Entre um crossover, um SUV, uma minivan e uma perua, qual é a melhor escolha?
Mas o nosso mercado não é mais como antigamente; foi-se o tempo de Caravan, Belina, Quantum e Veraneio. Hoje em dia, mais do que nunca, as marcas estão de olho na diversificação dos perfis familiares, motivo pelo qual têm oferecido carros com propostas cada vez mais abrangentes e que atendem a praticamente todo tipo de família, desde a dinâmica e aventureira até a tradicional e discreta. Por isso, o Racionauto reuniu 4 modelos com perfis diferentes, mas que atraem pelos mesmos motivos: o crossover Peugeot 3008, a minivan Citroën C4 Picasso, o SUV Hyundai ix35 e a perua Volkswagen Jetta Variant. O desafio é ver qual deles entrega mais em espaço, funcionalidade, desempenho, segurança, consumo e custo x benefício.
Quanto mais gente, maior a necessidade de acomodar bem a todos. Mas alguns fazem isso melhor que outros. O 3008, recém-chegado ao Brasil e atração no último Salão do Automóvel, fica no pelotão intermediário. Na frente, o console central alto e envolvente parece claustrofóbico, mas isso não passa de ilusão. Os ocupantes da frente vão bem, com espaço suficiente para pernas, ombros e cabeça, e ótima posição de dirigir, com ajuste de altura e distância do banco e o mesmo para o volante. Atrás o espaço é bom para 2 pessoas e razoável para 3, já que a parte central do assento é mais curta e não oferece a mesma acomodação para as costas, graças ao apoio de braço retrátil. O problema vai surgir, porém, se o motorista for mais alto e precisar recuar o banco dianteiro ao máximo. Neste caso, o espaço para as pernas fica bastante limitado – isso, por causa do entreeixos somente maior que o da perua Jetta, com 2,61m. O portamalas, segundo a marca, comporta 512 litros e sua praticidade, sobre a qual falaremos mais tarde, merece destaque.
No mesmo nível do francês está o ix35. O entreeixos é um pouco maior, com 2,64m, mas ele é ligeiramente mais baixo (1,82m contra 1,84m do 3008) e o perfil de SUV não faz milagres. Na frente, o espaço é praticamente o mesmo disponível no francês, mas com ligeira diferença na posição de dirigir: a do Peugeot lembra mais a de uma minivan, enquanto a do Hyundai lembra a de um sedã. E neste, apesar de só haver ajuste de altura na coluna de direção, é fácil se acomodar ao volante. No banco traseiro encontra-se ótimo espaço para a cabeça e para os ombros, mas, outra vez, quem vai no meio perde um pouco em conforto. E o bom portamalas acomoda 465 litros (dados de fábrica), o que é mais que suficiente para a bagagem da família, mas por ser um carro alto o vão fica um pouco distante do solo.
O menor dos modelos aqui é a Jetta Variant. Ser uma perua não ajuda muito, principalmente porque ela deriva diretamente de um sedá médio. O portamalas, de acordo com a VW, comporta 505 litros e é maior que o do 3008 e do ix35, mas os passageiros passam aperto. O entreeixos de 2,57m, o teto baixo e a menor largura impedem o melhor aproveitamento do espaço interno. Os bancos dianteiros acomodam bem e a posição de dirigir é ótima, auxiliada pelo ajuste de altura e distância do volante, mais os ajustes manuais de altura e distância do banco do motorista, e lombar elétrico. Mas o espaço para os ombros e para a cabeça é bem menor, e atrás, esqueça do conforto se você ou os passageiros da frente forem “maiores”.
Já o C4 Picasso dá um banho na concorrência quando o assunto é espaço. Ser uma minivan aqui é uma imensa vantagem: os 2,72m de entreeixos e a cabine alta e larga proporcionam conforto em todas as dimensões para quem vai na frente ou nos 3 assentos atrás. Os bancos dianteiros, aliás, acomodam muito bem e a posição de dirigir, mesmo alta como em toda minivan, é agradável (o volante tem ajuste de altura e distância) e transmite segurança. Atrás, os assentos são um pouco curtos, mas há a vantagem da inclinação dos bancos traseiros, que proporciona conforto em viagens, bem como espaço de sobra para cabeça, ombros e pernas. E o portamalas de 490 litros (dados da Citroën), ligeiramente menor que o da VW, pode ter sua capacidade aumentada se os bancos traseiros forem recuados. Neste caso, o espaço disponível passa a ser de imensos 597 litros.
