De Valinhos, SP
Até o ano passado o Chevrolet Prisma ocupava o segundo lugar no ranking de vendas de sedãs compactos no Brasil. Este ano, porém, até o mês de abril ele tem demonstrado uma reação surpreendente, com 1.200 unidades de vantagem sobre o segundo colocado e mais de 6.000 à frente do terceiro do segmento. Depois de passar uma semana avaliando a versão LTZ com câmbio automático não é difícil entender a razão da preferência dos consumidores por este simpático sedã.
Neste segmento há concorrentes maiores, ou mais potentes, ou mais estilosos, ou com mais tecnologia embarcada do que o Prisma. Por outro lado o tipo de consumidor que compra um sedã compacto hoje não aceita com facilidade abrir mão de uma qualidade em detrimento de outra; ele precisa ser suficientemente ágil, espaçoso, bonito e ter boa quantidade de itens de conveniência. Nisso é que o Chevrolet cativa: ele pode não ser o melhor em nada mas agrada em praticamente tudo - o motivo do "praticamente" você saberá mais adiante.
Design do Prisma agrada por não ser um simples "esticamento" de hatch |
Seu design consegue ser atraente sem parecer um simples esticamento de um hatch, coisa que acontece com frequência entre sedãs pequenos; frente, lateral e traseira conversam muito bem. A dianteira da versão LTZ ainda guarda o charme dos faróis com as extremidades azuladas, que combinaram bastante com a cor Azul Sky da unidade que testamos. A traseira é um pouco "lisa", por assim dizer, mas o vinco que vem desde a lateral e passa pelas lanternas traseiras, com disposição simples de luzes mas contorno agradável, deixa o conjunto menos monótono. Rodas com aro de 16 polegadas cairiam melhor, mas as de 15 não são de todo ruins. No fim das contas o design geral agrada muitíssimo mais do que o de seu irmão maior, o Cobalt.
Banco traseiro bipartido e rebatível permite acessar o porta-malas de 500 litros por dentro |
Falando em Cobalt, o Prisma não é assim tão menor. Seus 2,53 m de entre-eixos permitem acomodar bem 4 adultos, com espaço suficiente para ombros, cabeças e pernas inclusive no assento traseiro. Não que não haja espaço para um quinto passageiro, mas ele não vai tão confortável atrás porque há um pequeno ressalto central no banco e falta apoio de cabeça central. O porta-malas, por sua vez, comporta ótimos 500 litros e é possível acessá-lo por dentro, se necessário, graças ao rebatimento do banco traseiro - desde haja no máximo 2 pessoas atrás.
O interior guarda particularidades comuns à linha, como as deficiências de ergonomia (comandos elétricos de retrovisores distantes da mão, puxadores das portas dianteiras muito baixos e comandos dos vidros elétricos muito recuados) e o layout minimalista, que no Prisma LTZ cai bem pela alternância entre tonalidades de cinza escuro e marrom. Para uma versão de topo, no entanto, há plásticos demais e inaceitáveis bancos revestidos em tecido - concorrentes mais baratos trazem couro de série.
Layout minimalista do interior agrada no Prisma, que alterna tonalidades de cinza escuro e marrom |
Pelo menos ele é bem equipado, ainda que, outra vez, não seja perfeito. O ar condicionado é analógico, a direção é hidráulica e não elétrica, a coluna tem regulagem somente de altura e não há GPS. Mas a central multimídia MyLink conta com pareamento via Bluetooth e tem áudio com boa qualidade sonora, entradas auxiliares e streaming, há computador de bordo, banco do motorista com regulagem de altura, vidros elétricos com one-touch nas 4 portas, antiesmagamento e subida automática a partir do acionamento do alarme, abertura remota do porta-malas, volante multifuncional revestido em couro, sensor de estacionamento traseiro, retrovisores e travas elétricas, banco traseiro rebatível e bipartido, rodas de liga leve com aro 15, faróis de neblina, ABS com EBD e airbag duplo.
Faróis com apliques azuis combinam bem com a cor Azul Sky da unidade testada |
O valor de R$ 62.390,00 pedido pela versão LTZ automática está na média. Sua maior vantagem está no fato de ter um moderno câmbio automático de 6 marchas, contra 4 do Hyundai e transmissões automatizadas no Fiat e no VW. Só o HB20S Premium custa menos (R$ 61.815,00) com uma lista de equipamentos parecida (menos bancos revestidos em couro, opcionais), mas ele leva vantagem por ter sensor crepuscular, volante regulável em altura e profundidade e repetidores de seta nos retrovisores. O Grand Siena é mais caro (R$ 63.814,00), mas em sua versão de topo traz airbags laterais, teto solar, rodas com aro 16 e sensores crepuscular e de chuva. O Voyage é caro (R$ 64.884,00) e não traz tanto assim a mais a não ser paddle-shifts para trocas de marchas, rodas aro 16 e setas nos retrovisores, mas não tem central multimídia nem como opcional.
Mas lembra do "praticamente"? A vantagem do Prisma em relação ao câmbio se desfaz, infelizmente, pela falta de força do motor. O bloco 1.4 gera até 106 cv quando utilizando etanol e o peso do carro não é alto (1.031 kg), mas seria preciso mais torque (são 13,9 kgfm) para torná-lo mais ágil. A transmissão automática, uma evolução da utilizada na dupla Cobalt / Spin, é extremamente competente mas trabalha demais para compensar a falta de força; as trocas e reduções constantes que se fazem necessárias para manter o motor "acordado", digamos assim, incomodam com o tempo. Acelerações mais vigorosas deixam o motor um pouco estrangulado e em ladeiras o câmbio mantém a marcha e o giro lá em cima para garantir agilidade, em troca, levando mais ruído do propulsor para a cabine.
O Prisma não é para ser dirigido de forma dinâmica, portanto. Melhor é manter uma condução suave, quando ele se torna bastante agradável. As trocas de marcha são praticamente imperceptíveis assim e quando na estrada, a 100 km/h, o giro não ultrapassa as 2.500 rpm. Silencioso, a qualidade de rodagem é elogiável, com a direção dando conta do recado em velocidade e, sim, carecendo de um pouco mais de leveza somente em manobras. Admirável também é sua frugalidade, especialmente para um automático: a média de consumo registrada pelo computador de bordo ficou em 11,6 km/l de etanol.
Consumo baixo, seguro idem. A apólice mais em conta, fornecida pela Itaú Seguros, ficou em R$ 1.638,44 com franquia de R$ 2.625,00 para a região de Valinhos. A versão automática, porém, é ideal para um público muito específico, que enfrenta tráfego pesado todos os dias, necessita de espaço e gosta (ou só pode comprar) sedãs compactos. Mas mesmo na cidade, olhando friamente, o câmbio manual do Prisma não desagradaria tanto com seus engates fáceis e precisos e a embreagem de acionamento leve. Na estrada, empate técnico; o manual seria mais ágil e o automático, mais confortável. Ambos têm pouca sede de combustível e são baratos de manter. Por isso, apesar do tempo agradável com o LTZ automático, nossa escolha recairia sobre a versão manual.
Fotos: Maximiliano Moraes / Divulgação
Colaboraram: Eliane Fernandes (Aguiar Corretora de Seguros) / Eduardo Farah
Fotos: Maximiliano Moraes / Divulgação
Colaboraram: Eliane Fernandes (Aguiar Corretora de Seguros) / Eduardo Farah
Me ofereceram este carro. Um semi novo com 9.500 km 2016. Fiquei com receio exatamente pelo motor 1.4. DEsisti do carro.
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