Europa, por exemplo, a fim de tornar as vendas do rejeitado EcoSport mais expressivas, a Ford redesenhou a traseira e colocou o estepe pra dentro (não foi só esse o motivo da rejeição, mas não deixa de ser uma tentativa). Na contramão da preferência dos países desenvolvidos a Chevrolet aderiu à febre pseudo-aventureira que atinge até minivans por aqui e lançou, no fim do ano passado, a Chevrolet Spin Activ.



Só que ao contrário do que costuma acontecer no segmento a decoração da Spin Activ não ficou carregada, pelo contrário. A aparência parruda é obtida pela combinação dos apliques plásticos nos para-choques, para-lamas e laterais, da maior altura da suspensão, com bonitas rodas de liga leve e pneus de uso misto, e do estepe atrás, que contribuiu para reduzir as críticas à traseira, alvo dos maiores protestos no modelo original. Ficou bonita, veja só.

Interior com padronagem escura deixou a Spin Activ mais requintada

A Chevrolet também trabalhou bem no interior, mudando a tonalidade predominantemente clara para tons mais escuros no painel e nos bancos, esses feitos com 4 materiais distintos - 2 tipos de tecido, camurça e imitação de couro, com resultado bem bonito. O acabamento é bom e os encaixes são bem feitos de forma geral, mas há exceções. A tampa do porta-luvas, por exemplo, fica desalinhada em relação à moldura do painel quando fechada. O carpete, por sua vez, poderia ser mais resistente; nas presilhas de fixação do tapete de borracha do lado do motorista ele rasgou de um lado e ameaçava rasgar do outro, pelo repetido esforço de retirada do tapete para higienização.

Motor 1.8 8v é suficiente para a cidade mas deixa motor estrangulado em altas rotações

O modelo que avaliamos veio com o bom câmbio automático de 6 marchas (há também a opção do mecânico de 5), com escalonamento que compensa os números tímidos do antiquado propulsor 1.8 8v de 108 cv e 17,0 kgfm de torque usando etanol. Para o trânsito urbano o conjunto é suficiente e o condutor não vai sentir falta de força, com acelerações graduais, trocas ascendentes e reduções suaves, sem trancos. Na estrada a situação muda; mesmo com a transmissão entendendo rapidamente o estilo de condução do motorista é difícil não sentir o motor estrangulado nas rotações mais altas: é muito peso para deslocar. O resultado é que, mesmo trabalhando bem, o câmbio não consegue conter o consumo, que ficou em 8,2 km/l de etanol na média.


A opção é dirigir de forma mais calma, mas é assim que a Spin Activ mostra suas principais qualidades. A suspensão, por exemplo, trabalha muito bem para filtrar irregularidades e, apesar do centro de gravidade elevado, segura com competência toda aquela massa nas curvas - claro, desde que não se queira abusar. O sistema de direção hidráulica, apesar de um pouco pesado em manobras, tem peso correto em velocidade. A GM forrou bem a minivan com material fonoabsorvente, a exemplo do sedã que lhe deu origem, o Cobalt.

Espaço é bom nos bancos da frente...

...e razoável no banco traseiro

A vida a bordo também é boa, ainda que não seja perfeita. A posição de dirigir é típica de minivan, com amplitude limitada do ajuste de altura do banco do motorista mas boa visibilidade, graças à grande área envidraçada e retrovisores de bom tamanho e abrangência - até o estepe interfere pouco sobre o campo de visão obtido através do vidro traseiro. O motorista conta com mimos diversos para tornar a viagem agradável para si e para seus acompanhantes. O sistema MyLink conta com Bluetooth de fácil pareamento, áudio com boa qualidade sonora e ajustes simples, além de entradas auxiliares diversas - o modelo avaliado não veio com GPS. Há porta-objetos e nichos espalhados por toda a cabine. No volante multifuncional há comandos para telefonia e controlador de velocidade. Já os comandos do computador de bordo ficam na alavanca esquerda; não gostei. Também não me agradou o fato de o ar condicionado demorar a gelar a cabine e não contar com saídas para o banco traseiro.