Não adianta oferecer espaço se este não puder ser bem aproveitado. A perua da VW, neste caso, sai perdendo outra vez. A ergonomia é muito boa, com todos os comandos à mão, ótima pega do volante e, como já foi dito, excelente posição de dirigir. Os bancos traseiros são divididos em 60/40 e podem ser totalmente rebatidos. Mas os porta-objetos se resumem a um nicho abaixo dos controles do ar condicionado e outro (pequeno) com tampa corrediça ao lado da alavanca do freio, mais um nicho em cada uma das portas e o portaluvas. Para auxiliar o (ou a) motorista nas manobras, ela oferece sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, mais o rebaixamento automático do retrovisor direito ao engatar a ré. Opcionalmente a VW pode vir com o Park Assist, câmera traseira acionada com a ré e com visor no retrovisor interno.
Sistema semelhante de auxílio às manobras está presente no SUV coreano, com exceção dos sensores dianteiros. A ergonomia também é ótima e há mais e maiores porta-objetos que no VW – os das portas são bem maiores (inclusive traseiras), porque acomodam garrafas, bem como o portaluvas. Há ainda um grande nicho com tampa entre os bancos dianteiros (na verdade, o maior dos porta-objetos). Os bancos traseiros podem ser rebatidos em 60/40 ou totalmente, elevando a capacidade do portamalas.
Já a minivan da Citroën é a melhor para quem precisa levar tralhas. São inúmeros porta-objetos: 2 no topo do painel (um em cada lado do mostrador digital), um grande portaluvas, um compartimento refrigerado abaixo dos controles do ar condicionado, nichos no assoalho traseiro, no portamalas e no console entre os bancos dianteiros (que contam com mesinhas para os ocupantes de trás), além de um carrinho de compras e uma lanterna no portamalas. A ergonomia é muito boa e para o banco traseiro há difusores do ar condicionado e um espelho convexo de monitoramento de crianças. Os mesmos bancos podem ser rebatidos totalmente e de forma independente. E para facilitar as manobras, há um sistema que mede o tamanho das vagas e avisa ao condutor se é fácil, difícil ou impossível estacionar. O freio de mão é elétrico.
O crossover francês apresenta algumas inovações quanto à funcionalidade. O console central totalmente envolvente torna a ergonomia praticamente perfeita. A ausência da alavanca de freio de mão se justifica pelo sistema elétrico, que segura o carro assim que ele é desligado ou quando o botão é apertado. Para desligá-lo, basta acelerar. Ao dar a partida, um visor de policarbonato surge no alto do painel e informa sobre a velocidade média ou selecionada no piloto automático, tornando a dirigibilidade mais segura. Há nichos nas portas e no assoalho do banco traseiro, além do portaluvas de boa capacidade e do bom porta-objetos entre os bancos dianteiros – que conta também com saídas de ar condicionado para o banco traseiro. Mas a maior surpresa está no portamalas, que tem assoalho ajustável em 3 níveis, uma lanterna embutida e recarregável e tampa dividida, que pode abrir só para cima, no caso de volumes menores ou mais leves, ou em 2 partes, com a seção inferior formando uma rampa. O banco traseiro pode ser rebatido em 1/3, 2/3 ou totalmente.
Aqui não há modelos com motores flexíveis e cada modelo apresenta soluções tecnológicas diferentes para obter potência e torque. O menos potente é o C4 Picasso, cujo motor 2.0 16v com bloco de ferro fundido e cabeçote de alumínio gera 143 cv a 6.000 rpm e 20,4 kgfm a 4.000 rpm. Mas mesmo com menor potência e câmbio automático de 4 marchas ela vai bem, acelerando de 0 a 100 km/h em 12,5 segundos e retomando velocidade de 80 a 120 km/h em 9,2 segundos, com o câmbio em drive. Sua média de consumo, entre cidade e estrada, é de 8,4 km/l de gasolina.
