Os novos sedãs do segmento que é um dos mais importantes no Brasil chegam para o consumidor num período bastante prolífico da nossa indústria automotiva. Se bem que “novos” pode ser tido como força de expressão, já que o resultado mostra mais uma tentativa – às vezes bem sucedida, às vezes nem tanto – de dar sobrevida a modelos que atraem o consumidor por motivos bastante diferentes.
Comecemos com o Ford. Sim, design é item subjetivo de escolha; mesmo assim, é fácil concluir que o trabalho da Ford no Fiesta Sedan foi muito infeliz. Antes a dianteira e a traseira, relativamente conservadoras mas bonitas e bem apropriadas para o modelo, conversavam bem. Agora, porém, o enxerto dianteiro parece "frankensteiniano" demais. É como querer colocar numa mesma passarela a Gisele Bündchen e a Mulher-Samambaia; ambas são lindas, mas não combinam. A nova frente é arrojada e arredondada. O novo capô tem um ressalto aleatório em baixo relevo, que não segue a linha dos faróis de desenho irregular e com disposição bastante interessante de luzes, e as inovações terminam com uma imensa entrada de ar hexagonal ladeada pela moldura dos faróis de neblina em forma de losangos dispostos na diagonal. Já a traseira não mudou quase nada; as lanternas continuam com o mesmo formato, mas agora têm lentes transparentes; o parachoque traseiro ficou ligeiramente diferente, com ressaltos nas laterais e pequenos orifícios nos cantos inferiores (só não dá para dizer se a intenção da Ford foi simular ponteiras de escapamento). A régua da placa agora é mais grossa e o emblema da Ford, maior. E só.
Já o sedã da Chevrolet apresenta design importado da China. Lá, o Chevrolet Sail (nome que o Classic chinês adota) agora é um carro completamente novo, e o que foi descartado pela montadora oriental foi aproveitado pela fábrica brasileira. De todas as formas, não se pode negar que qualquer novidade neste segmento pode e deve ser vista com bons olhos; o novo Classic, apesar de ter ficado com uma cara meio oriental, ficou bonito. Enquanto a dianteira lembra a do Honda Civic 2002, com faróis de defletor simples, novo parachoque e grade com um único friso (e que não acompanha a evolução em design dos demais modelos da marca), a traseira lembra a do Toyota Corolla 2000, com lanternas que invadem a tampa do portamalas, nova iluminação para a placa (antes inferior, agora é superior) e novo parachoque, mais encorpado e que gera a impressão de um carro maior, visto de trás. Somam-se às mudanças o acréscimo de repetidores laterais das setas (os mesmos do Astra) e a retirada das molduras plásticas dos paralamas, que agora são parte da carroceria.
O carro da Renault, por sua vez, continua quadradão. Ok, deram uma arredondada aqui, uma alisada acolá e um polimento ali, mas na essência ele é o mesmo carro projetado para ser grande, resistente e barato, e não para agradar aos olhos necessariamente. Ainda assim ele ficou mais atraente: a dianteira está mais pronunciada, com novos faróis (ainda que não muito diferentes dos anteriores), novo parachoque (com entrada de ar em posição invertida em relação à anterior) e – o que mais chama a atenção – nova grade com aplique superior cromado. Já a traseira agora tem nova tampa do portamalas, com aplique cromado na parte inferior e extensão superior que imita um aerofólio e se integra ao desenho das novas lanternas, de desenho mais moderno, terminando suas inovações com o novo parachoque, com olhos-de-gato nos cantos inferiores. O resultado geral ficou bom, fazendo o Logan parecer mais requintado do que é. E isso chama a atenção do consumidor.
Chevrolet Classic - Interior |
No interior dos 3 modelos as mudanças foram variadas. O Fiesta Sedan apresenta a mesma disposição de instrumentos, mas com nova grafia e iluminação do painel de instrumentos e nova padronagem de tecidos. No Classic, tudo continua exatamente igual: num segmento racional como este, onde as pessoas ponderam muito mais sobre o conforto e a economia que sobre design, colocar uma casca nova sobre um conteúdo cansado pode ser um tiro no pé. Já o Logan é o que apresenta maior número de inovações: nova grafia dos instrumentos, ajuste de altura da coluna de direção (vinculada à direção hidráulica), nova padronagem de tecidos, novo desenho da parte intermediária do painel (semelhante ao do Sandero) e a migração dos controles de vidros para as portas, que também contam agora com novos puxadores, iguais aos do Sandero. Na parte mecânica, todos continuam exatamente iguais, a não ser pelo acréscimo do ABS como opcional para o Logan.
Ford Fiesta Sedan - Interior |
O Fiesta Sedan mantém as mesmas versões e motorizações (1.0 8v com 69/72 cv e 1.6 8v com 101/106 cv – valores reduzidos para atender à legislação que impõe novos limites de poluentes). O Logan, que já tinha perdido o motor 1.6 16v, agora perdeu a versão Privilége e oferece somente as versões Authentique, com motor 1.0 16v (76/77 cv), e Expression, que pode trazer tanto este quanto o 1.6 8v (92/95 cv). E o Classic agora adota a mesma nomenclatura de versões que foi inaugurada pelo Agile, trazendo a versão única LS com motor 1.0 8v (77/78 cv). Quanto aos preços, o mais barato é o Classic, que parte de R$ 28.294,00. Já o Logan tem preço mínimo estipulado em R$ 28.690,00 (versão Authentique 1.0 16v), mas não tem nem ar quente como item de série. E o mais caro é o Fiesta, que, hoje, custa no site a partir de R$ 32.920,00 (a Ford ainda não divulgou os preços oficiais, mas não se cogita grandes oscilações). Esta é uma diferença considerável, suficiente para equipar qualquer um dos dois concorrentes com ar condicionado, direção hidráulica e mais alguns itens de conforto.
Renault Logan - Interior |
Mantendo os propulsores e toda a estrutura mecânica, todos eles continuam trazendo as mesmas qualidades e defeitos que já tinham. Quem prefere um sedã bom de dirigir (porém, com desempenho modesto), com relativo espaço interno e diferenciais como as articulações pantográficas na tampa do portamalas, tem no Fiesta Sedan uma boa opção – ainda que tenham que engolir a esquisitice realizada pela Ford no desenho. Quem prefere um sedã com desempenho melhor que os demais (e até que alguns 1.4 do mercado), econômico, muito ágil no trânsito urbano e muito fácil de manter, tem como melhor opção o Classic – mesmo que tenha que abrir mão do espaço. E quem quer um sedã com espaço de médio e preço de pequeno, boa dirigibilidade e manutenção barata, com certeza vai ficar satisfeito com o Logan. Escolha o seu.
Fiesta e melhor e mais bonito.
ResponderExcluiro logan é o que mais mudou e o mais bonito, mas o logan 1.6 tem em media de 102 cavalos.
ResponderExcluirO Logan 1.6 8v tem potência declarada de 95 cv com álcool, enquanto o 1.6 16v tem, com o mesmo combustível, potência declarada pela marca de 112 cv.
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