Porta-malas de 710 litros é o maior do segmento

O espaço na frente é bom e no banco traseiro é razoável. Poderia melhorar se a GM recuasse o banco um pouco, já que a Spin Activ não conta com versões de 7 lugares. A contrapartida é o latifúndio de 710 litros do porta-malas, que poderia até ser maior se a GM tivesse preferido incluir nichos para acomodação de objetos pequenos no espaço destinado ao estepe. Em vez disso ela encheu o vão com uma moldura de espuma e encaixou nesta as ferramentas.

Sistema de abertura do suporte de estepe e da tampa do porta-malas contam com falha de projeto

O mecanismo de abertura da tampa do porta-malas revelou uma falha de projeto, porém. Ao destravar o suporte do estepe a fechadura elétrica da tampa imediatamente fica desbloqueada; caso o usuário não leve o suporte até o fim do curso e o trave, numa rua desnivelada ele pode retornar e danificar tanto a si mesmo quanto à tampa do compartimento. O certo seria incluir um sistema que desbloqueie a fechadura somente a partir do travamento do suporte no fim de seu curso.

Carpete frágil estava rasgado ao redor da presilha de fixação do tapete do motorista

Em segurança, por se tratar de um veículo familiar, a Spin Activ deixa a desejar em alguns aspectos. Há encostos de cabeça e cintos de segurança de 3 pontos somente para 4 ocupantes; o quinto passageiro usará cinto abdominal. O banco traseiro não conta com Isofix. Airbags, somente os 2 dianteiros previstos em lei, bem como o ABS com EBD. As frenagens, porém, ocorreram em espaços satisfatoriamente curtos e sem desvios de trajetória graças, em parte, à adoção de pneus maiores. Há ainda faróis de neblina, alarme com fechamento automático dos vidros e sensor de estacionamento de série.


Custando entre R$ 63.340,00 com câmbio mecânico e R$ 68.520,00 com câmbio automático e pintura metálica (preço do modelo avaliado) a Chevrolet Spin é um bom veículo familiar e está na média do segmento. O visual é interessante e compensa o preço superior à da versão comum de 5 lugares. A cotação de seguro (*) ficou em R$ 2.074,00 para a região de Valinhos (SP). A garantia oferecida pela Chevrolet é de 3 anos.


Veja também, a depender de seu gosto e seu bolso

Citroën AirCross - Custa a partir de R$ 58.990,00 com câmbio mecânico e chega a R$ 73.480,00 com câmbio automático, pintura perolizada e GPS integrado. O motor 1.6 16v é mais potente (122 cv) e tem partida a frio sem tanque de gasolina, mas o câmbio automático não é tão competente. O espaço no banco traseiro é semelhante ao da Spin Activ, mas o porta-malas perde de longe com 403 litros.

Fiat Idea Adventure - Pioneira no segmento de minivans aventureiras urbanas, a Idea pode ser equipada com câmbio manual ou automatizado de 5 marchas, sem o mesmo resultado nas trocas que o obtido pelas concorrentes com câmbio automático. O motor é sempre o 1.8 16v de 132 cv com etanol e os preços variam entre R$ 60.590,00 com câmbio mecânico e R$ 73.583,00 completa com pintura metálica. O porta-malas é o menor do segmento (380 litros) e ela não tem central multimídia nem como opcional, mas é a única que conta com as opções do diferencial Locker para auxílio à tração em terrenos acidentados ou escorregadios e dos side-bags.

Nissan Livina X-Gear - Custa a partir de R$ 57.990,00 mas não tem opcionais além da pintura metálica, vindo sempre completa de série inclusive com bancos de couro e ar condicionado digital. Além do visual não há nenhuma diferença mecânica em relação à Livina comum. O espaço interno é bom e o porta-malas comporta 449 litros. O acerto mecânico é dos melhores, com o motor 1.8 16v de 126 cv com etanol e o câmbio automático de 4 marchas - ela só é vendida com este tipo de transmissão - proporcionando o melhor desempenho do segmento. Fica devendo central multimídia e ajustes para o banco do motorista, e perde pontos também pelo visual cansado.

Fotos: Maximiliano Moraes
Colaborou: Eliane Fernandes | Aguiar Corretora

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