O seguinte no ranking de potência é o 3008, cujo motor evidencia a tendência de downsizing atual. São 156 cv de potência a 6.000 rpm e bons 24,5 kgfm a 1.400 rpm (!), gerados por um motor 1.6 16v turbinado com bloco e cabeçote em alumínio, além de duplo comando de válvulas com abertura variável e câmbio automático de 6 marchas com possibilidade de trocas manuais. No trânsito da cidade ele acelera muito bem, parecendo ter um motor de cilindrada superior. A marca garante a aceleração de 0 a 100 em 9,5 segundos, sem divulgar dados de retomada de velocidade. Mas o bom torque, disponível em ampla faixa de giros, torna essa informação bem consistente e faz prever retomadas seguras. Também não há dados de consumo, mas espera-se que o motor pequeno garanta um consumo menor que o usualmente visto em carros deste porte.
O ix35 oferece mais potência para o consumidor, mas menos torque. O motor 2.0 16v com duplo comando e abertura variável de válvulas gera 166 cv a 6.200 rpm e 20,1 kgfm a 4.600 rpm. Na versão mais em conta o câmbio é mecânico e o desempenho é bom. Mas com o câmbio automático de 6 marchas é preciso pisar fundo para tirá-lo da imobilidade. Sua aceleração, ainda que satisfatória e dentro da média do segmento, é a pior deste comparativo: 0 a 100 km/h em 12,9 segundos. Já a retomada de 80 a 120 km/h se igualou à da Citroën, em 9,2 segundos. Seu consumo médio fica em torno de 8 km/l.
O motor da Jetta Variant é um 2.5 20v, com 5 cilindros e comando duplo de válvulas no cabeçote, que gera 170 cv a 5.700 rpm e os mesmos 24,5 kgfm de torque do Peugeot, mas a 4.250 rpm. A aceleração aferida da perua é a menor deste comparativo: ela alcança os 100 km/h a partir da imobilidade em 10,7 segundos. Mas na retomada de 80 a 120 km/h ela perde do SUV e da minivan, cumprindo a prova em 11,2 segundos. Mesmo assim, o câmbio Tiptronic seqüencial de 6 marchas cuida de realizar as trocas no tempo exato e de forma absolutamente suave, passando uma sensação de agilidade superior – que é reforçada pelo menor tamanho da perua. E no consumo ela surpreende: mesmo com toda essa cavalaria, a perua da VW consegue a boa média de 9,1 km/l, alternando cidade e estrada.
Segurança
A Jetta e o 3008 têm 6 airbags: frontais com duplo estágio, laterais nos bancos e de cortina – esses envolvendo as janelas dianteiras e traseiras, o que faz a Peugeot afirmar serem 8. A C4 Picasso adiciona um airbag para os joelhos do motorista, totalizando 7. Já o ix35 só traz 2 airbags até a versão top, onde só então são adicionados outros 4. Quanto à estabilidade, a ótima suspensão da perua da VW (McPherson na dianteira e multibraço na traseira) aumenta ainda mais a sensação de segurança e confere à perua uma estabilidade exemplar. O SUV da Hyundai tem estabilidade próxima à de um sedã, auxiliado pelos pneus largos e pela suspensão firme. Em seguida vem o crossover da Peugeot, cujo sistema de controle de rolagem da carroceria o faz permanecer firme mesmo em curvas mais fechadas. E a minivan da Citroën, apesar de ter uma suspensão firme o suficiente para não provocar insegurança, é mais voltada para o conforto e aderna mais que os outros em curvas.
Todos contam ainda com o sistema Isofix de fixação de cadeirinhas de bebê no banco traseiro. C4 Picasso, ix35 e Jetta têm volantes multifuncionais, com comandos de som e do piloto automático no volante, que ajudam a manter a atenção na estrada. O 3008 não tem volante multifuncional, mas os controles do som estão na coluna de direção e ele traz o já citado head-up display, que ajuda o motorista a não desviar seu foco da via.
Custo x benefício
A Jetta Variant tem tudo de que o motorista pode gostar: desempenho, segurança, estabilidade e itens de conforto. De série, além de tudo o que já foi citado, ela traz mimos como revestimento em couro, ar digital, bancos com aquecimento (dianteiros) e CD player com MP3 e tela touch-screen. Mas ela cobra caro por isso: na concessionária Alta VW da Rua Vergueiro, em SP, são R$ 85.990,00 pelo modelo “de entrada”. Adicione conexão para iPod no portaluvas, troca de marchas no volante, faróis bi-xenon, sensores crepuscular e de chuva, Park-Assist e teto solar panorâmico, e o preço irá ultrapassar os R$ 100 mil reais.
O ix35 também é caro. Seu preço inicial na concessionária Hyundai CAOA da Av. Ricardo Jafet, SP, é de R$ 88.000,00, com câmbio mecânico, ar analógico e CD player para 6 discos com MP3 e entradas USB e para iPod. O câmbio automático e o computador de bordo adicionam R$ 5.000,00 à conta. Com o sistema keyless, o ar condicionado digital dualzone, o piloto automático, os bancos em couro com ajuste elétrico para o motorista e o sensor de estacionamento, o preço sobe para R$ 105.000,00. A tração 4x4 vem a seguir, elevando o valor do carro para R$ 110.000,00. E o mais estranho é que a versão de topo não tem tração integral, mas traz teto solar panorâmico, 6 airbags, câmera de ré e controle de estabilidade por estratosféricos R$ 115.000,00.
O C4 Picasso vem sempre completo e só há um opcional: ar condicionado quadrizone. Não há revestimento de couro nem como opcional porque, segundo a marca, isso prejudicaria o funcionamento dos airbags laterais. Normalmente, ele traz ar dualzone com perfumador de ambiente, computador de bordo, CD com MP3, volante com comandos centrais fixos, faróis com regulagem de altura e sensor crepuscular. O preço declarado do modelo na Saint Etienne, loja no Ipiranga, em SP, é de R$ 85.000,00. Mas segundo o vendedor, a negociação pode gerar um desconto de mais de R$ 7 mil reais, abaixando seu valor para até R$ 77.900,00.
O 3008, como o modelo da Hyundai, aproveita o bom momento como novidade. Na concessionária Super France, na Av. Ricardo Jafet, o preço começa em R$ 79.900,00 e esta versão traz ar digital dualzone, CD player com MP3 e entrada USB, computador de bordo e sensores de estacionamento. Com revestimento em couro, teto panorâmico em vidro, sensores crepuscular e de chuva, bancos dianteiros com aquecimento e persianas no vidro traseiro, o preço sobe para R$ 90.000,00.
Há muito equilíbrio entre os modelos. Todos atendem perfeitamente às famílias, entregando tudo o que se espera deles, mas continuam fiéis aos seus perfis. O Hyundai ix35 deixaria o filho – ou quem gosta de design – bem feliz. Quem procura conforto (a filha) tem no Peugeot 3008 uma ótima opção. As mães se deleitariam com o Citroën C4 Picasso, que agrada a quem busca praticidade. Desempenho, por sua vez, é com a VW Jetta Variant, que certamente vai deixar os pais com um grande sorriso no rosto. E a vovó, ainda que não viajasse tão bem acomodada em todos, teria espaço para suas bugigangas em qualquer um deles.
Nota: No teste da edição 612 da revista Quatro Rodas (dezembro/2010), que foi para as bancas depois da postagem desta matéria, o Peugeot 3008 obteve os seguintes dados de desempenho e consumo: 0 a 100 km/h: 9,8 s; retomada de 80 a 120 km/h: 6,6 s; consumo na cidade: 10,9 km/l; consumo na estrada: 15,9 km/l.
80 a 120 de jetta em 11,2 segundos? desculpe, mas um erro como esse nao deveria constar numa reportagem como essas
ResponderExcluirSim, 11,2 segundos. Não há erro algum aqui. Estamos falando de um JETTA VARIANT 2.5 5 CILINDROS, com 170 cv, não de um Jetta sedã 2.0 8v ou um TSI 2.0 16v turbo. Confira por si mesmo os dados de desempenho aferidos pela revista Quatro Rodas:
Excluirhttp://quatrorodas.abril.com.br/carros/testes/conteudo_277950.shtml
desempenho com economia, garante ao 3008 sucesso. o mod ix35 com linhas vicadas não terá sobrevida, logo enjoará, como tudo que está na moda, olha o irmão i10, que em uno de vida +- atualizou o modelito. as linas do c4 e do jetta perdurarão por muitos anos. opção pelo conjunto do 3008, que alem de tudo é lindo por fora
ResponderExcluirJá li muito sobre o 3008 e comparei-o com diversos, ele é fantástico.
ExcluirEsta sua opinião sobre o modelo dos diversos, fechou o conceito do 3008
Sem dúvida o 3008 é muito superior em tecnologia embarcada, apesar que o designer não é essas coisas.
ResponderExcluir